A Fazenda ― Nova Chance chegou ao fim nesta quinta-feira (07) coroando Flávia Viana como a grande campeã, e com direito a recorde histórico: mais de 65 milhões de votos.
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A temporada esteve longe de ser considerada a melhor. Apesar da expectativa em torno da experiência de se realizar uma edição apenas com ex-participantes de realities, os peões decepcionaram ao apresentar perfis diplomáticos e apáticos, especialmente no início do programa, que trouxe desde já uma disputa polarizada entre Flávia e Marcos Hater. Mas diante da rejeição ao ex-BBB e do perfil de “fórmula pronta” que Flávia possuía para ser campeã ― levando em conta os últimos vencedores ―, o resultado já se tornava óbvio há muito tempo. A emissora da Barra Funda bem que tentou, e até conseguiu, potencializar a rivalidade entre os dois como forma de chamariz para o programa, promovendo roças triplas na reta final para evitar a eliminação precoce do Marcos, e ocultando as parciais que poderiam revelar a dimensão das torcidas.
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Apesar de ter alcançado a vice-liderança e registrado bons índices, principalmente nos dias de provas do Fazendeiro, que cabe elogios pela elaboração e tensão promovida, Nova chance foi a pior audiência da história de A Fazenda. Mas com a vitória óbvia da Flávia e a rejeição ao Marcos, o que justifica uma votação recorde e que em muitos momentos chegou a ficar apertada entre os dois? A disputa em si entre Flávia e Marcos foi além de uma rivalidade intensa de reality, e teve muitos elementos de curiosidade envolvendo o público e até artistas que chegaram a promover mutirões a favor dos dois participantes.
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Boa parte do público que acompanha realities deste gênero, especialmente os ligado à patrulha das redes sociais, demonstram uma passionalidade e histeria semelhante a de torcidas de futebol. E essa passionalidade faz com que os argumentos que justifiquem sua paixão ou perseguição a um participante tornem-se muitas vezes sem fundamento. Eles simplesmente são contra ou a favor, sem embasamento, e por vezes, com uma intensidade que assusta. É quase uma questão instintiva.
Analisando boa parte dos internautas que puxaram torcida e manifestaram todo o seu ódio contra o Marcos nas redes sociais, é possível identificar aqueles que também possuem simpatia por outros participantes polêmicos de realities, como a Ana Paula do BBB16. A mineira teve implicâncias com muitos participantes do reality global, demonstrava arrogância, falava tudo o que pensava sobre todos e acabou expulsa por agressão. Mas ao contrário do cirurgião plástico, foi exaltada por essa torcida nas redes sociais. Teve destaque na programação da Globo, virou repórter do Vídeo Show, pode ganhar um programa solo em outra emissora, e está longe de ficar marcada pelos tapas que deu no rosto do seu colega de confinamento. Marcos apresentou essas mesmas características no BBB17 e na Fazenda, mas ainda é marcado e perseguido pela agressão à Emilly.
Se estendendo por esse caso de incoerência, podemos analisar uma situação que ocorreu na própria Fazenda, nesta atual temporada. Muitos internautas que justificavam o seu ódio contra Marcos com a agressão que ele provocou no reality global, vibraram com a atitude de Monick Camargo, que cuspiu no rosto do cirurgião durante uma discussão, em outra atitude agressiva. No fim das contas, nenhum dos participantes ficou com a razão. O fato é que chega a ser curioso o público pegar no pé de alguém por apresentar determinadas atitudes, mas exaltar outros pelo mesmo motivo. É claro que a personalidade vale muito e pode fazer a diferença. Ana Paula, por exemplo, apesar dos defeitos pessoais, era classificada como a “vilã carismática”. Já Marcos, tinha um perfil sério, estrategista, e mesmo sendo exageradamente sincero e transparente, se expressava mal, de modo intimidador e até agressivo, o que pode ter provocado toda essa antipatia com a maioria do público.
A rivalidade entre Marcos e Flávia chegou a ganhar viés de disputa política e ideológica, se encaixando no momento aflorado que vive o Brasil em relação a esses temas. Alguns artistas que hoje se posicionam como militantes de “direita”, saíram em defesa de Marcos pela transparência que mostrou no reality e por avaliar como injusta a maneira como o cirurgião vinha sendo julgado e perseguido. Já aqueles que se posicionam ou se identificam como de “esquerda”, faziam questão de combater esse outro lado e ressaltar que um “agressor” não poderia jamais vencer um programa desse gênero com a maior preferência do público. O resultado do embate também representaria para esses grupos uma espécie de vitória social. Não há dúvidas de que essa questão impulsionou a votação recorde da final.
Para muitos, a justiça foi feita, utilizando a famosa frase “os agressores não passarão”. Para outros, houve mais uma vitória do “falso moralismo” de parte da sociedade, onde Marcos continua sendo mal compreendido por ser sincero, e perseguido de maneira “injusta” e “hipócrita”. A Record, que de forma direta não tem nada a ver com isso, assistiu toda a batalha de “camarote” e agradeceu pelos resultados conquistados.
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