FIM DE UMA ERA!
Intervenção do Banco Central e falência: O fim de banco nº1 de SP após 26 anos
12/05/2025 às 10h18

Falência de um dos bancos mais históricos do país expôs falhas graves na regulação financeira e marcou o fim de um ciclo bancário no país após intervenção do Banco Central
No geral, o setor financeiro sustenta o funcionamento da economia nacional. Afinal de contas, ele:
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- Fornece crédito;
- Intermedeia recurso;
- Viabiliza o investimento;
- Influencia diretamente o nível de emprego;
- Impacta o consumo e a produção.
Sendo assim, a confiança na solidez dos bancos é fundamental para a estabilidade econômica.
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Por isso, quando uma instituição quebra, como ocorreu com o Banco Cruzeiro do Sul, o impacto ultrapassa o prejuízo contábil, pois:
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- Minam a credibilidade do sistema;
- Testa a capacidade de resposta do Estado.
Falando nele, o Banco Cruzeiro do Sul, criado em 1989 em SP e com operações destacadas no crédito consignado e financiamento empresarial, começou a entrar em colapso em 2012.
No entanto, o Banco Central interveio, identificou fraudes contábeis e decretou liquidação.
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A falência veio três anos depois, em 2015, e o caso permanece como um dos maiores escândalos financeiros da década de 2010.
Com base nas informações do portal Wiki e do Diário do Comércio, a equipe especializada em economia do TV Foco revisita essa história que marcou para sempre o setor financeiro.
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Linha do tempo da fundação:
- Agosto de 1989 — Fundação: O Banco Cruzeiro do Sul surgiu a partir da empresa Cruzeiro DTVM, vinculada ao Grupo Pullman, que também controlava o grupo varejista Pão Americano.
- 1993 — Nova gestão: A família Índio da Costa comprou o banco, assumiu o controle e iniciou um ciclo de crescimento. Posteriormente, eles expandiram a atuação no setor financeiro e ampliaram os serviços voltados a empresas.
- 1994 — Agente do BNDES: O BNDES habilitou o Cruzeiro do Sul como agente financeiro. O banco passou a operar crédito de longo prazo para empresas, inclusive via FINAME, braço de financiamento de bens de capital do banco estatal.

- 2002 — Fim da atuação junto ao BNDES: No entanto, a parceria com o BNDES foi encerrada. O banco redirecionou sua estratégia para outros nichos, como middle market e crédito consignado.
- 2003 — Designação como dealer oficial do Tesouro: O Banco Central nomeou o Cruzeiro do Sul como dealer oficial para negociar títulos públicos federais no mercado secundário. A função colocava o banco em posição privilegiada no circuito financeiro institucional.
- 2004 — Ampliação para crédito consignado: O banco ingressou no segmento de crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS, e logo depois lançou um cartão de crédito com desconto em folha. Esse tipo de operação se tornaria seu carro-chefe.
- 2007 — Consolidação no middle market: Até março de 2007, o banco mantinha 142 clientes corporativos nesse segmento e uma carteira de crédito de R$ 214,7 milhões, com foco em antecipação de recebíveis.
Linha do tempo dos primeiros sinais de colapso:
- 2011 — Primeiros sinais de colapso: A agência Moody’s rebaixou a nota de crédito do Cruzeiro do Sul por dificuldades recorrentes na captação de recursos. A instituição começou a depender excessivamente de garantias do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
- 4 de junho de 2012 — Intervenção do Banco Central: O Banco Central interveio na instituição após identificar fraude contábil envolvendo créditos fictícios. O rombo estimado era de R$ 1,3 bilhão, resultando em patrimônio líquido negativo de R$ 150 milhões.
Com isso, a gestão do banco passou ao FGC, sob Regime de Administração Especial Temporária (RAET) por 180 dias. Além disso, a família Índio da Costa foi afastada do controle.
- 18 de junho de 2012 — Abertura de inquérito: O Banco Central formou uma Comissão de Inquérito para apurar os crimes financeiros. As investigações envolveram também as empresas controladas: Cruzeiro do Sul Holding Financeira, a corretora Cruzeiro do Sul S.A. e a securitizadora vinculada.
- 14 de agosto de 2012 — Rombo maior que o previsto: A situação ficou ainda mais delicada quando a auditoria do FGC apontou que o buraco nas contas superava R$ 2,2 bilhões, com necessidade de ajustes contábeis superiores a R$ 3,1 bilhões. A situação inviabilizou qualquer operação de salvamento ou venda.

A falência:
- 14 de setembro de 2012 — Liquidação extrajudicial: Sem interessados na compra e diante da fraude, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do banco. A medida encerrava formalmente as operações e colocava todos os bens e ativos sob administração judicial.
- 11 de agosto de 2015 — Decretação da falência: A Segunda Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo decretou a falência do Banco Cruzeiro do Sul. A decisão veio após a constatação da impossibilidade de pagar os credores e reestruturar a instituição.
Rateio parcial a credores
Em outubro de 2024, a massa falida anunciou a distribuição de R$ 911 milhões a credores, frente a uma dívida total superior a R$ 7,7 bilhões — sendo R$ 5 bilhões em dívidas quirografárias (sem garantia real).
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A distribuição ocorreu 12 anos após o colapso, com perdas substanciais para investidores, fundos e fornecedores.
Quais foram as manifestações e consequências do colapso do Banco Cruzeiro do Sul?
Não houve grandes protestos populares relacionados à falência do Banco Cruzeiro do Sul.
Por ser uma instituição voltada a operações específicas de crédito, sem grande base de correntistas, o impacto social direto foi restrito.
No entanto, o episódio gerou reações contundentes de reguladores, do mercado e da imprensa econômica.
As entidades reguladoras reforçaram normas de transparência contábil e apertaram os critérios de supervisão sobre ativos e derivativos.
O episódio também influenciou debates no Congresso Nacional sobre responsabilidade de administradores financeiros e sobre a atuação do FGC em resgates de instituições.
Conclusão:
Em suma, o colapso do Banco Cruzeiro do Sul revelou deficiências na governança interna e na fiscalização contábil.
A resposta do Banco Central, embora reativa, foi decisiva para evitar danos maiores ao sistema. O caso reforçou a importância da transparência, do compliance e da vigilância regulatória.
Como episódio histórico, ele ilustra o custo da fraude bancária em um sistema que ainda caminha rumo à maturidade institucional plena. Mas, para saber mais sobre outros bancos e histórias como essa, clique aqui*.
Autor(a):
Lennita Lee
Meu nome é Lennita Lee, tenho 34 anos, nasci e cresci em São Paulo. Viajei Brasil afora e voltei para essa cidade para recomeçar a minha vida.Sou formada em moda pela instituição "Anhembi Morumbi" e sempre gostei de escrever.Minha maior paixão sempre foi dramaturgia e os bastidores das principais emissoras brasileiras. Também sou viciada em grandes produções latino americanas e mundiais. A arte é o que me move ...Atualmente escrevo notícias sobre os últimos acontecimentos do cenário econômico, bem como novidades sobre os principais benefícios e programas sociais.