Falência de fábrica n°1 de eletrodomésticos acaba de ser decretada no Brasil após 64 anos
22/05/2025 às 8h00

Fábrica gaúcha de eletrodomésticos tem falência decretada pela segunda vez e encerra trajetória de 64 anos
E uma tradicional fábrica de eletrodomésticos e eletroportáteis sediada no Rio Grande do Sul e reconhecida nacionalmente por seus ventiladores, acaba de ter sua falência decretada pela Justiça após 64 anos.
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Trata-se da gigante Martau, nome extremamente reconhecido pelos seus ventiladores.
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Neste mês de maio de 2025, a história da empresa encerrou de forma melancólica após arrastar-se por anos em meio a uma:
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- Crise financeira;
- Reestruturações malsucedidas;
- Tentativas de recuperação judicial.
A equipe de economia do TV Foco, com base em informações do portal GZH, traz abaixo mais detalhes sobre o que levou esse grande nome à falência.

Linha do tempo: Da fundação ao colapso
1961 – Fundação da Martau
A Martau iniciou suas atividades em Porto Alegre, com produção voltada para eletrodomésticos de pequeno porte, especialmente ventiladores, que viriam a se tornar o principal símbolo da marca nas décadas seguintes.
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Inclusive, seu crescimento se deu em meio à expansão do setor industrial brasileiro, consolidando presença no mercado doméstico e expandindo gradualmente a distribuição para outros estados.
Anos 80 a 2000 – Auge e estabilização
Durante essas décadas, a Martau alcançou:
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- Estabilidade produtiva e financeira;
- Ampla aceitação dos seus ventiladores amplamente aceitos no mercado;
- Reconhecimento por confiabilidade e preço acessível.

Além disso, ela manteve a fábrica em Porto Alegre e operações em Alvorada, gerando centenas de empregos diretos.
Sua estrutura familiar, no entanto, se tornou um dos maiores entraves para a adaptação à modernização da gestão empresarial nos anos seguintes.
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2010 a 2018 – Início da crise
A entrada de produtos importados mais baratos e a ampliação da concorrência nacional provocaram erosão gradual na participação da Martau no mercado.
A empresa passou a enfrentar:
- Dificuldades logísticas e operacionais;
- Acúmulo de dívidas;
- Baixa renovação tecnológica;
- Perda de competitividade
Além disso, todos esses fatores foram se agravando diante de uma administração resistente a mudanças profundas.
Durante esse período, a empresa já acumulava passivo relevante, especialmente com fornecedores e tributos.

2019 – Recuperação judicial
A Martau ingressou em processo de recuperação judicial, com o objetivo de evitar a falência e buscar alternativas para reestruturar sua operação.
Na ocasião, a dívida total superava R$ 17 milhões.
O plano previa prazos dilatados para pagamento aos credores, reorganização da produção e revitalização comercial.
Apesar da formalização do processo, os resultados operacionais seguiram aquém das expectativas.
Julho de 2021 – Primeira falência decretada
Diante do fracasso do plano inicial de recuperação e da falta de pagamento aos credores, a Justiça decretou a falência da Martau.
Os ativos da empresa, incluindo imóveis, equipamentos e a própria marca, foram levados à avaliação judicial.
À época, as atividades industriais já operavam de forma intermitente e a produção estava paralisada.
Agosto de 2021 – Suspensão da falência
Uma decisão judicial reverteu temporariamente a falência, possibilitando que a empresa retornasse ao regime de recuperação judicial e elaborasse um novo plano.
A decisão permitiu a reativação de parte das operações, com foco na retomada gradual da produção e reaproximação de distribuidores e canais de venda.
Setembro de 2022 – Falência revertida
Porém, após meses de negociação e articulação junto aos credores, a falência foi formalmente revertida.
Inclusive, a Martau retornou ao mercado com um plano de recuperação revisto, que incluía redução do passivo total e concessão de carência para início dos pagamentos, além de novas projeções de faturamento com base na retomada industrial.
Junho de 2023 – Novo plano aprovado
O novo plano de recuperação foi aprovado pelos credores em assembleia.
Houve redução do montante da dívida para cerca de R$ 10 milhões, com condições mais flexíveis de pagamento.
Posteriormente, a empresa buscou financiamento por meio do mecanismo conhecido como “DIP financing” para garantir capital de giro e reiniciar a produção, focando novamente nos ventiladores como carro-chefe.
2023–2024 – Tentativas de retomada
Apesar do esforço em reestruturar os canais de venda e relançar produtos, a Martau enfrentou forte retração no mercado e dificuldades de escoamento da produção.
A retomada não se mostrou sustentável. Em 2024, a fábrica operava com capacidade mínima, e os números de faturamento evidenciavam a falência de mercado: apenas R$ 32 mil em receita no primeiro quadrimestre.
Por fim, a produção, que deveria assegurar o pagamento das obrigações previstas no plano, não teve fôlego para sustentar a operação.
Maio de 2025 – Segunda e definitiva decretação de falência
Conforme dito acima, a Justiça voltou a decretar a falência da Martau, dessa vez de forma definitiva, ao constatar o não cumprimento do plano aprovado e a inexistência de medidas eficazes para reverter o cenário de insolvência.
A dívida, atualmente superior a R$ 20 milhões, passou a ser tratada na esfera falimentar, com prioridade de pagamento para credores trabalhistas e com garantia real.
As unidades industriais em Porto Alegre e Alvorada entraram em processo de avaliação para leilão judicial.
O que rolou com o que sobrou da Martau?
As instalações fabris estão desativadas. O passivo, ainda em processo de consolidação, compromete qualquer possibilidade de reestruturação.
A marca Martau, apesar de ainda ter algum reconhecimento no varejo, perdeu valor comercial diante da inatividade operacional.
Não foram encontrados registros recentes de manifestações públicas ou mobilizações trabalhistas associadas ao encerramento da empresa, o que evidencia o esvaziamento progressivo da estrutura de pessoal ao longo dos últimos anos.
No entanto, o espaço segue em aberto, tanto para ex-funcionários como para a empresa.
Conclusão:
Em suma, o colapso da Martau evidencia as consequências da estagnação gerencial e da incapacidade de reagir a um mercado cada vez mais competitivo.
Afinal de contas, a sua falência encerra a história de uma indústria que marcou gerações, mas que não resistiu aos novos modelos de negócio e à pressão econômica acumulada.
Mas, sua derrocada não foi súbita: resultou de omissões prolongadas, decisões tardias e uma desconexão crescente com a realidade do setor.
Porém, se você quiser saber sobre mais falências e casos parecidos como esse, clique aqui. *
Autor(a):
Lennita Lee
Meu nome é Lennita Lee, tenho 34 anos, nasci e cresci em São Paulo. Viajei Brasil afora e voltei para essa cidade para recomeçar a minha vida.Sou formada em moda pela instituição "Anhembi Morumbi" e sempre gostei de escrever.Minha maior paixão sempre foi dramaturgia e os bastidores das principais emissoras brasileiras. Também sou viciada em grandes produções latino americanas e mundiais. A arte é o que me move ...Atualmente escrevo notícias sobre os últimos acontecimentos do cenário econômico, bem como novidades sobre os principais benefícios e programas sociais.