FIM devastador no Shopping Recife e 100% das lojas lacradas: Varejista famosa tem falência decretada em PE

Varejista famosa fecha 100% das lojas no Shopping Recife após falência em PE. Saiba o motivo e os impactos

O cenário do varejo no Brasil passou por inúmeras transformações ao longo das últimas décadas. Consequentemente, mudanças no comportamento do consumidor e flutuações econômicas frequentemente afetam grandes empresas do setor.

Eventos marcantes, como processos de falência, costumam deixar um legado duradouro na memória comercial das cidades brasileiras.

Ademais, o fechamento de grandes lojas de departamento pode alterar significativamente a dinâmica dos centros de compras, uma situação que ganhou destaque em reportagens veiculadas em 27 de fevereiro de 2024.

A partir de informações divulgadas pelos portais “Diário de Pernambuco” e “Exame”, a equipe do TV Foco, especializada em Economia, traz agora mais detalhes sobre o assunto.

Um caso emblemático envolveu uma conhecida rede de lojas de departamento, com origens francesas, que se estabeleceu inicialmente no Rio de Janeiro. Posteriormente, essa companhia expandiu suas operações de forma considerável por todo o território nacional.

A rede em questão, denominada Mesbla, manteve uma filial de destaque em Recife, começando suas atividades na Rua da Palma. Contudo, um incêndio em 1980 destruiu a localização original, levando à sua reabertura na Conde da Boa Vista.

Sua presença na capital pernambucana se estendeu, incluindo uma unidade no Shopping Recife, além de uma divisão de veículos no Cais de Santa Rita. Isso demonstrava sua forte atuação no estado de Pernambuco.

A trajetória da rede varejista

A história da empresa começou em 1912, como uma filial carioca da firma francesa Mestre & Blatgé. Originalmente, seu foco era o comércio de máquinas e equipamentos importados.

Entretanto, uma mudança crucial ocorreu em 1924, quando o gerente Louis La Saigne decidiu tornar a loja uma empresa independente. Assim nasceu a Sociedade Anônima Brasileira Estabelecimentos Mestre et Blatgé.

Em 1939, a companhia adotou o nome Mesbla, uma junção das sílabas do nome original, sugerida por uma secretária. Essa mudança ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, ajudando a consolidar uma identidade brasileira para a empresa, que logo iniciou sua expansão pelo país.

O ápice da Mesbla ocorreu entre as décadas de 1970 e 1980. Nesse período, a rede contava com 180 lojas e empregava cerca de 28.000 funcionários, operando megalojas com áreas de até 3.000 metros quadrados.

Suas vitrines exibiam uma vasta gama de produtos, desde vestuário e utilidades domésticas até eletrônicos e automóveis, além de acessórios para o lar.

Os desafios e o declínio financeiro

Apesar do sucesso anterior, a Mesbla começou a enfrentar sérias dificuldades nos anos 1990. Essa década trouxe mudanças significativas para o mercado de consumo brasileiro.

A entrada de novas redes especializadas, mais eficientes e focadas em nichos específicos, tornou as grandes lojas da Mesbla menos competitivas. Simultaneamente, o crescimento dos shopping centers oferecia maior conveniência aos consumidores.

Decisões gerenciais também pesaram contra a empresa. Por exemplo, temendo a inflação, gestores optaram por estocar mercadorias em grande volume em 1989, uma estratégia que se mostrou prejudicial após a estabilização econômica com o Plano Real em 1994.

Problemas internos, como uma diretoria excessivamente grande com cerca de 40 executivos, tornaram a companhia lenta na tomada de decisões. Embora tenha lançado marcas próprias e um cartão de crédito, a resposta aos desafios do mercado veio tarde demais.

Por que a varejista encerrou suas atividades?

A pressão financeira crescente levou ao fim das operações da empresa. Em 1997, já acumulando dívidas superiores a R$ 1 bilhão, a Mesbla entrou com pedido de concordata.

No mesmo ano, o empresário Ricardo Mansur, que também controlava o Mappin, adquiriu a Mesbla. Seus planos de unir as operações e reposicionar a marca não foram suficientes para reverter a situação financeira, que continuou a agravar-se.

Finalmente, a falência foi decretada em 1999, marcando um fim devastador para a varejista. Esse desfecho resultou no fechamento e lacre de 100% de suas lojas, incluindo a unidade do Shopping Recife, impactando fortemente o comércio em Pernambuco.

Diversos fatores contribuíram para o encerramento das atividades, sendo os principais:

• Competição acirrada de lojas especializadas e shoppings.
• Estratégias de gestão equivocadas, como o excesso de estoque.
• Estrutura interna lenta e com dificuldades de adaptação.
• Endividamento elevado e insustentável.

Considerações finais

Portanto, o fechamento da Mesbla simbolizou o fim de uma era importante para o varejo brasileiro. Liquidaram seus remanescentes para cobrir parte das dívidas, incluindo salários atrasados dos seus últimos 750 funcionários.

Embora as lojas físicas tenham desaparecido em 1999, a marca Mesbla tentou ressurgir posteriormente no ambiente digital como um e-commerce, buscando capitalizar sua notoriedade histórica.