Depois de novas regras e mudanças na publicidade governamental, emissora pode ser prejudicada financeiramente
Desde que Jair Bolsonaro tomou posse como presidente, alguns de seus apoiadores revoltados com a Rede Globo enchem a boca para dizer que “Agora a mamata vai acabar”. Isso porque, muitos que gostam do governo de Bolsonaro atacam a linha editorial do jornalismo da TV Globo, dizendo que são tendenciosos e até que fazem de tudo para detonar o governo.
Sabemos que o jornalismo, popularmente conhecido como quarto poder da democracia é disruptivo e deve trabalhar como interesse da população. Denunciar, propagar notícias de forma isenta e abrir o jogo de tudo o que acontece nos bastidores, é a principal função do jornalismo e a Globo parece se preocupar com isso.
Mas a rincha de Bolsonaro com relação ao jornalismo da Rede Globo é bem clara e em muitas oportunidades atacou a emissora. Esse possível conflito dele com a TV carioca deve ser o principal motivo pelo qual a queda de investimentos federais em propaganda da emissora vem caindo cada vez mais.
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Em declaração, Bolsonaro disse em vídeo que não colocaria mais dinheiro na emissora: “Essa imprensa lixo chamada Globo […] Não vou dar dinheiro pra vocês!”. O presidente ainda mandou uma direta para o canal com relação a sua concessão: “E 2022, não é ameaça não, assim como eu faço pra todo mundo, vai ter que estar direitinho a contabilidade pra que você possa ter sua concessão renovada”, afirmou de forma enérgica no gradil onde costuma atender a imprensa. Em outro momento também esculachou a emissora: “Seus patifes da TV Globo, canalhas!”.
O QUE MUDOU NA VERBA DA GLOBO
De acordo com dados da Secom (Secretaria Especial de Comunicação do Planalto), o investimento do governo em propagandas na Globo mudou drasticamente nos últimos anos. Com balanço feito pela Revista Piauí, é possível ver a mudança absurda nos investimentos. Na média anual de propaganda nos governos Dilma e Temer, a TV Globo recebeu R$28,2 milhões, a segunda emissora melhor beneficiada foi a Record, com R$ 11,3 milhões (2,5 vezes menor).
Agora tudo mudou. No ano de 2019, já no governo de Bolsonaro, o Canal dos Marinho faturou apenas R$ 7,4 milhões diante da concorrente Record, que lucrou quase o dobro: R$ 14,2 milhões.
Comparando apenas 2018 e 2019, as diferenças ainda aumentam: No governo Temer, a TV Globo recebeu R$ 19,1 milhões de verbas com propaganda, neste mesmo ano Record e SBT somaram R$ 20,4 milhões. No primeiro ano de gestão Bolsonaro, os números se inverteram: Record e SBT receberam R$ 26,8 milhões e a Globo três vezes menos: R$7,4 milhões.
A questão chave nesta análise é saber qual a base teórica a Secom vem adotando para distribuição das verbas de propaganda. Se a audiência das emissoras e a permeabilidade nas casas dos brasileiros fosse considerada, a maior parte das campanhas do Governo deveriam estar na Rede Globo, já que estatisticamente é mais vista pela população do que as concorrentes.
Esta questão orçamentária na emissora pode significar uma crise financeira grave, levando em consideração o atual cenário de pandemia e recessão econômica no mundo todo. Além disso a Globo foi muito prejudicada com a mudança nos direitos exclusivos de imagem do Futebol, seu principal produto publicitário.
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