OPINIÃO | Em sua 1ª eleição em rede aberta, Renata Lo Prete dá aula de jornalismo e desbanca os populares Bonner e Renata


Renata Lo Prete no Jornal da Globo (Foto: Reprodução/Globo)
Renata Lo Prete mandou bem nas entrevistas com presidenciáveis no Jornal da Globo (Foto: Reprodução/Globo)
Renata Lo Prete mandou bem nas entrevistas com presidenciáveis no Jornal da Globo (Foto: Reprodução/Globo)

O Jornal Nacional e o Jornal da Globo realizaram entrevistas com os candidatos à Presidência da República mais bem posicionados nas pesquisas recentes de intenções de voto. Entretanto, a postura dos âncoras dos dois telejornais da emissora carioca repercutiram opostamente, com razões muito justificáveis. Enquanto William Bonner e Renata Vasconcellos se saíram mal no JN, Renata Lo Prete deu aula de jornalismo no JG em sua primeira cobertura das eleições presidenciais em rede de televisão aberta.

As entrevistas no Jornal Nacional ocorreram entre os dias 27 a 30 de agosto com os candidatos Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PSL), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede). Após oficialização da candidatura de Fernando Haddad como cabeça de chapa em substituição ao ex-presidente Lula, o candidato petista teve sua entrevista no JN realizada no dia 14 deste mês.

Em todas as entrevistas no JN, o tom extremamente incisivo, as interrupções frequentes, a ausência de discussões de propostas dos candidatos e o grande tempo gasto pelos jornalistas para formulação de perguntas foram marcas expressivas do comportamento de Bonner e Renata. Com isso, os jornalistas receberam diversas críticas tanto por parte da imprensa como de telespectadores, os quais avaliaram negativamente a postura dos globais principalmente por meio de comentários em redes sociais.

Em contrapartida, surgiram justificativas em defesa do comportamento de Renata e Bonner. “As propostas dos candidatos já são mostradas na propaganda eleitoral, não precisam ficar discutindo na sabatina”; “O tom incisivo adotado é o mesmo de eleições anteriores”; “As interrupções são necessárias, uma vez que os candidatos não parariam de falar e fazer campanha”. Inclusive, os próprios âncoras do JN justificavam durante as entrevistas que interrompiam para abrangerem o maior número de assuntos possíveis.

William Bonner e Renata Vasconcellos no "Jornal Nacional" (Foto: Reprodução/Globo)
Bonner e Renata comandaram as entrevistas no JN (Foto: Reprodução/Globo)

Entretanto, todas as justificativas caíram por terra com as entrevistas feitas por Renata Lo Prete no Jornal da Globo, ocorridas esta semana, com Ciro Gomes (PDT) no dia 17, Geraldo Alckmin (PSDB) no dia 18, Fernando Haddad (PT) no dia 20 e Marina Silva (Rede) ontem (21) – Bolsonaro (PSL) não participou em virtude de sua hospitalização.

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Não muito conhecida do grande público, Renata Lo Prete foi editora da coluna Painel do jornal Folha de S. Paulo durante dez anos (2003-2012). Em 2012, deixou a Folha de S. Paulo para se dedicar integralmente ao Globo News, tornando-se editora de política e âncora do Jornal das Dez. Nas eleições de 2012 e 2014 foi âncora do programa Central das Eleições. Em 2014, foi a principal entrevistadora dos presidenciáveis. No final de 2017 foi oficializada como substituta de William Waack, demitido após acusação de racismo, no Jornal da Globo. Além disso, foi efetivada na apresentação do GloboNews Painel.

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A condução de Lo Prete das entrevistas com os presidenciáveis no Jornal da Globo foi imensamente elogiada por todos, justamente por corrigir os erros cometidos pelos colegas do Jornal Nacional. As entrevistas duraram quase o mesmo tempo em ambos os telejornais, sendo 27 minutos no JN e 30 minutos no JG. Lo Prete abordou na maior parte do tempo as propostas do candidato, direcionando seu olhar para possíveis inconsistências e pedindo ao postulante para que esclarecesse tais pontos duvidosos. Ela utilizou um tom inquiridor, porém não se portou como se estivesse brigando verbalmente com o candidato. E, principalmente, Lo Prete não ficou interrompendo o candidato nem “roubando seu tempo”; a jornalista fez perguntas objetivas e deixou o candidato à vontade para desenvolver suas ideias, e quando sentia que havia obtido sua resposta, prosseguia a entrevista de forma que não interrompesse bruscamente.

Nesse cenário, percebe-se que as justificativas usadas na defesa do comportamento dos jornalistas do JN não se sustentaram.  As entrevistas do JG foram abrangentes e até mais esclarecedoras, mesmo sem interrupções constantes. Ademais, não se teve o clima de guerra entre candidato e jornalista, como ocorreu no principal jornalístico da Globo. Conforme pontuado em edição anterior desta coluna, o máximo ocorrido entre Lo Prete e entrevistado foi certo estranhamento, mas não pelo comportamento dela e sim por ser a Globo a emissora promotora da entrevista, o que gera certas situações específicas.

Espera-se que o show de profissionalismo de Renata Lo Prete torne-se exemplo!

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As opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do TV Foco

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Autor(a):

Escreve artigos de opinião sobre televisão desde 2009. Enfermeiro, Mestrando da UFRN, autor de livro - Morte Gêmea - e contos, e apaixonado pelos afins da televisão. Integra a equipe do TV Foco/iG desde maio de 2013, assinando atualmente a coluna semanal ‘Ligado na TV’, na qual lança seu olhar sobre o curioso universo televisivo. (e-mail: [email protected])