Adeus após 74 anos: Falência de farmácia popular como a Drogasil abala clientes e funcionários

Após falência de uma das farmácias mais tradicionais brasileiras, tão popular quanto uma Drogasil, ex-funcionários e clientes ficaram abalados

As farmácias representam um dos pilares do sistema de saúde suplementar e da economia varejista nacional.

Apenas para nível de conhecimento, de acordo com os dados da IQVIA e da Abrafarma, o Brasil contava, apenas no período de 2024, com mais de 90 mil farmácias em operação — número que o posiciona como um dos maiores mercados farmacêuticos do mundo.

Afinal de contas, elas:

• Geram empregos diretos e indiretos;
• Impulsionam a arrecadação de tributos;
• Expandem o acesso da população a serviços básicos de saúde, como testes laboratoriais rápidos, vacinação e acompanhamento clínico.

Além disso, o crescimento do modelo de farmácia-clínica, incentivado pela legislação recente, transformou esses estabelecimentos em polos estratégicos de atenção primária à saúde, em especial nas regiões mais afastadas de grandes centros urbanos.

No entanto, apesar da importância e expansão do setor, algumas redes tradicionais sucumbiram a crises internas.

Entre os exemplos mais emblemáticos está a Rede São Bento de Farmácias, a qual era tão popular quanto uma Drogasil.

Com sede em Campo Grande (MS), ela encerrou suas atividades em 2022, após 74 anos de operação.

Sendo assim, de acordo com as informações do Mídia Max, a equipe especializada em economia do TV Foco traz abaixo os motivos que levaram-na a fechar as portas permanentemente e a reação imediata de ex-funcionários e clientes, os quais ficaram extremamente abalados.

MAS ATENÇÃO! Antes de prosseguirmos com a matéria, é bom deixar claro que, embora existam redes do setor com o mesmo nome, elas não possuem ligação com a rede mencionada.

A falência e o drama dos trabalhadores

Fundada há mais de 74 anos, a São Bento chegou a empregar cerca de 1.200 trabalhadores em 80 unidades distribuídas por 28 municípios do Centro-Oeste brasileiro.

O grupo entrou em recuperação judicial em 2015, alegando dívidas superiores a R$ 75 milhões com aproximadamente 2.000 credores.

Mesmo com a homologação do plano de recuperação judicial em 2021, o grupo não conseguiu se reerguer.

No ano seguinte, encerrou definitivamente suas operações.

Mas a desmobilização foi gradual:

• Em setembro de 2022, a rede entregou suas duas últimas lojas em Campo Grande.
• Em 2023, ex-funcionários relataram não ter recebido salários e verbas rescisórias.

Em ação trabalhista de 2019, cinco ex-colaboradores ganharam causa no valor de R$ 129.468,28, segundo decisão da juíza Fabiane Ferreira, do Tribunal Regional do Trabalho.

Uma ex-funcionária relatou que espera desde 2019 pelo pagamento de aproximadamente R$ 28 mil referentes à demissão sem justa causa.

Outra colaboradora, que atuava como auxiliar de serviços gerais, afirmou que limpava onze farmácias por semana, mas saiu da empresa sem receber direitos básicos como FGTS e rescisão completa.

Venda de imóveis e leilão:

Para tentar quitar parte das dívidas, os sócios da São Bento, integrantes do Grupo Buainain, tiveram imóveis leiloados.

Em julho de 2023, duas fazendas avaliadas em mais de R$ 23 milhões foram colocadas à venda judicialmente pelo TRT-MS.

Embora a primeira tentativa de leilão tenha fracassado, a segunda teve êxito.

Os recursos arrecadados foram depositados judicialmente, mas até hoje aguardam liberação, conforme explicou o advogado de um dos trabalhadores.

Há recursos pendentes em instâncias superiores, o que pode atrasar os repasses por vários meses ou até anos.

O que aconteceu com o que sobrou da Farmácia São Bento?

O colapso da empresa não se limitou às lojas: a sede da distribuidora de medicamentos foi transformada em templo evangélico, alugado para o Ministério Atos de Justiça, que realiza cultos no local.

Outros prédios antes ocupados por unidades da rede viraram lojas de utilidades ou continuam fechados, em estado de abandono.

O administrador judicial Fernando Abrahão, da Real Brasil, confirmou que a falta de receita impossibilitou a recuperação econômica: “Sem receita, não tem como se recuperar”.

Qual rede lidera o setor das farmácias em 2025?

Em contraposição ao colapso de redes regionais como a São Bento, a RD Saúde (Raia Drogasil) consolidou-se como a maior rede de farmácias do Brasil em 2025.

A empresa, que nasceu da fusão entre a Droga Raia e a Drogasil em 2011, opera mais de 3.000 lojas em todos os estados brasileiros.

De acordo com um relatório ao mercado publicado no primeiro trimestre de 2025, a companhia anunciou a abertura de 330 a 350 novas unidades neste ano, mantendo uma estratégia agressiva de expansão.

A RD detém cerca de 16,2% de participação de mercado, conforme levantamento da IQVIA, mantendo uma liderança isolada no varejo farmacêutico nacional.

Conclusão:

Em suma, um caso da Rede São Bento mostra que tradição não garante solidez. A crise econômica interna e falhas de gestão derrubaram uma rede com mais de 70 anos de história.

A situação evidencia a importância de controle financeiro rígido, governança e adaptabilidade em um setor competitivo.

Enquanto isso, a RD Saúde mantém-se como exemplo de expansão estruturada no varejo farmacêutico nacional. Para saber sobre mais falências e casos parecidos como esse, clique aqui. *