Panorama atual das emissoras – Parte 3: Globo


(Foto: Divulgação)
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Chegamos à última parte da série especial que analisa o atual momento das três principais emissoras do país. Na primeira edição abordamos o cenário atual do SBT (clique aqui e leia); na segunda parte, a Record (clique aqui e leia). E encerrando a série, vamos traçar um panorama atual da Globo.

Principal emissora do país, e considerada a segunda maior do planeta — atrás apenas da americana ABC — , a Globo é um daqueles casos em que o resultado justifica inteiramente o trabalho realizado. Para uma emissora de TV, o que gera bons resultados? Um grande volume de produções de qualidade. A explicação pode resumir o conceito atual da Globo.

Ao contrário da Record e SBT, a emissora carioca conta com uma gestão e estrutura quase impecável. Para exemplo de comparação sobre fluidez de produção, atrações de valorização mínima na Globo, como o “Zorra” e o “Tá no Ar”, tem uma variedade de cenários e caracterização que pode até mesmo superar as principais produções dramatúrgicas da Record e SBT, que geram uma grande mobilização e cuidado de profissionais. No ano passado, por exemplo, o “Tá no Ar” chegou a contabilizar 300 cenários em apenas 12 episódios. Não se trata de uma comparação em termos gerais de qualidade de produções, apenas uma ilustração do poder de investimento da Globo mesmo em produções de pouca relevância na emissora.

O número de produções próprias em si também chega a ser incomparável. Séries e minisséries à parte, enquanto que a Record se esforça para manter duas faixas de novelas inéditas e o SBT investe em reprises, a Globo chega a contar com até cinco folhetins inéditos no ar (“Malhação”, novela das 18h, das 19h, das 21h e 23h).

E por falar em novelas, vamos começar pelo departamento que é o principal carro-chefe da Globo: a teledramaturgia. No início de 2014, o diretor-geral Carlos Henrique Schroder criou uma espécie de fórum de dramaturgia, junto com outros quatro, direcionados para departamentos distintos, e que têm a função de selecionar e propor melhorias as produções que vão ao ar na emissora. Atualmente, o fórum de dramaturgia é liderado pelo (ex) autor Silvio de Abreu. O trabalho realizado pelo grupo, em termos criativos, é questionável. Isso porque, apesar de contar com uma boa estrutura e vasta experiência em produções do gênero, as novelas da Globo, nos últimos anos, vivem momentos de altos e baixos. Ao mesmo tempo em que surgem sucessos como “Império” (2014) e “Êta Mundo Bom” (2016), aparecem fracassos como “Babilônia” (2015) e “Sol Nascente” (no ar). Um fato curioso é que das novelas de sucesso citadas, ambas utilizaram fórmulas folhetinescas tradicionais, enquanto que as outras fugiram e fogem delas. Isso levanta uma questão, citada, inclusive, pelo autor Aguinaldo Silva há pouco tempo: “As novelas estão com vergonha das suas origens”.

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Com a modernização e popularização mundial das séries, os folhetins da Globo, de fato, parecem tentar se reinventar a qualquer custo e se modernizarem. Tentam erguer um conceito de trama e personagens complexos, que mais parece um “seriado” extremamente esticado, e na tentativa de realizar uma “boa mistura” entre série e novela, acabam apresentado projetos que não parecem nem uma coisa nem outra. Omitem as tradicionais passagens “absurdas” nos conflitos dramáticos e buscam mais “realismo”, que muitos telespectadores classificam sempre como “chato” e/ou “confuso”. O curioso é que justamente na reta final das novelas, quando enfim intensificam a trama e assumem o tradicional formato de folhetim, a audiência costuma crescer naturalmente. Coincidência? Não, apenas falta de análise e coerência. É necessário entender melhor o que o público deseja e definir um padrão de produção que vá atender as necessidades dele. Afinal, para que os tais fóruns foram criados?

Em se tratando de jornalismo, a qualidade do departamento na Globo chega a ser quase indiscutível. É claro que ora ou outra, aparecem discussões em torno de supostas “imparcialidades” que defendem apenas supostos interesses da emissora. Mas não vamos entrar nesse mérito. Há de ser convir, no entanto, que em termos de investimento, coberturas de fatos marcantes, tecnologia e profissionalização, a Globo torna-se pioneira e unânime no Brasil. O “Jornal Nacional” é um grande retrato disso, realizando trabalhos irretocáveis em coberturas de grandes eventos nos últimos tempos. Em mais uma comparação com os concorrentes, a Globo aparece em primeiro plano. A Record, apesar de realizar um grande investimento no jornalismo, que chega a lhe render diversos prêmios, sempre é acusada de utilizar-se de recursos sensacionalistas em determinadas situações. O SBT, por sua vez, tem uma grande deficiência nesse departamento, que parte do próprio conceito de Silvio Santos de priorizar o entretenimento.

Talvez o único segmento em que os concorrentes podem fazer frente a Globo é a linha de shows, mais precisamente os programas de auditório. Apesar de já ser visto por muitos como um formato envelhecido e ultrapassado, as atrações do gênero ainda são bastante apreciadas pelo público. Com exceção de Márcio Garcia, Otaviano Costa e Tiago Leifert, que chegaram para tentar renovar um pouco o gênero, apresentadores de programas de auditório não são muito o forte da Globo, principalmente se considerarmos hoje nomes como os de Faustão, com os abusos de bordões e piadas inconvenientes no “Domingão”, e Serginho Groisman, com seu estilo “atabalhoado” a frente do “Altas Horas”, apesar da experiência.

A Globo é indiscutivelmente a “cabeça” das emissoras no Brasil. Com um trabalho de gestão exemplar, que dá um enorme retorno a emissora e a torna monopólio no audiovisual do país, o canal tem cacife e repertório para permanecer no topo por muito tempo e talvez nunca sair de lá. A aproximação recente da Record aparenta ter sido apenas uma “ameaça passageira”. A Globo pode não ser unânime em termos de gosto popular; ganhar rótulos como os de “indecente”, “manipuladora” e até “imparcial”. Mas em todos os meios sempre existiram os melhores, que trabalham com competência para chegar ao topo. A Globo chegou lá com méritos.

As opiniões aqui retratadas não refletem necessariamente a posição do TV FOCO e são de total responsabilidade de seu idealizador.

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Formado em jornalismo, fui um dos principais jornalistas do TV Foco, no qual permaneci por longos anos cobrindo celebridades, TV, análises e tudo que rola no mundo da TV. Amo me apaixonar e acompanhar tudo que rola dentro e fora da telinha e levar ao público tudo em detalhes com bastante credibilidade e forte apuração jornalística.