O Outro Lado do Paraíso causa nova polêmica e é considerada “narrativa preconceituosa”


Adriana (Júlia Dalavia) em cena de O Outro Lado do Paraíso (Foto: Globo/Raquel Cunha)
Adriana (Júlia Dalavia) em cena de O Outro Lado do Paraíso (Foto: Globo/Raquel Cunha)
Adriana (Júlia Dalavia) em cena de O Outro Lado do Paraíso
(Foto: Globo/Raquel Cunha)

Novela das nove da Globo, O Outro Lado do Paraíso se envolveu em uma nova polêmica após falar sobre transplante de órgãos no caso de Adriana, personagem interpretada por Julia Dalavia. O folhetim foi alvo de críticas pela forma em que conduziu o assunto.

A trama escrita por Walcyr Carrasco e, consequentemente o autor, foram criticados pela Associação Brasileira de Transplantados (ABTx), em uma “nota de esclarecimento” que diz que O Outro Lado do Paraíso “descaracteriza o processo de transplante de órgãos” e que classificou a narrativa da novela como “estigmatizante e preconceituosa”.

“Na novela, uma personagem precisa de um transplante renal e sua família toma ações, na ficção, relativas ao processo de transplante de órgãos completamente irreal e inadequado”, diz o texto, se referindo ao episódio em que Beth (Gloria Pires) vai à casa de uma família em que tem uma moça que está à beira da morte no hospital para pedir doação para Adriana (Julia Dalavia).

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A nota ainda afirma que “as telenovelas da Rede Globo são consagradas” e cita De Corpo e Alma, Em Família e Totalmente Demais como tramas que “abordaram o tema de transplante e doação de órgãos de maneira positiva”.

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TV Foco procurou a Globo para comentar a polêmica, mas a emissora não se posicionou até o fechamento deste texto.

Confira a nota na íntegra:
“Devido à grande repercussão negativa alcançada por diversas cenas exibidas na novela ‘O Outro Lado do Paraíso’, produzida e veiculada pela Rede Globo, a Associação Brasileira de Transplantados – ABTx vem a público esclarecer e manifestar-se acerca de diversos capítulos do folhetim.

Assinado pelo escritor Walcyr Carrasco, a novela apresenta narrativa estigmatizante e preconceituosa no que concerne ao processo de Transplante de Órgãos no Brasil (1).

Na novela, uma personagem precisa de um transplante renal e sua família toma ações, na ficção, relativas ao processo de transplante de órgãos completamente irreal e inadequado.

A personagem da mãe da paciente entra em contato diretamente com uma possível família doadora, fato que não ocorre. Todos os pacientes que necessitam de transplante, e não contam com a possibilidade do transplante de um órgão de doador vivo, entram na fila de espera de doação de órgãos no país, conforme normativa do Ministério da Saúde (2). Adicionalmente, toda a abordagem familiar é feita por profissionais treinados e capacitados que conhecem o processo da morte encefálica e da doação (3).

Em outro momento, abordam na ficção que a doação dos órgãos desfigura o corpo e altera sua aparência na urna funerária. Os órgãos doados são removidos cirurgicamente por equipes capacitadas, após o diagnóstico de morte encefálica e autorização da família do doador (3).

Em 2017 a fila de espera de doação de órgãos no Brasil era de 34.384 pessoas, que aguardavam um rim, fígado, coração, pulmão, pâncreas ou córneas. Entre estas pessoas, 833 eram crianças. No primeiro trimestre de 2017, 8.283 pessoas entraram na lista de espera, destes 298 eram crianças. Infelizmente 706 não conseguiram um órgão e morreram na fila.

No Brasil em 2017, houve 2.616 notificações de potenciais doadores para a coordenadoria de transplante. A coordenadoria de transplante entrevistou 1.580 famílias, 43% das famílias entrevistadas recusaram a permissão para doação (4).

Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o tempo de espera pelo transplante depende do órgão e pode chegar a ser de até 3 anos (4). A idade também não é um fator impeditivo para a doação, tanto para quem vai receber quanto para o doador, respeitando os critérios de transplante de cada órgão (3).

São inúmeros os desafios para as pessoas que estão na fila de espera por um órgão, que irá devolver sua condição de saúde plena. A falta de entendimento e de conscientização da população brasileira sobre o que é a doação de órgãos, a morte cerebral e o sistema de transplantes ainda é baixa. Em 2017 a taxa de doadores efetivos foi de 15,9 por milhão de habitantes (4), taxa inferior a outros países como a Espanha (43,4/milhão de habitantes), Estados Unidos (28,2/milhão de habitantes) e França (28,1/milhão de habitantes). Desta forma destaca-se, que no Brasil, apesar de muitos esforços das várias instituições que apoiam e divulgam a importância do transplante e da doação de órgãos, o desconhecimento ainda é abissal.

As telenovelas da Rede Globo, são consagradas não apenas no âmbito nacional, são produtos de exportação. ‘De Corpo e Alma’, ‘Em Família’, ‘Totalmente Demais’ foram algumas das telenovelas que abordaram o tema de transplante e doação de órgãos de maneira positiva, aumentando o número de doações e transplantes no período da veiculação.

Temas críticos, que mexem com o imaginário popular devem ser tratados de maneira séria, para não gerar mais preconceitos.

Portanto, tendo em vista o poder que esta mídia possui ao penetrar em milhares de domicílios no Brasil e o enredo muitas vezes fazer parte das discussões entre familiares e amigos, a ABTx manifesta a sua discordância sobre a forma como o tema de transplante e doação de órgãos foi abordada na trama da ‘O Outro Lado do Paraíso’ e se coloca à disposição para prestar apoio e esclarecimentos quando este tema vier a ser abordado em outras novelas ou matérias veiculadas pela Rede Globo. .

A doação de órgãos e tecidos salvam vidas”.

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Formado em jornalismo, foi um dos principais jornalistas do TV Foco, no qual permaneci por longos anos cobrindo celebridades, TV, análises e tudo que rola no mundo da TV. Amo me apaixonar e acompanhar tudo que rola dentro e fora da telinha e levar ao público tudo em detalhes com bastante credibilidade e forte apuração jornalística.