Essa era a mixaria que você pagava no pão quentinho e o absurdo hoje

O pão nosso de cada dia está mais caro que nunca; Veja quanto custava nos anos 2000 e os valores praticados no mercado em 2025
Não há nada que mais defina o brasileiro do que aquele café da manhã ou lanche da tarde com um pão quentinho, recém-saído do forno da padaria da esquina, derretendo a manteiga como uma promessa diária de conforto.
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O cheiro característico se espalha pelas ruas antes mesmo do sol nascer e, para muitos, é mais do que aroma: é memória, é rotina, é necessidade.
Esse alimento simples se tornou um símbolo nacional, transversal às classes sociais, presente da periferia ao centro.
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Mas, o que antes era adquirido com apenas uma mixaria em trocados, hoje se transformou em um luxo cotidiano.
Isso porque, assim como a maioria dos alimentos, o preço do pão francês disparou nas últimas duas décadas, e isso diz muito sobre o cenário da mesa do brasileiro em 2025.
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Com base em cálculos divulgados pelo portal O Tempo e em uma pesquisa aprofundada nas principais mídias de economia e em tabelas de valores praticados, a equipe especializada em economia do TV Foco traz a evolução dos valores abaixo.
Da padaria ao aperto:
Você pode não lembrar ou até mesmo desacreditar, mas no início dos anos 2000, era possível comprar um pão francês por cerca de R$ 0,05 a unidade em muitas cidades brasileiras.
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O quilo, que corresponde a cerca de 20 unidades, custava em média R$ 1,00 a R$ 1,10.
Já neste ano de 2025, esse mesmo quilo já ultrapassa os R$ 20 em boa parte das capitais.
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- Em São Paulo, por exemplo, padarias de bairro vendem o pão francês entre R$ 18,90 e R$ 22,00 o quilo;
- No Rio de Janeiro, os valores variam entre R$ 17,50 e R$ 21,00;
- Em Salvador, oscilam entre R$ 16,00 e R$ 19,00.
MAS ATENÇÃO! Dependendo do bairro e da estrutura da padaria, esses valores podem variar ainda mais.
Isso representa uma alta nominal de cerca de 1.800% em 25 anos.
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Ou seja, quando se desconta a inflação acumulada do período, o aumento real ainda é bem expressivo, evidenciando que o encarecimento do pão não se deve apenas ao poder corrosivo do tempo, mas à complexidade estrutural dos custos que envolvem sua produção.
O peso da inflação sobre o pão
A inflação acumulada no Brasil entre 2000 e 2025 ultrapassa os 400%, segundo o IPCA. A
Ainda assim, o preço do pão subiu muito acima disso. A explicação não está apenas na variação cambial, mas em fatores que vão desde o trigo — matéria-prima majoritariamente importada — até os:
- Custos logísticos;
- Energia;
- Combustíveis;
- Insumos panificáveis.
Além disso, o Brasil importa cerca de metade de todo o trigo que consome, sobretudo da:
- Argentina;
- Estados Unidos;
- Canadá.

