Foco na TV | O que explica o fracasso de “A Regra do Jogo”?


(Foto: Divulgação)
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Muitos acreditavam que o “fundo do poço” das novelas das nove da Globo seria “Babilônia”. Com índices tão baixos, poucos imaginavam que a novela de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga poderia ser superada negativamente. Essa tese era reforçada principalmente por dois argumentos: “a emissora carioca aprendeu a lição” e “’A Regra do Jogo’, do ótimo João Emanuel Carneiro, vai começar a reerguer a faixa”. Mas como todos sabem, a teoria é diferente da prática, e para surpresa destes muitos, “Babilônia” vai conseguindo ser superada negativamente pela atual novela do horário.

Já adianto que ao contrário da última trama da faixa, “A Regra do Jogo” tem sim suas fragilidades, mas está longe de ser considerado um folhetim ruim. Como definiu bem o autor da Record Marcílio Moraes, anos atrás, a novela de João Emanuel Carneiro faria grande sucesso.

Mas se o folhetim não pode ser considerado ruim e a trama teria potencial para fazer grande sucesso, qual o motivo deste fracasso?

Na última edição da coluna, foi destacado que “Babilônia” pagou pelos seus próprios erros. Agora, é possível destacar que em parte, “A Regra do Jogo” paga pelos erros da Globo. E aqui entra o primeiro fato que pode explicar o fracasso do folhetim.

"Babilônia" fracassou às 21h
“Babilônia” fracassou às 21h

+ Pressão e desgaste da faixa

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“A Regra do Jogo” já entrou no ar com a ingrata missão de arrumar a bagunça de “Babilônia” e reerguer a afundada faixa das 21h. Lançar um projeto que antes mesmo de estrear já está pressionado, é uma tarefa complicada para quem quer que seja.

O desgaste do horário é outro fato que contribui para o atual fracasso de João Emanuel Carneiro. A faixa já vem há algum tempo com a fama de repetitiva, cheia de clichês e fracassada. Em virtude disso, muitos já desistiram de se tornar um espectador fiel ou ao menos dar uma nova oportunidade a um folhetim do horário.

"Os Dez Mandamentos"
“Os Dez Mandamentos”

+ Concorrência

Pela primeira vez na história, a Record derrotou uma trama das 21h da Globo. E o responsável por isso é “Os Dez Mandamentos”. A novela concorrente é um fato evidente que provoca o fiasco de “A Regra do Jogo”. O folhetim bíblico vem “roubando” público da Globo desde “Babilônia”. Com a consolidação do fracasso da última novela das nove, muita gente “se mudou” de vez para o grupo de telespectadores da Record no horário.

“Os Dez Mandamentos” vai na contramão das tramas repetitivas da faixa das 21h da Globo, e muito do seu sucesso deve-se principalmente a este fato. Com a temática diferente para o horário, um enredo intenso e uma ótima produção, a novela vem obtendo êxito com toda justiça.

Protagonistas de "A Regra do Jogo"
Protagonistas de “A Regra do Jogo”

+ Fragilidades

Como já foi adiantado no início do texto, “A Regra do Jogo” está longe de ser considerado um folhetim ruim, mas tem suas fragilidades, que obviamente contribuem para o seu fracasso. Os erros da trama de JEC não podem ser considerados fora do comum. São algo que se equivalem a falhas de folhetins do passado, que por ironia alcançaram grande sucesso.

Apesar de clichê, as tramas que possuem “vingança” e “grandes segredos”, geralmente causam conflitos mais interessantes e envolventes para o público, mesmo nos dias atuais. “Avenida Brasil” (2012), última trama de João Emanuel Carneiro, possuía esses elementos, e certamente foram eles os pilares do grande sucesso do folhetim.

Em “A Regra do Jogo”, JEC não utiliza tais elementos, ou pelo menos não faz bom uso deles. O autor preferiu apostar em protagonistas sem uma personalidade forte e concreta, criando conflitos com temáticas de “malandragem”, algo bem mais ameno se comparado aos conflitos impactantes de “Avenida Brasil”. Com essa temática “malandra”, a principal vilã, Atena (Giovanna Antonelli), ao invés de odiada, é amada por grande parte do público. Romero, o protagonista principal, que deveria ganhar o posto de mocinho, transita entre o bem e o mal, deixando sua imagem indefinida perante o público.

Os elementos utilizados pelo autor em “A Regra do Jogo” poderiam funcionar em épocas passadas, mas hoje, na atual situação do horário, dificilmente surtem efeito.

“Império” foi um exemplo recente de novela que começou mal, lenta, aparentemente sem grandes pretensões, mas que depois entrou nos trilhos e terminou por cima. “A Regra do Jogo” ainda está no início, e a tendência é que diante do fracasso, haja alterações e possa ficar mais intensa e talvez mais interessante para o público nos próximos capítulos. O seu futuro ainda é uma incógnita. Promover mudanças bruscas com uma trama em andamento pode ser uma tarefa complicada e que pode causar um desastre ainda maior, mas como televisão vive de números, tais mudança devem ser necessárias. Independente do resultado final, a Globo deve enxergar que o horário está no ápice do desgaste e que precisa começar a se reinventar, senão, a tendência é de queda e quebra absoluta de hegemonia.

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Formado em jornalismo, fui um dos principais jornalistas do TV Foco, no qual permaneci por longos anos cobrindo celebridades, TV, análises e tudo que rola no mundo da TV. Amo me apaixonar e acompanhar tudo que rola dentro e fora da telinha e levar ao público tudo em detalhes com bastante credibilidade e forte apuração jornalística.