R$538M e operações encerradas: O fim de banco popular de MG ao ser vendido ao Itaú

A extinção de um dos mais importantes bancos mineiros após ser engolido pelo Itaú sob a lógica das privatizações.

15/06/2025 7h00

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Banco tradicional de Minas Gerais foi extinto após compra pelo Itaú (Foto Reprodução/Montagem/Tv Foco/Lennita/Canva)

A extinção de um dos mais importantes bancos mineiros após ser engolido pelo Itaú sob a lógica das privatizações

Nas últimas décadas, o Brasil viu desaparecer boa parte de suas instituições financeiras estaduais.

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Sob a justificativa de ajuste fiscal e combate a desequilíbrios financeiros, a União incentivou os estados a alienar ou encerrar as operações dos bancos públicos regionais.

Inclusive, esse processo, intensificado durante a década de 90, fez sumir instituições como:

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Neste contexto, o estado de Minas Gerais também integrou essa lista. Em setembro de 1998, o Banco do Estado de Minas Gerais (BEMGE), até então uma das maiores instituições bancárias do estado, foi privatizado e adquirido pelo Itaú.

Inclusive, essa venda representou o fim de uma estrutura histórica que durante mais de três décadas:

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  • Financiou setores estratégicos;
  • Atendeu milhões de mineiros em todas as regiões.

A operação marcou um momento decisivo no reordenamento do sistema bancário brasileiro, com impactos significativos tanto na economia local quanto na vida de milhares de correntistas e servidores públicos.

O fim do BEMGE sintetiza o movimento de retração do Estado no setor financeiro e as consequências dessa política sobre os serviços bancários nas cidades do interior.

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A partir de informações do portal Wiki, a equipe especializada em economia do TV Foco mergulha novamente nessa história, a qual marcou milhares de correntistas mineiros e a construção do nosso sistema financeiro.

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Antiga agência do BEMGE (Foto: Reprodução/ Internet)

Fundação e consolidação regional

O BEMGE foi fundado em 1967, resultado da fusão entre o Banco Hipotecário e Agrícola de Minas Gerais e o Banco Mineiro da Produção.

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Controlado pelo governo estadual, o banco tinha como missão fomentar o desenvolvimento de Minas Gerais por meio da concessão de crédito e de uma rede bancária capilarizada, que alcançava até os municípios mais remotos.

Com o passar dos anos, o BEMGE consolidou-se como o principal banco estadual mineiro, acumulando uma estrutura robusta. No auge de sua operação, a instituição contava com:

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  • 472 agências, sendo 455 em Minas Gerais;
  • 123 postos de atendimento;
  • Cerca de 1 milhão de clientes;
  • Quadro funcional com mais de 7.400 empregados.

A privatização em 1998

O processo de venda do BEMGE foi conduzido pelo governo mineiro sob a gestão de Eduardo Azeredo.

Em 14 de setembro de 1998, o Banco Itaú venceu o leilão de privatização com uma oferta de R$ 583 milhõesvalor 85,6% superior ao preço mínimo estipulado.

O governo estadual celebrou o resultado. O então secretário da Fazenda, João Heraldo Lima, afirmou que o valor ofertado surpreendeu positivamente.

Banco Itaú - Foto: Internet
Banco Itaú comprou o BEMGE e passou a incorporar as suas operações (Foto: Reprodução/Internet)

Por outro lado, o Itaú justificou o investimento como uma estratégia para ampliar sua base no Sudeste e equilibrar a disputa com o Bradesco, principal concorrente no segmento privado.

Efeitos sobre a população e os funcionários

A privatização do BEMGE afetou diretamente o acesso a serviços bancários em diversas regiões de Minas. Em muitos municípios do interior, o banco era a única instituição financeira disponível.

Após a aquisição, o Itaú promoveu o fechamento de diversas agências, deixando cerca de 300 mil pessoas sem atendimento bancário presencial em suas cidades.

Entre outubro de 1998 e setembro de 1999, mais de 2 mil funcionários foram desligados.

A mudança também provocou rupturas administrativas para clientes que precisaram adaptar-se às novas diretrizes, produtos e canais do Itaú.

Expansão do Itaú e resultados financeiros

Com isso, o Itaú absorveu:

  • A carteira de clientes;
  • Estrutura;
  • Patrimônio do BEMGE, fortalecendo-se no cenário nacional.

Inclusive, no primeiro semestre de 1999, o banco registrou lucro líquido de R$ 473 milhões, praticamente o valor investido na aquisição.

Além disso, o negócio consolidou sua posição em Minas Gerais e alavancou sua disputa direta com o Bradesco.

Linha do tempo da trajetória e extinção:

  • 1967 – Criação do BEMGE pela fusão de dois bancos estatais mineiros.
  • Anos 1980-1990 – Consolidação como banco regional de referência em Minas Gerais.
  • 1994 – Rede atinge 489 agências e 235 postos de atendimento.
  • 14 de setembro de 1998 – Leilão público: Itaú arremata o BEMGE por R$ 583 milhões.
  • 1998–1999 Itaú promove cortes: mais de 2.000 demissões e fechamento de dezenas de agências.
  • 2001 – Encerramento formal da marca BEMGE; estrutura incorporada ao Itaú.
  • 2025 – Toda operação está integrada ao Itaú Unibanco, com foco crescente na digitalização de serviços.
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Como está a posição do Itaú em Minas Gerais?

Em 2025, já não tem mais nenhum vestígio das operações do BEMGE e toda sua rede foi integrada, de fato, à estrutura do Itaú Unibanco.

Porém, a presença do banco Itaú em Minas permanece forte, mas ao mesmo tempo cada vez mais digitalizada.

Isso porque, com a ampliação dos canais remotos, o Itaú aposta em seu superapp nacional, o qual reúne grande parte dos serviços bancários.

Aplicativo Itaú
Aplicativo do Itaú (Foto Reprodução/Itaú)

Ou seja, assim como ocorre com outras agências, ela também passou a reduzir gradativamente a dependência de agências físicas — especialmente em áreas urbanasConforme podem ver por aqui.*

Conclusão

Em suma, o fim do BEMGE, formalizado com sua privatização em 1998, representa o encerramento de um capítulo relevante da história bancária mineira.

O governo criou o banco estatal para impulsionar o desenvolvimento regional, mas uma instituição privada o absorveu sob o argumento de ajuste fiscal e modernização administrativa.

A operação garantiu retorno financeiro ao novo controlador e consolidou o Itaú no estado, mas também intensificou o acesso a serviços bancários e desarticulou estruturas locais de atendimento.

Por fim, em 2025, o BEMGE permanece apenas na memória institucional de Minas Gerais — como símbolo de um tempo em que bancos públicos exerciam papel estratégico no interior do país.

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Autor(a):

Lennita Lee é jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.

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