Há 18 anos na Globo, Manuela Dias já trabalhou com João Ubaldo Ribeiro e Geraldo Carneiro no seriado ‘Faça Sua História’ (2008); colaborou com Mauro Wilson no seriado ‘Aline’ (2009 e 2011) e em ‘A Grande Família’ (2012); e também com uma grande variedade de programas como ‘Fama’, ‘Sandy e Júnior’, ‘Zorra Total’, ‘Bambuluá’, entre outros.
Em 2011, a autora começou a escrever para as novelas, colaborando com ‘Cordel Encantado’, de Duca Rachid e Thelma Guedes, e ‘Joia Rara’, vencedora do Emmy de melhor novela em 2014. Nesse mesmo ano, Manuela lançou no Festival do Rio seu primeiro longa-metragem como diretora, “Love Film Festival” – filme rodado em quatro países ao longo de seis anos, protagonizado por Leandra Leal e o ator colombiano Manolo Cardona. Manuela também assina o roteiro do longa “Floresta que se Move”, junto com Vinícius Coimbra. A autora estudou Jornalismo na Universidade Federal da Bahia, se formou em Cinema e estudou em Cuba, na escola de Santo Antônio de losBaños, onde foi aluna de Gabriel García Márquez. ‘Ligações Perigosas’ é a primeira obra de Manuela Dias como autora titular. Nova aposta da Globo, ela vai escrever uma mininovela das 23h para ir ao ar ainda neste ano.
A seguir, Manuela Dias fala sobre a minissérie ‘Ligações Perigosas’, que será exibida em 10 capítulos, e conta como tudo foi feito.
Por que você decidiu adaptar a obra de Choderlos de Laclos para a TV?
Eu tenho uma parceria longa com o Vinícius Coimbra, a gente já fez três filmes juntos. E ele teve a ideia inicial de a gente adaptar o livro, que tem mais de 11 adaptações internacionais, só que são adaptações com um tempo de desenvolvimento mais curto, de filme. A gente viu que o livro tinha muito material. Então conseguimos usar toda a trama, o tecido dramático desses personagens. Por isso essa adaptação é pertinente. Eu tive a supervisão da Duca Rachid, uma supervisão muito generosa, que me deu uma rede de segurança, mas me manteve na corda bamba. E a corda tem que ser bamba porque, sem o perigo, a emoção fica vazia.
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Acredita que a história permanece atual?
Eu acredito que a gente esteja vivendo num momento em que o amor está banalizado de alguma forma. Quando você ama alguém, parece que esse amor está só te impedindo de viver todos os outros amores que estão te esperando no mundo. É como se a ideia de um amor que se realiza na positividade fosse algo quase subversivo. O livro todo tem uma reflexão sobre isso, sobre essa decadência moral no sentido não-construtivo, e por isso acho que serve muito de espelho para a gente hoje em dia. Acho que a gente tem muito com o que se identificar na trama de ‘Ligações Perigosas’.
Por que escolheu ambientar a história na década de 1920?
Não daria para ser uma adaptação dos anos 1960 pra cá porque, a partir daí, houve a libertação feminina, e a valorização da virgindade perdeu sentido. Claro que o machismo e toda a questão feminista continuam pertinentes, mas não mais sob o ponto de vista da virgindade ou da pureza feminina. Além disso, o livro do Choderlos foi escrito num momento de ruptura social, pré-Revolução Francesa. E era importante a gente ter um momento de ruptura, ou seja, ser um momento de virada de costumes. Na década de 1920 tem tudo isso. A gente teve a possibilidade de situar os personagens mais retrógrados ainda dentro de uma postura conservadora, e os personagens mais avant garde dentro de uma postura já da “nova onda”. Para completar, o Vinícius [Coimbra] veio com uma pesquisa estética maravilhosa dos anos 1920, inspirada num livro do fotógrafo Jacques Henri Lartigue. Então encaixou muito bem, tanto do ponto de vista estético quanto dramatúrgico.
E por que decidiu criar uma cidade fictícia?
Optei por não situar numa cidade real pra gente ter liberdade. É uma história que se passa muito dentro dos personagens, dentro das casas, é uma história de muita intimidade. Referências históricas muito fortes não interessavam para a gente do ponto de vista dramatúrgico.
Como foi a sua pesquisa para adaptar a obra?
Pesquisei a importância do livro, que é um romance que marca todo o início da literatura moderna. Mas fiz, sobretudo, uma pesquisa dos personagens dentro do próprio livro. Busquei todas as dicas que o Choderlos de Laclos pudesse me dar sobre a constituição de cada personagem. E também pesquisei os costumes dos anos 1920, para descobrir que tipo de mudança de hábito poderia favorecer o drama da história. Por exemplo, a Iolanda, mãe da Cecília, quer que a filha se vista com espartilho. Só que os anos 1920 trazem uma mudança no vestuário e na silhueta. Então a minha pesquisa foi muito voltada pra isso, descobrir o que eu poderia usar pra marcar época de um jeito orgânico e funcional para o drama.
O que o público pode esperar?
Posso dizer que estou muito satisfeita. O texto é a primeira sugestão, mas é a direção que faz com que cada departamento, figurino, arte, atuação, todos façam a mesma minissérie. E a gente criou um universo, essa unidade é o nosso universo. O trabalho do elenco é muito rico, estão todos muito entregues. Tem um diferencial muito forte de finalização, de esmero em cada detalhe.
Eu acho que o público pode esperar um trabalho de muita emoção, feito com cuidado e muito bem realizado em cada detalhe. Não tem nada que o público vá ver que não tenha sido pensado e repensado e elaborado, e que não esteja ligado a um conceito maior da minissérie. A gente vai ver uma história envolvente, que fala de segredos profundos que a gente se esforça para esconder da gente mesmo. É um momento de revelação dos personagens e nosso, então, acho que vai emocionar.
Clique aqui e confira tudo sobre ‘Ligações Perigosas’, que estreia hoje, logo após ‘A Regra do Jogo’.
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