O Ministério Público Federal do Rio de Janeiro (MPF – RJ), por meio da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, protocolou, nesta semana, ação civil pública contra a Globo Comunicação e Participações por dano moral coletivo e discriminação racial ao utilizar como esponja de lavar louças, no “BBB 16”, um boneco black power.
Diversas representações contra a emissora foram recebidas na Seção de Atendimento ao Cidadão do Ministério Público Federal (MPF) sob a alegação de que o objeto reforça um estigma de comparação entre o cabelo crespo e uma esponja de aço e contribui para ofender a imagem do negro no país, diz publicação do MPF.
A primeira aparição do boneco foi no programa “Mais Você”, de Ana Maria Braga, no dia 19 de janeiro de 2016 – mesmo dia da estreia da 16ª edição do “BBB”. A repercussão negativa diante da exibição do objeto foi imediata. Internautas de todo o país questionaram a repudiaram a utilização do utensílio, ato considerado inadequado e preconceituoso em relação à população negra.
Mesmo diante da polêmica, e com toda a repercussão negativa, a Globo decidiu manter a esponja no cenário da atração. O objeto só não foi utilizado como esponja lava-louças no reality porque Ronan deu uma destinação diversa a ele.
“Um dos participantes do reality show, que é negro, identificou de pronto a inadequação do objeto e ele mesmo retirou o boneco da pia e passou a utilizá-lo como um simulacro de microfone”, relatam os procuradores da República Renato Machado e Ana Padilha Oliveira, autores da ação.
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“A representação do cabelo Black Power como esponja de pia faz uma clara alusão ao estereótipo racista do ‘cabelo para ariar panela’ ou ‘cabelo Bombril’, servindo apenas para reforçar o preconceito, ainda intrínseco a muitos setores da sociedade, desde a abolição da escravatura’”, argumentam os procuradores.
Punição para a Globo
Além na reparação dos danos morais coletivos causados pela Globo, no valor que não pode ser inferior a 0,5% do faturamento do “BBB 16” (só antes da estreia, o programa faturou R$ 190 milhões), o MPF quer ainda a veiculação, durante a exibição do “Mais Você”, bem como durante o horário nobre em que era exibido o reality show, de uma retratação pela emissora à população negra pela utilização do boneco-esponja.
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