Covid-19: Ômicron força volta do home office. É para sempre?


Ômicron força volta do home officePixabay

Mesmo com o apagão de dados do Ministério da Saúde, o painel do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) aponta que o Brasil registrou 208.018 casos de Covid-19 na primeira semana de 2022, alta de 383% quando comparada à semana anterior. A disparada nas infecções é reflexo da variante Ômicron, que apresar de menos letal, é mais contagiosa. Com o aumento no número de contaminados, empresas têm retomado o regime híbrido de trabalho ou até mesmo o home office em tempo integral levantando dúvidas sobre como será o “novo normal”. 

Gigantes como a Microsoft, Facebook e Amazon decidiram prorrogar o regime de teletrabalho. A Apple, por exemplo, adiou o retorno presencial, previsto para 1º de fevereiro, por temor da nova variante. No Brasil, a Ipiranga, com sede no Rio de Janeiro, já havia retomado o trabalho no escritório, mas no dia 6 de janeiro decidiu flexibilizar a decisão.

“Inicialmente precisávamos ir três vezes na semana, pelo menos”, conta Gustavo dos Santos, analista pleno de custos da empresa, que completa: “Embora boa parte da população já esteja vacinada, esse aumento [nos casos] é bastante preocupante. Parece que a gente tá num ‘loop’, todo início de ano tem um pico, o que para mim é bastante assustador”.

Apesar de precisar de dois ônibus para chegar ao trabalho, Gustavo conta que graças à vacina e aos cuidados que toma não está apavorado com a possibilidade de ser infectado, mas ressalta que sente falta do “contato e do diálogo” com os colegas no dia a dia.

A Ipiranga informa que “segue monitorando as orientações das autoridades de saúde” e disse que fará uma “nova análise do cenário no país”. A empresa também mantém um canal direto com a área de Medicina do Trabalho para informações de casos ou esclarecimento de dúvidas.

A Ipiranga acrescenta que as equipes têm apresentado constância nos resultados, sem afetar a produtividade.

A L’Oréal no Brasil foi outra empresa que decidiu por flexibilizar a ida ao escritório no dia 13 de janeiro por conta da alta nos casos de Ômicron e de Influenza no Rio de Janeiro. Se o funcionário precisar resolver pendências presencialmente, a empresa custeia o deslocamento pagando a gasolina ou o aplicativo de transporte, para evitar aglomerações. 

“Não faz sentido voltar agora que alguns funcionários estão alegando manifestar sintomas”, conta Pedro Henrique Brum, jovem aprendiz de Marketing da L’Óreal. Para ele, o home office é mais seguro no momento, mas não é o ideal para agilizar as demandas da sua área. 

“Hoje mesmo caí de uma reunião três vezes porque minha conexão estava instável”, comenta.

Veio para ficar

A relação é diretamente proporcional, quanto mais casos detectados, maior o número de empresas que adere ao home office para segurança de seus funcionários. 

“Tudo indica que o modelo híbrido veio para ficar, nunca mais teremos a rotina de ir ao escritório 5x por semana como fazíamos antes da pandemia. Isto porque as empresas aprenderam que até certo ponto dá para manter e até aumentar a produtividade de algumas atividades com a equipe em home office”, opina Caroline Marcon, Professora de MBAs de Gestão Estratégica de Pessoas e Liderança da FGV/SP, consultora organizacional, facilitadora e coach executiva com experiência em transformação cultural, desenvolvimento de times executivos & inovação em gestão de RH.

Segundo ela, os gestores devem aproveitar o tempo presencial com as equipes de maneira estratégica a fim de criar conexão emocional e confiança e para conversas mais profundas. 

“As empresas estão cada vez mais entendendo que trabalho é o que você faz, não para onde você vai. Em função da necessidade e da tecnologia disponível, o espaço físico deixou de ter tanta importância”, finaliza.

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O vai e vem é eterno?

Alexandre Naime, chefe do departamento de infectologia da Unesp de Botucatu considera “absolutamente necessário” que as pessoas diagnosticadas mantenham-se afastadas do trabalho, porque significa proteção para não transmissão de uma cepa “altamente contaminável”. 

“Não ha razoabilidade para manter essa pessoa na força de trabalho oferecendo risco a outros trabalhadores. Não faz sentido porque uma das condutas recomendadas é o repouso, observação dos sintomas e manejo ambulatorial. O mesmo serve para a influenza, a pessoa precisa descansar e fazer tratamento”, defende.

O médico entende que o “vai e vem” do escritório para casa seguirá enquanto a vacinação não estiver avançada, já que a tese de imunidade de rebanho é “meramente especulativa”. 

“O que estamos vendo é um vírus cada vez mais transmissível. Apesar de ser menos grave, leva a óbitos entre os não vacinados. Falar em imunidade de rebanho no Brasil é querer insistir num erro que causou excesso de mortalidade. Entre vacinados o risco é menor, mas acaba acontecendo. Além disso, existem 10% de brasileiros que não completaram esquema vacinal, essas pessoas têm risco de óbito. Pessoas não tem visão humanística da pandemia e insistem nessa tese furada a despeito do número de mortes”, comenta o especialista.

Tendo em vista que a curva de contágio pela ômicron ainda não está bem definida, ainda é difícil prever a volta ao trabalho presencial, mas especialistas dizem que se a variante repetir o padrão observado na África do Sul, no começo de março teremos uma situação mais controlada.

“O contágio por essa variante cresce rapidamente e decresce rapidamente”, explica Carlos Fortaleza, professor da Unesp e presidente da sociedade paulista de infectologia, mas faz a ressalva: “cada local é um local. Cada realidade é diferente”.

Quanto à possibilidade de o surgimento de novas variantes ser constante e essa rotina “ioiô” do escritório para casa se repetir, o especialista é taxativo: 

“Embora nenhum de nós tenha bola de cristal, muitos pesquisadores acreditam que a Ômicron será o ‘canto dos cisnes’ da pandemia e depois dela até continuarão a existir casos, mas será permitida a volta dos setores da economia.  Só que é preciso pagar para ver.” 

O professor afirma, no entanto, que essas previsões são feitas com base científica, mas não tem 100% de acerto. 

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