Na semana passada, a Globo lançou o ‘Lazinho Com Você’, programa que será comandado por Lázaro Ramos nas tardes de domingo.

O ator, que estreia como apresentador dominical em dezembro, falou sobre o programa e disse que a ideia teve que ser adiada por causa da série ‘Mister Brau’, a qual já protagonizou três temporadas ao lado da esposa, Taís Araújo. “Há três anos, na cara de pau apresentei um projeto de programa”, conta Lázaro Ramos, que ainda declarou que “o mundo mudou, e a maneira de consumir audiovisual não é mais a forma antiga”.

Como surgiu Lazinho Com Você?
Há três anos, na cara de pau e apresentei um projeto de programa. Queria ir para a rua encontrar pessoas, conhecer a história de vida delas. O Mister Brau apareceu e tivemos que adiar o projeto. Quando retornamos, juntou-se ao projeto o diretor Rafael Dragaud e, de cara, fez uma provocação importante: proximidade não se realiza apenas na rua. Hoje em dia, a comunicação é também através do mundo virtual. A gente decidiu, então, assumir isso e ver o que esse resultado podia produzir enquanto narrativa.

É uma nova forma de ver TV?
O mundo mudou, e a maneira de consumir audiovisual não é mais a forma antiga. Segunda tela já é um termo que está ficando para trás. As pessoas hoje veem o que elas quiserem no tempo que preferirem. A gente queria trazer essa percepção para a TV e criar uma experiência que é mais longa e se realiza em todos os lugares. É uma experiência que tem a ver com um programa de TV e também com a experiência da internet. Mas é, essencialmente, um projeto de aproximação, onde o humor e a inteligência do brasileiro são destaque. Aí, posto isso, a gente foi atrás de um monte de gente, que foi chegando à equipe e trazendo seus valores.

Que valores são esses?
São muitos. Somos uma equipe de cocriação, não só acolhendo as ideias e propostas do público, mas as nossas. Internamente também cocriamos. Nós criamos um manifesto, com 10 princípios, mas cito alguns aqui: conexão – a gente vê a TV como mais do que uma grande boca, que só fala as coisas, a TV pode ser também um ouvido; protagonismo – a gente acredita que todo mundo tem histórias interessantes para contar e pode ser um criador; e liberdade – não tem regra. A criatividade é solta e fluida.

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A gente sabe que temos um megafone com a gente, estando numa estrutura tão grande como a nossa. Por isso é tão importante ter cuidado ao propagar mensagens e queremos fazer bom uso disso. Eu sempre quis que tivessem mais vozes comigo e essas vozes agora vão começar a aparecer. Tenho certeza de que tem muitas vozes lindas por aí e ver isso começar a ser realizado está sendo uma alegria única. A gente quer que a emoção brote desses encontros que serão feitos na rede e na rua.

Entrevista com o diretor artístico, Rafael Dragaud
 
Como você define o conceito do programa?
É um programa de rua, de gente, sem cenário e tem o Lázaro como agente carismático, que é essa pessoa com um legado de valores que ele construiu ao longo da vida e da carreira e que todo mundo conhece. Ele é o ator, o apresentador, o escritor, e um pouco de todas suas possibilidades. A gente quer falar sobre a vida comum das pessoas, mas o processo de chegar a isso é uma provocação que a gente não sabe ainda exatamente onde vai dar. O que posso dizer é que não é um programa de auditório nem um talkshow, por exemplo. ‘Lazinho Com Você’ não é um programa de TV, não é uma plataforma, nem um meme numa rede social. Ele é tudo isso, que estamos chamando de experiência. A gente não quer um programa sobre tecnologia, a gente quer um programa sobre pessoas. Estamos trilhando o caminho da digitalidade pra chegar na humanidade.

Qual o papel da plataforma digital?
A plataforma digital é, na verdade o site www.lazinhocomvoce.com.br. Ela é uma das fases da experiência que é ‘Lazinho Com Você’. A plataforma é aberta a todo o público e lá a gente vai mostrar um pouco da proposta do programa, entender como colaborar e como os materiais podem ser aproveitados e reaproveitados na rede e na TV. Basicamente vamos criar desafios criativos para incentivar as pessoas a levarem para lá o humor, o talento e a criatividade do brasileiro, seja com textos, imagens, experimentações e sugestões dos mais variados tipos: depoimentos, letras, músicas, ilustrações, imagens, clipes, memes… É uma grande rede criativa online, incentivando não só a postar conteúdos originais, mas também a remixá-los em coisas novas.

Como surgem os temas do programa?
Nós teremos perguntas que são disparadores de conversas. São perguntas despretensiosas, que servem só para puxar um papo e, no meio disso, conhecer o humor, o talento e a criatividade do brasileiro, que está tão exuberante na internet. São olhares únicos que se completam na multidão e transformam o trivial em genial. O Brasil de hoje está muito mais nas perguntas do que nas respostas. A gente está precisando muito mais escutar as pessoas do que falar. Numa época de opiniões e discussões ferrenhas de amor e ódio, a gente acredita que é preciso dialogar para formar uma rede, e que não há polarização quando trabalhamos juntos.

Entrevista com o redator-final Elísio Lopes
 
O que é mais legal e mais desafiador de criar um roteiro a partir do inesperado?
O mais legal é que tudo é início e nada tem fim! A gente não sabe o que vem. A ideia é o Lázaro ir para as ruas gravar o programa já tendo material, trilha, música, coreografia, roteiro, tudo o que surgir dessa plataforma. A surpresa vai estar no que vamos encontrar e escutar com cada provocação. Não queremos dar fórmulas fechadas, mas provocações que inspirem conversas. A gente vai provocando as pessoas nas redes e na plataforma, dentro de linguagens específicas, para que elas reajam a partir da ideia que tiveram com a pergunta que lançamos ali. A experiência da internet segue acontecendo antes, durante e depois do programa na TV.

Como lidar, por exemplo, com a diversidade, que é um tema tão pertinente à internet, mas que ainda encontra tabus na TV?
Tem uma diversidade que nos une e uma adversidade que nos une também. A gente quer mostrar que ninguém é invisível e não importa se somos diferentes. É nas diferenças que os encontros acontecem. Mas a gente não está aqui para tratar de estereótipos, nem a diversidade é o ponto central de tudo isso. Nosso ponto central é a coletividade, estamos abertos ao que vier, e todo mundo é bem vindo. Não é um programa feito para levantar nem negar bandeiras.

Tem algum assunto proibido?
Não tem tema proibido, mas a gente quer que sejam assuntos para todas as idades e todas as classes. Na TV, o programa vai ao ar nas tardes de domingo, quando as famílias estão reunidas, então queremos que essas conversas sejam intergeracionais. Isso pode delimitar os enfoques do programa, mas não as formas. A gente quer misturar pessoas e queremos ser também um ponto de convergência. O maior desafio dessa equipe é promover o diálogo. As pessoas estão precisando ser ouvidas, e Lázaro é um cara que é muito da conversa. Estamos em um processo de aprendizado, construindo diariamente.

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