Com Cauã Reymond “ao extremo”, “Dois Irmãos” abriu o ano da Globo com o pé direito


(Foto: Reprodução/TV Globo)
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A Globo exibiu nesta sexta-feira (20), o último capítulo de “Dois Irmãos”, minissérie baseada na obra homônima de Milton Hatoum. A atração, adaptada por Maria Camargo, esteve um bom tempo na geladeira da emissora. A demora para ir ao ar foi em virtude da escalação do diretor Luiz Fernando Carvalho para “Velho Chico”, impossibilitando-o do trabalho de finalização da trama.

A fotografia contemplativa que sempre acompanha o conceito de produção de Luiz Fernando pode ser avaliada aos dois extremos, sem meio termo: ou você ama ou você detesta. Em “Velho Chico”, por exemplo, ela foi apontada por muitos como “imprópria” para uma novela do horário, e um dos motivos para a baixa audiência do folhetim. Um amigo cineasta, que trabalha no exterior, quando esteve de passagem pelo Brasil, endossou o grupo dos que detestaram. “Quem teve a brilhante ideia de colocar um filtro de Instagram como fotografia de uma novela?”, questionou, irônico. A paleta de cores de tons amarelados, oriunda de “Velho Chico” e também presente em “Dois Irmãos”, pode de fato ainda não ser o ideal. Mas no geral, a proposta do diretor nesse sentido, de valorizar os detalhes e buscar intensidade ou reflexão através de belos takes, merece ser enaltecida.

Por trás das câmeras, Luiz Fernando, aliás, foi seguramente um dos destaques de “Dois Irmãos”. É notável seu trabalho, junto com a equipe, no que diz respeito à direção de atores. Apesar de ser visto como uma figura bastante exigente nos bastidores, o diretor faz jus a isso. Assim como ocorreu em “Velho Chico”, Luiz Fernando conseguiu extrair o máximo de atores já consagrados e também apostar em boas revelações. Foi o caso de Matheus Abreu. Com apenas 19 anos, o ator fez sua estreia na TV e mostrou bastante desenvoltura, sendo responsável por interpretar, na fase jovem, e na medida certa, os gêmeos Omar e Yaqub, que possuem personalidades totalmente distintas. Conduziu muito bem a trama nos capítulos iniciais.

Os atores consagrados surpreenderam. Juliana Paes fez em “Dois Irmãos” talvez o seu melhor trabalho na televisão, interpretando a personagem Zana, uma mãe que tem relacionamentos distintos com os filhos gêmeos: Omar é amado e mimado ao extremo, enquanto que Yaqub aparece sempre distante. Eliane Giardini deu sequência ao papel com perfeição, incorporando todos os traços apresentados por Juliana na fase anterior. Irandhir Ribeiro foi outro que teve uma leitura precisa de Nael, seu personagem, que foi interpretado por Ryan Soares na fase anterior – um garoto tímido, que observa mais do que fala e se expressa muito através dos olhos. Irandhir também foi o responsável por narrar à trama, e obteve grande êxito. Trata-se, sem dúvida, de um dos melhores atores do casting atual da Globo e da nova geração.

imagem2Havia certa expectativa em torno da estreia de Bárbara Evans como atriz. E foi bastante frustrante. Na telinha, a modelo, interpretando a personagem Lívia, apareceu como uma espécie de “figurante de luxo”. Depois de uma sequência quente com Cauã Reymond, a filha de Monique Evans teve pouco espaço na trama e raros diálogos, deixando a impressão de que a produção estava realmente interessada em seus atributos físicos e não tentando desvendar seu talento como atriz. Fica para a próxima.

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O grande destaque de “Dois Irmãos” foi Cauã Reymond. O ator, apesar de ser um dos mais requisitados para produções na Globo, sempre apresentou um pouco de deficiência em suas interpretações; limitado e inexpressivo. A minissérie, no entanto, mostrou outra “face” de Cauã. O ator literalmente se jogou de cabeça na trama. Apesar de ainda ter apresentado traços de limitação quando surgia como o gêmeo Yaqub (“o introvertido”), Cauã ia ao extremo sempre que aparecia como Omar (“o problemático). A cada cena, parecia querer provar aonde pode chegar. A trama trouxe um Cauã “ao extremo”, em cenas fortes de conflitos. O caso do ator pode ser comparado, inclusive, com o de Grazi Massafera, que sempre contou com papéis de “mocinhas bobocas” – como chegou a definir uma vez o autor Aguinaldo Silva — , mas quando teve a chance de viver um personagem mais intenso, não decepcionou. É mais uma prova de que papéis do gênero valorizam muito e redescobrem atores.

Talvez o único problema de “Dois Irmãos” tenha sido a “falta de fôlego”. Se os quatro primeiro episódios foram dos mais interessantes, os posteriores, com a algumas exceções, foram um tanto maçantes. Curiosamente, a queda de rendimento apareceu justamente após a saída de Matheus e a entrada de Cauã na trama. Mas definitivamente, não houve problemas no quesito interpretação, tratando-se apenas de uma deficiência de roteiro.

Apesar do problema de ritmo, “Dois Irmãos” chegou ao fim com um saldo positivo. A minissérie acabou oferecendo muitos recursos para a Globo, inclusive o ator Matheus Abreu, que já foi escalado para ser um dos protagonistas da nova temporada de “Malhação”, e é apontado como o “novo Cauã Reymond”. Só vamos torcer para que não seja o velho Cauã limitado, e sim o “Cauã de Dois Irmãos”.

Nota: 8.5 / 10

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Formado em jornalismo, fui um dos principais jornalistas do TV Foco, no qual permaneci por longos anos cobrindo celebridades, TV, análises e tudo que rola no mundo da TV. Amo me apaixonar e acompanhar tudo que rola dentro e fora da telinha e levar ao público tudo em detalhes com bastante credibilidade e forte apuração jornalística.