R$561M em dividas: Gigante do amendoim entra em colapso e luta contra falência em 2025

Empresa gigantesca na produção de alimentos, principalmente de amendoim, entra em recuperação judicial após colapso financeiro.

02/06/2025 8h00

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Gigante do amendoim entra em recuperação judicial para escapar da falência (Foto Reprodução/Montagem/Tv Foco/Lennita)

Empresa gigantesca na produção de alimentos, principalmente de amendoim, entra em recuperação judicial após colapso financeiro: dívida ultrapassa R$ 561 milhões

E uma das maiores produtoras e exportadoras, gigante no setor de óleo de amendoim do país, entrou com pedido de recuperação judicial em 13 de maio de 2025, na 4ª Vara Cível de Petrópolis (RJ), para escapar da falência após entrar em um colapso financeiro.

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Trata-se da CRAS Brasil, que mesmo com um faturamento de R$ 460 milhões em 2023 — um crescimento de 5% em relação ao ano anterior —, a companhia não conseguiu evitar o agravamento de sua crise de liquidez.

Além disso, as dívidas já estão na casa dos R$ 561 milhões, com débitos distribuídos entre os principais bancos do país.

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Conforme citamos acima, esse pedido marca uma tentativa de manter a operação da empresa e evitar a falência de um dos principais grupos agroindustriais do país.

Sendo assim, a partir de informações coletadas através do Canal Rural e Agri Brizz, a equipe especializada em economia do TV Foco traz mais detalhes sobre o caso e as futuras expectativas da empresa.

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Endividamento bilionário e entraves ao crédito

A situação financeira da CRAS se deteriorou com rapidez nos últimos meses.

A empresa acumula uma dívida de R$ 84,3 milhões com o Banco do Brasil e de R$ 74,6 milhões com a Caixa Econômica Federal.

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Há também valores expressivos em aberto com Bradesco, Itaú e Santander, embora os montantes exatos não tenham sido detalhados publicamente.

Em paralelo, a companhia tentou, sem sucesso, emitir um novo Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), que poderia levantar entre R$ 150 e R$ 200 milhões.

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A operação foi abortada em razão da crescente desconfiança dos investidores frente ao cenário do agronegócio, agravada por precedentes como o pedido de recuperação judicial da AgroGalaxy.

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A CRAS Brasil é considerada uma gigante no setor de amendoins e mais (Foto: Reprodução/ Internet)

Essa impossibilidade de captar novos recursos por meio do mercado de capitais foi decisiva para o colapso de liquidez da CRAS.

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Em 2023, a empresa havia conseguido emitir um CRA de R$ 50 milhões, voltado para reforço de estoque e compra de matéria-prima, mas o valor não foi suficiente para sustentar a estrutura financeira do grupo diante da escalada de obrigações.

O que é a CRAS Brasil?

  • Fundada em 2011, a CRAS Brasil consolidou sua atuação com foco no processamento de amendoim em sua planta industrial localizada em Itaju, no interior de São Paulo.
  • A unidade tem capacidade para processar até 70 mil toneladas por ano.

Inclusive, a empresa também investiu em diversificação, ampliando sua atuação para os segmentos de:

  • Madeira;
  • Energia;
  • Produção de sementes, com parcerias estabelecidas com instituições de pesquisa como a Embrapa e o Instituto Agronômico de Campinas (IAC).

Apesar da expansão e da presença em cadeias produtivas estratégicas, a dependência de capital externo para financiar crescimento tornou-se um fator de risco.

CRAS Brasil
CRAS Brasil pede pela recuperação judicial após dívidas (Foto Reprodução/CRAS Brasil)

O colapso do crédito e o aumento da seletividade dos investidores, especialmente em relação a empresas com alto grau de endividamento, criaram um ambiente hostil à continuidade dos planos de expansão da CRAS.

Efeitos no mercado financeiro e fundos de investimento

O pedido de recuperação judicial teve repercussões imediatas no mercado financeiro, sobretudo entre fundos com exposição à dívida da CRAS.

O fundo CPTR11, gerido pela Capitânia, foi um dos mais afetados:

  • O fundo, com 3,8% alocado na CRAS Brasil, já alertava para o risco de crédito e monitorava a situação da empresa.
  • A crise mostra os efeitos em cadeia da inadimplência de grandes empresas do agronegócio no financiamento e na confiança do mercado.
Agro Galaxy também pediu pela recuperação judicial (Foto Reprodução/TMA Brasil)
Agro Galaxy também pediu pela recuperação judicial (Foto Reprodução/TMA Brasil)

O caso CRAS se soma a uma série de episódios recentes que acenderam alertas sobre a robustez do crédito privado agro no Brasil.

Ao procurar manifestações extras ao caso, as mesmas não foram encontradas, no entanto, o espaço segue em aberto.

Perspectivas e próximos passos

A CRAS Brasil permanece em operação enquanto articula seu plano de recuperação.

A expectativa está na proposta da assembleia: ela precisa ser de qualidade e economicamente viável a médio e longo prazo.

O mercado observa com cautela, especialmente diante da desconfiança instalada após outros pedidos de recuperação no setor.

A aprovação do plano dependerá da articulação com os principais credores — bancos públicos e privados —, que concentram parte substancial da dívida.

A manutenção da confiança na operação e no fluxo de produção da empresa será crucial para evitar uma espiral de colapso.

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O que é a recuperação judicial?

No caso da CRAS, por exemplo, ela recebeu 60 dias, contados a partir do deferimento do pedido, para apresentar um plano de recuperação aos credores.

Esse plano deverá incluir a reorganização das dívidas, prazos de pagamento, possíveis deságios e as garantias que sustentem a continuidade da operação.

A proposta será submetida à assembleia geral de credores, que poderá aprová-la ou rejeitá-la. Caso o plano não seja aceito, a falência passa a ser o desfecho provável.

Durante o período de tramitação da recuperação, ficam suspensas execuções e cobranças judiciais contra a empresa, o que garante espaço para negociação e estabilidade mínima para a operação.

Conclusão:

Em suma, a recuperação judicial da CRAS Brasil reflete os limites de um modelo de crescimento baseado em endividamento, em um ambiente de crédito cada vez mais restritivo.

A empresa, mesmo com histórico de expansão e atuação estratégica, não resistiu à perda de confiança do mercado e ao fechamento das linhas de financiamento.

Agora, o futuro do grupo depende da eficácia de seu plano de reestruturação e o caso serve como um alerta para todo o setor agroindustrial.

Mas, para saber mais sobre essas histórias de falências, retomadas e muito mais, clique aqui*.

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Autor(a):

Lennita Lee é jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.

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