Intervenção do Banco Central e rombo de R$515M: O fim de banco nº1 do RJ e venda ao Itaú
04/06/2025 às 10h08

Uma crônica do fim: Saiba o que causou a extinção de um dos principais bancos do Rio de Janeiro após intervenção do Banco Central e rombo milionário
Conforme sempre frisamos, o setor financeiro exerce um papel central no funcionamento da economia de qualquer país. Nele se estruturam os:
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- Fluxos de crédito;
- Investimento;
- Arrecadação;
- Pagamento.
Além disso, ainda sustentam a atividade produtiva, a geração de empregos e a execução das políticas públicas.
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No entanto, entre as instituições que compuseram a engrenagem financeira do Brasil no século XX, os bancos estaduais desempenharam função estratégica, operando como braços financeiros dos governos locais.
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Nesse contexto, o Banco do Estado do Rio de Janeiro (BANERJ) não foi apenas um banco: foi símbolo da estrutura fiscal fluminense e instrumento de intermediação entre Estado e sociedade.
Porém, sua ascensão e posterior extinção revelam, com clareza dramática, os limites de um modelo estatal de finanças públicas mergulhado em crise estrutural, entre rombos e até mesmo uma intervenção do Banco Central.
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Sendo assim, a partir de informações do portal Wiki, a equipe especializada em economia do TV Foco mergulha novamente nesses fatos, os quais marcaram a história financeira do nosso país.
1945–1975 – Formação e consolidação de uma identidade estatal:
Em 1945, surgia o primeiro embrião do BANERJ, o qual na época carregava o nome de Banco da Prefeitura do Distrito Federal S.A., fundado para atender às demandas financeiras do antigo Distrito Federal.
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Posteriormente, com a fusão dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, o banco passou a se chamar Banco do Estado da Guanabara (BEG), sendo assim incorporado ao Banco do Estado do Rio de Janeiro (BERJ).
Porém, após uma fusão institucional, o BANERJ foi de fato concretizado e formou um novo ente federativo.
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Nas décadas seguintes, a instituição conseguiu:
- Expandir sua presença territorial;
- Consolidar seu papel estratégico;
- Operar a arrecadação de tributos estaduais;
- Realizar o pagamento da folha de servidores públicos, aposentadorias, pensões e benefícios vinculados ao Estado.
Com mais de 250 agências, o BANERJ mantinha presença em todos os municípios fluminenses e em todas as capitais do país.

1987 – Primeira intervenção do BC:
Em 20 de fevereiro de 1987, o Banco Central decretou a primeira intervenção no BANERJ, instaurando um Regime de Administração Especial Temporária (RAET).
A medida, então classificada como “provisória”, visava reorganizar as finanças e sanear a instituição.
Porém, essa intervenção refletiu os:
- Problemas de liquidez;
- Deterioração de ativos;
- Excessiva dependência de recursos públicos para manutenção da operação do banco.
1994 – Um rombo milionário:
Em dezembro de 1994, o cenário se agravou. O banco, agora classificado entre os 20 maiores do país, revelou um rombo de R$ 515 milhões.
Já as garantias existentes somavam apenas R$ 400 milhões.
A insuficiência de garantias frente à dívida expôs não apenas a má gestão financeira, mas também a fragilidade estrutural do modelo bancário estatal.
Foi aí que o Banco Central interveio novamente, mantendo o BANERJ sob regime especial de administração.

1996 – Sob nova direção:
Em janeiro de 1996, o governo estadual transferiu a administração do banco ao Banco Bozano Simonsen, vencedor de uma concorrência pública.
Durante essa nova gestão, foram adotadas medidas mais duras:
- Demissão de cerca de 5.800 funcionários (quase metade do quadro);
- Fechamento de 12% das agências;
- Imposição de taxas de manutenção até então inéditas no sistema estadual.
Porém, apesar do choque, o BANERJ voltou a apresentar lucros:
- Implementou melhorias tecnológicas, como a rede de autoatendimento Caixa Verde;
- Integra a sistemas nacionais;
- Por fim, criou seu primeiro site institucional.

