Globo é atacada na web por abordar temas polêmicos de modo parcial


"Encontro" e "Fantástico" trataram de tema polêmico de modo unilateral. (Foto: Montagem/Reprodução/TV Globo)
"Encontro" e "Fantástico" trataram de tema polêmico de modo unilateral. (Foto: Montagem/Reprodução/TV Globo)
“Encontro” e “Fantástico” trataram de tema polêmico de modo unilateral. (Foto: Montagem/Reprodução/TV Globo)

O “Fantástico”, como já se torna comum nos últimos tempos, voltou a abordar temas polêmicos. A decisão do dominical da Globo de realizar matérias que dividem a opinião do público acaba se tornando natural diante do seu conceito tradicional de retratar todas as notícias relevantes que ocorrem no Brasil e no mundo. Especialmente diante dessa polarização, histeria e afloração ideológica e política enfrentada atualmente pelo nosso país, que passou a ser divido entre partido “A” e “B”; conservadores e liberais, e “esquerdistas” e “de direita”.

E é justamente por essa questão que o programa deve tomar um cuidado especial ao produzir determinados conteúdos para não ser alvo de um desses lados. Talvez seja impossível realizar um trabalho a fim de agradar todos os públicos, mas é preciso estar atento ao cumprir o seu bom papel jornalístico e imparcial.

No domingo (08), o programa realizou uma matéria sobre intolerância. A atração falou sobre o controverso caso em que crianças interagem com um homem completamente sem roupa em uma performance no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). Fotos e vídeos mostrando essa interação, que ocorreu na última semana, se espalharam pela internet, e o fato tornou-se um assunto de muita discussão, onde a maioria do público, com muitos conservadores, criticou fortemente a situação envolvendo crianças, enquanto que outra ala, formada principalmente por liberais e artistas, saíram em defesa da exposição. Na mesma matéria, foi retratado o caso de outra exposição, essa realizada em Porto Alegre, que sofreu boicote de muitos indivíduos, sendo acusada de fazer apologia à pedofilia, zoofilia e profanar contra símbolos religiosos. A exposição acabou sendo fechada por decisão do banco que a patrocinava.

Chamou a atenção, porém, a maneira como a matéria foi conduzida. Supõe-se que a ideia era apresentar essas questões de maneira isenta, seguindo a filosofia do jornalismo imparcial, levantando um debate, mostrando os dois lados da moeda, ou seja, os que são contra e os que são a favor, e permitindo que o público tome partido e forme sua própria opinião a respeito. “O Fantástico”, todavia, exibiu apenas um desses lados. A matéria foi elaborada quase que de forma unilateral, com depoimentos de especialistas que apresentavam à lei que defende a liberdade de expressão nesses casos, e opiniões de outros que se mostraram a favor da representação e da arte, sugerindo que aqueles que são contra, não passam de intolerantes.

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Nas redes sociais, os internautas detonaram o programa da Globo por abordar o tema de forma considerada parcial: “Vocês só estão mostrando um lado da história. O outro lado da opinião vocês não mostram. Isso sim é censura”; “Bem tendenciosa essa reportagem sobre a censura de arte, além de dizer que uma criança tocar um homem sem roupa não fere o ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente]”; “Hoje é aquela noite em que o ‘Fantástico’ colocou toda a agenda pra ‘tratorar’ a opinião popular, sem direito a nenhum contraditório”.

Na manhã desta segunda-feira (09), a hastag “GloboLixo” já aparecia em primeiro lugar nos trending topics do Twitter. Vale lembrar que alguns dias antes, outra campanha, com a hastag “PedofiliaNãoéArte”, movida pelo público contrário à performance com crianças no MAM, já havia ganhado destaque na rede social.

Seria leviano afirmar que houve parcialidade e uma imposição de opinião por parte do programa de modo proposital. A questão é que, avaliando o que foi ao ar e levando em conta a ideia de isenção de opinião na matéria, o “Fantástico” errou. E isso reforça um erro que é comum no próprio jornalismo brasileiro de forma mais ampla: o de querer promover ou levantar um debate dando espaço apenas a um lado da moeda, geralmente, o liberal. Observa-se que os conservadores, por exemplo, ganham pouco ou nenhum espaço nesses “debates” promovidos por grandes mídias para expor suas opiniões, o que chega a ser curioso, levando em conta que a maioria da população brasileira é, teoricamente, conservadora.

Não se trata de dar espaço em rede nacional a alguns denominados “preconceituosos”, mas simplesmente oferecer o microfone aos que são contra determinada questão, procurando entender por que esse grupo é contra essa questão, algo que poderia provocar até um diálogo melhor entre indivíduos que se opõem. É importante falar que essa não é uma crítica a respeito de alguma ideologia ou grupo citado, apenas à maneira como os debates tidos como imparciais na televisão brasileira não se concretizam desse modo.

Vale, inclusive, uma “menção honrosa” ao “Encontro”, que procura levantar muitos debates polêmicos, mas não são raras às vezes em que os faz de forma parcial, não oferecendo um espaço igualitário de opiniões sobre determinados temas, como o caso que ocorreu na última sexta-feira (08), quando o matinal da Globo também abordou a polêmica envolvendo a exposição no MAM, e deu espaço quase que majoritário aos que são a favor — incluindo os atores Bruno Ferrari e Andreia Horta — , mas pouco aos que são contra, além de quase ter repreendido quem se manifestou contrário à questão, como ocorreu com uma simpática senhora da plateia.

As opiniões aqui retratadas não refletem necessariamente a posição do TV FOCO e são de total responsabilidade de seu idealizador.

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Formado em jornalismo, fui um dos principais jornalistas do TV Foco, no qual permaneci por longos anos cobrindo celebridades, TV, análises e tudo que rola no mundo da TV. Amo me apaixonar e acompanhar tudo que rola dentro e fora da telinha e levar ao público tudo em detalhes com bastante credibilidade e forte apuração jornalística.