Criar “personagem” em reality é algo realmente reprovável?


Favorito no BBB18, Kaysar é acusado de criar personagem. (Foto: Divulgação)
Favorito no BBB18, Kaysar é acusado de criar "personagem". (Foto: Reprodução)
Favorito no BBB18, Kaysar é acusado de criar “personagem”. (Foto: Reprodução)

Nos realities de confinamento, o público é quem geralmente dita os rumos do jogo e decide o grande vencedor. Com isso, alguns participantes acabam assumindo o papel de “atores” e criam “personagem”, com arquétipos que vão desde o barraqueiro e brincalhão ao humilde e solitário. Por se tratar de um “jogo de relações humanas”, muitos adotam estratégias diversas para ganhar destaque e alcançar o objetivo principal: conquistar a empatia da maioria dos telespectadores.

A maior parte não admite a incorporação de “personagens” para levar vantagens no jogo, considerando o paradigma moral de que é preciso ser “autêntico”, fazendo questão de repetir o velho discurso de que têm méritos porque “aqui dentro [do reality] estou sendo eu mesmo”. Mas essa estratégia não se trata de um mito. Há casos como o de Theo Becker, que já revelou em diversas entrevistas que desenvolveu um “personagem” “brigão” e “bad boy” durante sua participação na Fazenda, da Record, em 2009. Esse “personagem”, segundo o ator, não trouxe nenhuma vantagem para o prosseguimento da sua carreira artística, mas foi suficiente para marcá-lo na história do reality.

Kleber Bambam, Cézar Lima, Ana Paula Renault, Mara Maravilha e Flávia Viana são alguns outros exemplos de figuras que se destacaram e até ganharam o prêmio principal de realities como o BBB e A Fazenda, mas mesmo sem admitirem, levantaram desconfianças de que não foram completamente autênticos e criaram “personagens” para tentar conquistar o público. A cada temporada, aliás, os participantes parecem cada vez mais preparados e conhecedores dos atalhos e perfis amados e odiados pelo público.

Esse tema voltou à tona na atual temporada do BBB. O sírio Kaysar despontou como um dos favoritos ao prêmio principal. Mas quase que na mesma proporção em que conquistou a empatia de parte do público pelo seu estilo “inocente”, “humilde” e “descontraído”, ele é rejeitado por outros, sob a alegação de que não está sendo “autêntico”, e que criou um “personagem” para tentar ganhar o reality.

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Na sociedade sempre há a condenação de atitudes e pessoas consideradas “falsas” e “dissimuladas”. Como muitos levam ao pé da letra o significado da palavra “reality”, e consideram o gênero um reflexo da vida real e das relações humanas, tudo aquilo que foge da autenticidade deve ser imediatamente rejeitado. Segundo esses, todos os participantes estão ali para serem julgados por seu comportamento “nu e cru”. Mas quando isso está relacionado ao entretenimento, será que essa “regra” pode mesmo ser aplicada?

Os participantes citados, mesmo sob a alegação de “falsidade” e incorporação de “personagens”, acabaram movimentando o jogo, concluíram o objetivo principal da TV de oferecer o entretenimento e despertaram amor e ódio. Mas será que o público necessita realmente associar essa situação como algo moral e “antiético”? É quase impossível desvendar se todos os participantes estão sendo “eles mesmos” ou criando um “personagem” dentro do confinamento. Há casos mais evidentes do que outros, mas no fim das contas, é difícil haver uma comprovação. Quem se arriscaria a afirmar que na própria temporada atual do BBB não pode haver outros além do Kaysar que desenvolveram um “personagem” para tentar cativar o público?

Mas também não seria compreensível do ponto de vista dos participantes que serem “eles mesmos”, durante todo o programa e com todos os seus defeitos, pode não ser vantajoso a fim de alcançar o entretenimento e despertar simpatia, e que algumas vezes realmente necessitam “manipular” o público e a si próprios para ganhar destaque, uma vez que estão dentro de um jogo onde essa relevância é fundamental?

A ideia não é defender ou criticar tais atitudes, apenas promover uma reflexão: afinal, criar “personagens” em um reality de TV é algo realmente reprovável e “antiético”, como na vida real, ou o que vale é o entretenimento, a “obra final”, o personagem em si e o mérito de quem o criou e o fez cair nas graças do público?

As opiniões aqui retratadas não refletem necessariamente a posição do TV FOCO e são de total responsabilidade de seu idealizador.

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Formado em jornalismo, fui um dos principais jornalistas do TV Foco, no qual permaneci por longos anos cobrindo celebridades, TV, análises e tudo que rola no mundo da TV. Amo me apaixonar e acompanhar tudo que rola dentro e fora da telinha e levar ao público tudo em detalhes com bastante credibilidade e forte apuração jornalística.