Quando Durval de Souza criou, sem dinheiro, um excelente programa na Record


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O colunista James Akel conta a história que viveu na Record

Em 72 a TV Record estava em crise financeira. Os funcionários da área artística estavam sem receber. Funcionários da área técnica recebiam porque se não recebessem poderiam tirar a emissora do ar. E neste cenário foi que Paulinho Machado de Carvalho chamou Durval de Souza e pediu que ele criasse um programa infantil onde pudesse passar desenhos animados antigos que tinham sem custo. E Durval pensou muito e criou o programa chamado “Setinho”.

O programa era ao vivo no principal estúdio da emissora e tinha crianças que iam até a emissora com os pais. No cenário os meninos e meninas comiam um grande bolo e tomavam suco que era conseguido por Durval de Souza através de permuta de publicidade. O suco era Tang, que o fabricante mandava todo dia pras crianças. O bolo era um pão de ló de um metro por um metro todo coberto de creme, da doceira do Mário no Ipiranga, conseguido através de um telefonema do Durval ao dono da doceira.

O sucesso foi rápido pois as crianças queriam comer bolo, tomar suco e aparecer na TV. Pra ter mais sucesso Durval criou as cartas das crianças de casa, que eram citadas durante o programa. E a cada semana mais crianças apareciam no programa e filas enormes delas ficavam por horas do lado de fora da emissora esperando abrir a porta de tarde. Todas as crianças tinham que entrar acompanhadas dos pais. Num certo dia apareceram 2 crianças sem os pais. Eram irmãos, menino e menina de pouco mais de 6 anos. Estavam mal vestidos com roupas sujas e rosto sofrido. Um funcionário foi falar com Durval que tinha este casal de crianças que não tinha ninguém acompanhando. Durval autorizou a entrada das duas crianças e tratou-as como tratava todas as outras. Durval sabia que aquele bolo e suco eram a única comida deles naquele dia. Duas crianças que mal vestidas e sujas sequer tinham pais e moravam com parentes. Isto em 1972.

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A surpresa maior estava pra acontecer durante o programa. No meio do programa daquela tarde, Durval que sempre entrevistava as crianças que estavam no palco, chamou os irmãos e colocou os dois na frente das câmeras como se apresentasse dois grandes artistas, perguntando o nome de cada uma delas. Ao perguntar onde moravam, o menino disse que ele a a irmã moravam muito longe com parentes mas queriam participar do programa. Durval virou-se pras câmeras e disse que aquilo que estavam vendo era o resultado da injustiça social do Brasil. Esta coragem de Durval de dizer o que disse ao vivo na frente das câmeras foi em 1972, durante ditadura militar, onde as pessoas que falavam contra o governo eram presas e torturadas nos porões dos militares.

Depois do programa Durval comentou com este colunista, que o ajudava na produção, que estava com medo do que pudesse lhe acontecer se algum militar tivesse visto o programa. Todos ficamos preocupados mas felizmente nada aconteceu. Quando estava sozinho em sua sala depois do programa comentando sobre as crianças maltrapilhas, Durval chorou por se ver impotente de poder fazer algo a mais pelas crianças. O máximo que se pode fazer foi pedir pra camareira da emissora dar um banho nas crianças e arrumar alguma coisa limpa dentre as pouquíssimas roupas que ainda existiam no guarda roupa da TV Record tão pobre que estava. Por mais poucos dias as duas crianças voltaram ao programa pra se alimentar. Depois não mais as vimos e ficamos pensando nelas por muitos dias.

Durval de Souza

Durval de Souza

Texto: James Akel

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