Galvão Bueno (foto) não é apenas o narrador mais famoso do Brasil. Nos últimos anos, virou celebridade, dividindo o público do amor ao ódio. Na Copa do Mundo da África do Sul, virou “mundial” ao ganhar as páginas de internet do mundo na campanha “Cala Boca Galvão”, via Twitter. E, apesar do susto, o morador de Mônaco disse que foi “sensacional”.
Em entrevista à colunista Mônica Bergamo, o locutor comentou o caso e ainda analisou a campanha da seleção brasileira, com direito a muitas críticas a Dunga – “ele levou [à Copa] os amigos dele” – e exaltação ao trabalho apresentado por Mano Menezes na seleção brasileira, após vitória por 2 a 0 sobre os Estados Unidos em amistoso.
“[Foi] Um espetáculo. Esse primeiro jogo resgatou o nosso jeito de ser, a nossa irreverência, a molecagem sadia. Você vê o Ganso, o Neymar e o Pato, que tinham que estar lá na Copa da África”, analisou Galvão. “Fiquei extremamente feliz. Tive mais prazer em transmitir esse amistoso do que nos seis jogos que fiz na Copa.”
Para o locutor, os traumas antigos de Dunga é que motivaram tantos problemas de relacionamento do técnico da seleção durante a Copa do Mundo, alguns deles contra a TV Globo, em que ele trabalha.
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“Eu sempre defendi o Dunga. Ele começou muito bem, caminhou bem e depois se perdeu inteiramente. Por que uma pessoa tão vitoriosa tem que se alimentar de revanchismo?” comentou. “Quem se alimenta de ódio e de revanche está sempre mais perto da derrota do que da vitória. Nós saímos da Copa sem usar a terceira substituição. Talvez não tivesse ninguém pra colocar, porque ele não levou a seleção. Levou os amigos dele.”
Ainda sobre o Mundial na África do Sul, Galvão admitiu que não teve o prazer de outras ocasiões, pela falta de empolgação nos jogos do Brasil. “Transmitir jogos da seleção brasileira é um êxtase. Mas talvez esta tenha sido a única das minhas dez Copas em que não tive nenhum prazer. Você sentia que os jogadores não jogavam com gosto, eles jogavam com raiva, mais para dar respostas do que pelo prazer de jogar. Isso não é o futebol brasileiro.”
Ele ainda revelou que teve Cleber Machado ao seu lado, de prontidão, no jogo contra a Holanda, em que teve problemas na voz. “Travei. A minha voz falhava, parecia carro de embreagem ruim. Me apavorei. Peguei um fungo na boca, na garganta, na faringe. Sabe micose no dedo? Eu tenho nas cordas vocais. Rinite fungótica. Tomei anti-inflamatórios, fungicidas e já estou quase perfeito. É o Fala Galvão. Voltei a gritar”, comemora ele, que confirma que em 2014 se aposenta, após narrar a Copa no Brasil. No entanto, pensa em ter um programa de auditório.
Cala boca, Galvão!
A campanha no Twitter envolvendo Galvão poderia ter enfurecido o narrador, que, acostumado a ter seus comentários analisados por toda uma nação, acabou gostando da coisa.
“Eu virei cult. Foi um barato, uma grande gozação. E virei papagaio! O Ayrton Senna me chamava de papagaio e agora virei oficialmente. [Aponta o céu] Ele deve estar morrendo de rir. Mas eu tomei um susto, é claro. Começou quando eu e a Fátima apresentávamos o show de abertura da Copa”, disse ele, sobre a ocasião em que ainda foi gravado dançando atrás da bancada.
“E veio aquele aluvião, o Cala a Boca Galvão. Esse Twitter é um troço doido. Quando vi, me procuraram Folha, “O Globo”, “Veja”, “El País”, “New York Times”. Pra falar um português claro, eu pensei: fodeu”, afirmou Galvão, para concluir. “O que poderia ter sido ruim virou um grande barato. Teve também aquele maluco que fez o vídeo dizendo que Cala a Boca Galvão queria dizer “Save the Birds”. Sensacional. Até propus à Globo que fizéssemos uma campanha séria em defesa de pássaros em extinção”.
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