Outro fator é que, quando o dólar sobe, automaticamente a farinha sobe também.
Com o aumento do combustível e da energia elétrica, as padarias enfrentam reajustes nos fornos e no transporte.
E, em períodos de instabilidade climática global, ainda há o impacto direto na oferta do trigo.
Ou seja, a cadeia produtiva do pão é longa, sensível e repleta de interferências que pressionam o preço final ao consumidor.
Salário mínimo X poder de compra:
Agora vamos aos termos práticos, em 2000, o salário mínimo era de R$ 151,00.
- Na época, era possível comprar cerca de 3.000 pães franceses com esse valor, considerando o preço médio de R$ 0,05 por unidade.
- Em 2010, com o mínimo em R$ 510,00 e o pão custando em média R$ 0,25, a capacidade de compra caiu para cerca de 2.040 unidades.
- Em 2020, com o salário mínimo em R$ 1.045,00 e o pão a R$ 0,50, o trabalhador podia comprar aproximadamente 2.090 pães.
- Em 2025, com o salário mínimo em R$ 1.518,00 e o pão custando em média R$ 1,10, essa quantidade despenca para cerca de 1.380 unidades.
E essa trajetória evidencia a corrosão do poder de compra:
- Enquanto o salário mínimo teve aumento nominal ao longo das décadas, os alimentos — e o pão, em especial — se valorizaram em ritmo ainda mais acelerado.
E esse cálculo, importante destacar, desconsidera outros gastos básicos como energia, transporte, aluguel e gás de cozinha.
Portanto, na prática, o pão tornou-se item de escolha, não mais de rotina automática.
Inclusive, muitos passaram a comprar por unidade, não por quilo, ou a simplesmente cortar o produto do dia a dia.
Variações regionais:
Outro fator que devemos analisar é a diferença de preços entre capitais, a qual é bem notável, a qual mencionamos logo no início desse texto.
Em suma, essas variações regionais se explicam por fatores como custos operacionais:
- Aluguel;
- Energia;
- Mão de obra;
- Impostos estaduais (como o ICMS sobre farinha);
- Distância dos centros de distribuição;
- Competitividade entre os comércios locais.
Ainda assim, mesmo nas regiões onde o pão é mais barato, ele pesa mais no orçamento relativo da população — especialmente em cidades com maior índice de informalidade e desemprego.
Alternativas que saíram do forno
Diante do encarecimento do pão francês, os brasileiros têm se reinventado.
O cuscuz nordestino, de preparo rápido e barato, ganhou espaço até nas regiões Sul e Sudeste.
A tapioca, a panqueca de aveia, o pão de queijo caseiro e até receitas de pão de frigideira à base de batata ou banana se tornaram comuns nos cafés da manhã.

Muitas famílias também optam por fazer o próprio pão em casa, controlando custos e ingredientes.
Pães de forma industrializados, embora também impactados pela inflação, muitas vezes apresentam custo-benefício mais estável, especialmente nas grandes redes varejistas.
Já os que buscam alternativas mais saudáveis recorrem aos pães de fermentação natural, ainda que esses exijam mais tempo e técnica.
Mas ATENÇÃO!
O consumidor precisa estar atento quanto à qualidade do que se compra.
Isso porque nem todo pão mais barato é, de fato, vantajoso. Em momentos de inflação elevada, parte do setor opta por fórmulas mais econômicas, usando:
- Farinhas de menor qualidade;
- Misturas pré-prontas com conservantes;
- Em alguns casos, aditivos químicos.
O que compromete não só o sabor, como também o valor nutricional.
Especialistas em panificação defendem que o pão francês tradicional deve conter, essencialmente, apenas farinha de trigo, água, sal e fermento.
Quanto menos ingredientes estranhos ao nome e à receita original, melhor. O consumidor atento observa a textura, o aroma e o frescor.
Além disso, um pão barato que endurece em poucas horas ou com sabor ácido pode indicar problemas na fermentação ou excesso de aditivos.
Mas tem previsão para o pão baixar?
A resposta mais honesta é: dificilmente em 2025. Especialistas e representantes do setor de panificação afirmam que o preço do pão tende a se manter alto.
A valorização do dólar frente ao real, a baixa produção interna de trigo, a inflação persistente sobre alimentos e energia, além de custos fixos como mão de obra e impostos, não apresentam sinais de alívio no curto prazo.
Embora medidas pontuais possam reduzir impactos — como isenção de tributos sobre trigo ou incentivo à produção nacional —, nenhuma mudança estrutural relevante foi implementada até agora.
Neste ínterim, o consumidor deve continuar buscando estratégias próprias: diversificar a alimentação, priorizar qualidade e, quando possível, comprar de forma consciente.
Conclusão:
Em suma, o pão francês continua sendo um símbolo da mesa brasileira, mas seu preço virou termômetro da crise do poder de compra.
Entre 2000 e 2025, o pão subiu muito mais que o salário mínimo, corroendo o hábito de milhões de famílias.
Mesmo com alternativas à mesa, o pão perdeu espaço — não por escolha, mas por necessidade. Agora, a tendência, ao menos no curto prazo, é que esse cenário de preços elevados permaneça. Mas, se você quer saber mais curiosidades interessantes como essa, clique aqui*.
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Autor(a):
Lennita Lee
Lennita Lee é jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.