1997 | Privatização e Venda ao Itaú:
Já no ano de 26 de junho de 1997, o BANERJ foi oficialmente leiloado na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro.
Seu patrimônio líquido estimado era de R$ 181 milhões.
O banco foi arrematado por R$ 311 milhões pelo Itaú, único proponente no leilão, adquirindo 99,97% do capital social da instituição.
A operação resultou na transferência de:
- 190 agências;
- 1,7 milhão de clientes;
- Toda a infraestrutura comercial para o novo controlador privado.
Em suma, o Estado do Rio de Janeiro transferiu os ativos remanescentes ao BANERJ DTVM, enquanto os passivos — estimados em R$ 3,1 bilhões — permaneceram sob responsabilidade do próprio governo estadual.
1997–2004 – Uma extinção silenciosa
Imediatamente após a aquisição, o Itaú iniciou a substituição da identidade institucional do BANERJ.
O conglomerado privado absorveu e converteu toda a rede de atendimento, os cartões, os serviços bancários e os canais eletrônicos para seus próprios padrões.
A rede Caixa Verde foi desativada e o nome BANERJ deixou de ser utilizado nas operações correntes já no final de 1997.
Em 2002, a agência de São Paulo foi fechada.

Em 2003, o governo do Estado utilizou o banco para obter um empréstimo de R$ 600 milhões e viabilizar o pagamento do 13º salário dos servidores — um último gesto de relevância institucional.
O contrato de exclusividade como agente financeiro do governo estadual expirou em 2004.
Sem renovação, o Itaú anunciou a incorporação total do banco em duas etapas, concluída em dezembro daquele ano.
2011 – O último capítulo do BANERJ
Em 20 de maio de 2011, o Bradesco comprou o Banco do Estado do Rio de Janeiro (BERJ), último remanescente do antigo sistema estadual, por R$ 1,773 bilhão.
O valor englobava o direito de operar as contas dos mais de 400 mil servidores estaduais.
O banco, que funcionava como herança residual do BANERJ, foi inteiramente absorvido pelo novo grupo controlador.
Com a operação, encerrava-se oficialmente a trajetória de um dos maiores bancos estaduais do país.
O que aconteceu com o que sobrou do BANERJ?
Ainda durante o processo de desmonte, ex-funcionários organizaram a Associação dos Antigos Funcionários do Sistema BANERJ, responsável por preservar a memória do banco e seu valioso acervo artístico, documental e institucional.
A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) assumiu, posteriormente, o Edifício Lúcio Costa — antiga sede do BANERJ, conhecido como “Banerjão” — e manteve viva parte da memória arquitetônica da instituição.
Veja o vídeo abaixo:
Conclusão:
Em suma, o BANERJ representou, por décadas, a espinha dorsal do sistema financeiro fluminense.
Sua trajetória, do auge à extinção, expõe os limites do modelo de bancos estaduais, os impactos da má gestão e as consequências políticas de decisões orientadas pela necessidade de caixa.
Além disso, sua dissolução, silenciosa e tecnocrática, é um marco do esvaziamento da autonomia financeira do Rio de Janeiro e da concentração bancária no país.
Seu legado, entretanto, resiste na memória institucional de seus servidores e na história econômica do Brasil.
Mas, para saber mais sobre outros bancos e histórias como essa, clique aqui*.
Autor(a):
Lennita Lee
Meu nome é Lennita Lee, tenho 34 anos, nasci e cresci em São Paulo. Viajei Brasil afora e voltei para essa cidade para recomeçar a minha vida.Sou formada em moda pela instituição "Anhembi Morumbi" e sempre gostei de escrever.Minha maior paixão sempre foi dramaturgia e os bastidores das principais emissoras brasileiras. Também sou viciada em grandes produções latino americanas e mundiais. A arte é o que me move ...Atualmente escrevo notícias sobre os últimos acontecimentos do cenário econômico, bem como novidades sobre os principais benefícios e programas sociais.