Fernanda Montenegro teceu críticas ao presidente Jair Bolsonaro e à forma como a gestão dele tem censura a Cultura do Brasil
Um dos nomes mais famosos e respeitados da teledramaturgia do mundo, Fernanda Montenegro tem se tornado um dos alvos principais do conservadorismo de extrema direita que tem assolado o país desde a eleição do presidente Jair Bolsonaro. A atriz da Globo, inclusive, já foi ataca publicamente por pessoas do mais alto escalão do atual governo.
Em uma entrevista ao site da revista Quem durante o Festival do Rio de Cinema, realizado recentemente, Fernanda Montenegro, ao ser questionada sobre o atual momento da cultura do país, com atos de censura por parte da Ancine (Agência Nacional do Cinema) e do governo Jair Bolsonaro, a veterana fez um paralelo sobre o presente e o passado, mais precisamente entre os anos de 1964 e 1985, quando o Brasil foi governado por presidentes autoritários no período da ditadura militar, que matou dezenas de pessoas, torturou milhares e deixou centenas de desaparecidos.
Fernanda Montenegro chegou a fazer uma dura crítica ao classificar a nova direção da Ancine como “assassina”, após censura imposta pelo órgão que determinou a retirada dos cartazes dos filmes brasileiros históricos das paredes do órgão. A atriz disse ainda que a cultura é imprescindível para a educação de um país.
“Se eles pudessem, estaríamos todos num paredão e eles atirando em nós com metralhadoras”, afirmou Fernanda Montenegro, atualmente com 90 anos. A atriz disse que eles, os artistas, são “imorredouros” e que já sobreviveram “uma vez”, na ocasião do regime militar. A veterana avalia, contudo, que “desta vez, é uma forma assassina”.
“É difícil. Sem cultura não há educação e sem educação não há cultura. Eu não entendo o que está acontecendo com este país, com tantos xingamentos. Não há explicação. É uma nova moralidade que condena qualquer estrutura contrária ao seu Deus”, pontuou Fernanda Montenegro, que este ano foi presença constante na TV e no cinema, ao participar da novela A Dona do Pedaço, e de três filmes: A Vida Invisível, O Juízo e Piedade.
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Em setembro, o diretor da Funarte, Roberto Alvim, que é declaradamente ligado ao governo Bolsonaro, fez críticas duras e atacou Fernanda Montenegro, chamando a atriz de “sórdida”. Na ocasião, a filha da global, Fernanda Torres, saiu em defesa de sua mãe:
“Está acontecendo muita injustiça no mundo. Ninguém merece. Aconteceu uma agressão a ela e rolou uma corrente de amor para a mamãe. Pessoas de idades, gerações e classes sociais diferentes começaram a se manifestar. Ao invés de rebaterem com ódio, vieram com amor. E isso foi lindo, incrível. É o reconhecimento a uma brasileira que tem a vida limpa, ligada à arte e à cultura”, afirmou Torres.
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