Fenômeno da dramaturgia, Janete Clair salvou a Globo por três vezes em oito anos


Janete Clair (Foto: TV Globo / Divulgação)
Janete Clair (Foto: TV Globo / Divulgação)
Janete Clair salvou dramaturgia da Globo por três vezes num período de oito anos
(Foto: TV Globo / Divulgação)

Uma das maiores novelistas de todos os tempos, Jenete Stocco Emmer, conhecida popularmente como Janete Clair, salvou a dramaturgia da Globo por três vezes em oito anos. Entre 1967 e 1975, a autora conseguiu salvar uma novela com história quase sem solução, e escreveu duas tramas às pressas para a faixa das 20h – hoje, às 21h – principal horário da dramaturgia global.

Casada com o também novelista, Dias Gomes, Janete Clair escrevia radionovelas – a maioria delas para a Radio Nacional – quando em 1967, foi chamada às pressas por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, então diretor de operações da Globo, para ajudar a salvar uma novela da emissora. “Anastácia, a Mulher Sem Destino”, estrelada por Leila Diniz, era uma adaptação do folhetim “A Toutinegra do Moinho”, do escritor francês Emile Richebourg, assinada por Emiliano Queiroz. A novela tinha audiência sofrível, produção muito cara e um número excessivo de personagens. Janete Clair compreendeu logo que não havia como continuar a história de onde ela havia parado. Escreveu, então, um capítulo no qual um terremoto devastava a ilha onde se passava a trama, eliminando mais de cem integrantes do elenco. Em seguida, a história dava um salto de vinte anos e recomeçava com poucos personagens. Funcionou. A produção reduziu os gastos, ampliou a audiência, e a autora garantiu seu lugar na Globo.

Em 1973, a autora havia concebido a sinopse de uma novela chamada “Cidade Vazia”, que reuniria Tarcísio Meira e Francisco Cuoco em uma história sobre o preço que a sociedade tem que pagar pelo progresso. No entanto, a trama foi censurada pelos militares pouco antes do início das gravações. Janete Clair, então, teve que escrever outra novela às pressas.  “O Semideus” (1973) trazia Tarcísio Meira vivendo dois papéis: um industrial excêntrico que era dado como morto após um acidente e um sósia perfeito que usurpava seu império. Em 1974, a sinopse que havia sido proibida no ano anterior foi finalmente liberada pela censura e foi ao ar com o nome de “Fogo sobre Terra”. No folhetim, a escritora discutia o conflito entre a modernidade e a tradição: uma grande construtora quer inundar uma pequena cidade do interior para construir uma represa, mas os habitantes lutam para preservar o lugar. Os militares criaram inúmeros problemas durante a novela, obrigando Janete Clair a demonstrar incrível capacidade de superação e criatividade para reescrever, em muito pouco tempo, cenas e capítulos inteiros.

No ano de 1975, Janete Clair estreou no horário das 19h, escrevendo com Gilberto Braga a novela “Bravo!”. Porém, quando ela já havia escrito 105 capítulos, surgiu um problema. A censura vetou “Roque Santeiro”, que seria a próxima novela a estrear no horário das 20h. A autora foi chamada para escrever a trama substituta e, novamente, demonstrou seu talento para improvisar e criar dentro de prazos curtos. Gilberto Braga seguiu sozinho escrevendo “Bravo!” até o capítulo final.

Leila Diniz em "Anastácia, A Mulher Sem Destino" (Foto: Cedoc/ TV Globo)
Leila Diniz em “Anastácia, A Mulher Sem Destino”; Janete Clair teve que eliminar mais de cem personagens para salvar a novela
(Foto: Cedoc/ TV Globo)

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Formado em jornalismo, foi um dos principais jornalistas do TV Foco, no qual permaneci por longos anos cobrindo celebridades, TV, análises e tudo que rola no mundo da TV. Amo me apaixonar e acompanhar tudo que rola dentro e fora da telinha e levar ao público tudo em detalhes com bastante credibilidade e forte apuração jornalística.