Em defesa das “barrigas” nas novelas


Romero (Alexandre Nero) (Foto: Globo/João Miguel Júnior)
Romero (Alexandre Nero) (Foto: Globo/João Miguel Júnior)
Globo exige em suas novelas, como “A Regra do Jogo”, uma pressa exacerbada em contar a história (Foto: Globo/João Miguel Júnior)

Vocês devem estar estranhando a razão desse texto, já que diversos críticos da TV acreditam que as “barrigas” são um “inimigo a ser combatido” em se tratando de novelas. Mas eu já chego lá. Inicialmente explico o que é a tal “barriga”: é a parte da trama em que os acontecimentos apresentados não fazem grande diferença na linha principal da história.

Posto isto, exponho porque sou a favor das barrigas. Alguém colocou na cabeça dos diretores da TV, principalmente da Rede Globo, que as novelas teriam que ser extremamente ágeis, pois o público de hoje em dia supostamente iria querer isto devido ao “ritmo moderno”.

Dessa forma, surgem tramas que precisam apresentar em todos os capítulos grandes acontecimentos, como brigas, tiroteios, perseguições de carro, assassinatos, transformando tais fatos extremos nas situações mais banais do mundo.

No entanto, essa história de novela ágil é um ledo engano. Os diretores que pensam assim estão vendo a novela somente como um produto de roteiro. No entanto, acima disso, as novelas são verdadeiros fenômenos sociais do nosso país.

As donas de casa, quando assistem uma novela, não estão somente acompanhando uma história. Entre elas, há toda uma análise feminina da produção da trama e do “universo” apresentado. Dessa forma, mais do que o enredo, veem questões como: “Olha que bonita a decoração dessa casa”, ou “Que vestido bonito o dessa personagem”, ou até mesmo “Eu conheço uma pessoa que age exatamente desse jeito!”. Sendo assim, o papel do autor é saber encaixar uma linha temporal que una todo esse “entorno” à história.

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É fato que o brasileiro, talvez não tanto hoje por incompetência dos diretores, mesmo que não esteja prestando a atenção na trama, gosta de manter a TV ligada na novela enquanto conversa com os amigos e, na falta de assunto, volta-se novamente a atenção para a novela.

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“Big Brother Brasil” (Foto: Reprodução)

O “Big Brother”, por exemplo, faz mais sucesso aqui no Brasil do que em outros países. A razão? O reality show se tornou, dessa maneira, a novela, que o brasileiro tanto gosta, da vida real. O público está mais interessado em ver como aqueles “personagens” se comportam, o que vestem e suas paixões, do que tramas complexas com perseguições de carro e assassinatos a todo instante. E, é claro, realitys não possuem roteiros complexos nem diálogos mirabolantes. O programa se torna, assim, um mecanismo das pessoas falarem mal da vida das outras, sem culpa.

Dessa forma, as barrigas foram vitais para o sucesso que as novelas fizeram em outros tempos, pois representam um respiro para o telespectador. Diferente de um filme, que necessita de uma tensão à todo instante, as novelas, pelo contrário, são um descanso e uma forma de interação social do público, que sempre comentou os acontecimentos das novelas, e continua fazendo isso, agora nas redes sociais. O ritmo alucinado que as novelas de hoje tem tido só reforçam a decadência nos números que temos observado nos últimos anos. Por isso, o público clama menos tensão e mais barriga, por favor!

Texto: Vinícius Carvalho

 As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não refletem a opinião do site TV Foco.

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