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Falência: R$280 milhões de dívidas e o triste adeus de montadora IMPORTANTE do país
11/07/2023 às 13h17
Importante montadora de carros, que fez história em nosso país, acabou tendo um triste desfecho
Uma importante montadora do nosso país, que até hoje é lembrada por muitos, teve um triste desfecho após não suportar continuar ativa diante de um cenário conturbado.
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Estamos falando da Gurgel Motors, que foi fundada em 1969 pelo engenheiro eletricista João Amaral Gurgel. Segundo o portal Blocktends, Gurgel foi o primeiro brasileiro a executar uma produção 100% nacional de um veículo.
Foi ali que Gurgel lançaria seu primeiro veículo, o Ipanema.
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História
A Gurgel Motors surgiu em um período de quase obstinação por parte do governo em criar um parque industrial nacional, pautado em atrair indústrias estrangeiras.
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Os anos 60 e 70 marcaram a ascensão dos primeiros grandes subsídios para a indústria automotiva nacional, além de um aumento expressivo nas obras faraônicas que levariam ao chamado “milagre brasileiro”, um período de alguns poucos anos nos quais o PIB brasileiro cresceu até 14% ao ano.
Neste cenário, o Ipanema foi um sucesso, com um aspecto similar ao do Fusca, o veículo popular que se tornaria um símbolo da indústria alemã e deu origem a Volkswagen, o carro popular nacional, logo evoluiria para uma nova versão, um Jipe, chamado por Gurgel de “Xavante”.
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No início dos anos 80, com mais um choque do petróleo, a Gurgel colocou em seu portfólio ao menos 10 veículos, todos movidos a gasolina ou álcool. Neste período a empresa lançou um veículo civil de passeio, com 2 portas e 3.18m de comprimento.
Como os demais veículos, o preço e o fato de o veículo ser extremamente pequeno e sem condições de carregar bagagens, acabaram afastando Gurgel dos consumidores que, devido a esse fato, perdiam o interesse no mesmo.
Carro popular
Vale dizer que o custo elevado de seus veículos dadas as entregas, foi motivo da criação do CENA, o “Carro econômico nacional”, projetado para ser um veículo extremamente barato. Conflitos com a família de Ayrton Senna, porém, levaram o carro a ser rebatizado de “BR800”.
Com preço de $3 mil, o veículo podia ser comprado apenas adquirindo ações da própria Gurgel. Na prática, a empresa buscava meios de se capitalizar, algo que ocorreu com as 8 mil unidades vendidas.
Para os compradores iniciais foi uma boa novidade, dado que 1 ano depois o veículo tinha até 100% de ágio. Ainda assim, o veículo durou pouco.
Porém, nos anos 90, a aposta da Gurgel em “carros populares” encontrou a sua devida concorrência, isso porque o governo de Fernando Collor abriu o mercado isentando de IPI veículos 1.0, atraindo fabricantes como a FIAT.
Começo do Fim …
Vale dizer que a empresa bateu seu recorde de vendas, quando comercializou 3.746 carros em 1991, mas caiu para 1.671 em 1992 devido a greve de funcionários da alfândega brasileira em 1991, que impediu a chegada de componentes da Argentina.
Segundo a Wikipédia, devido a quebra no ritmo de produção quebrou o fluxo de caixa da empresa e as dívidas só se acumularam.
A produção do X12 (único utilitário remanescente desde a abertura das importações no Brasil) foi reduzida drasticamente por conta de abalo entre a concorrência,
Afinal de contas a Volkswagen contava com o modelo 181, similar ao X12, que saiu de linha porque o segundo vendia tão bem que roubou espaço do primeiro. A marca também priorizou a fabricação dos seus carros populares (BR-800 e Supermini).
Foi no ano de 1993, que a Gurgel Motors tentou um acordo com o governador do estado do Ceará, na época, Ciro Gomes, para salvar conseguir salvar a empresa. Mas, foi em vão, e sem apoio do governo, a Gurgel pediu concordata em junho daquele mesmo ano.
Mas de acordo com o portal Blocktends, Ciro afirma que a a história é diferente. A Gurgel Motors tomou um empréstimo de $3,5 milhões no Banco do Nordeste e não pagou, deixando o débito para o governo do estado quitar.
Ciro, era governador do Ceará na época em que a Gurgel pediu ajuda para se salvar, em 1993 (Foto Reprodução/Internet)Falência
A Gurgel Motors ainda tentou mais uma vez se salvar, no ano de 1994, quando pediu ao Governo Federal para um financiamento o valor de 20 milhões de dólares à empresa, mas este foi negado, sendo assim, a fábrica foi declarada falida ainda naquele ano.
Em meio à declaração de falida pelo governo, a empresa conseguiu recorrer da decisão de decretação de falência e ficou ativa até setembro de 1996.
Seus últimos projetos foram:
Supermini 1995: Uma versão com traseira mais reta que o Supermini anterior e seria lançado nesse mesmo ano.
Motomachine: Um minicarro urbano pensado como meio de transporte; as últimas versões de Tocantins (que perdurou de 1992 a 1995) com uma ligeira mudança na grade dianteira e Carajás (sem nenhuma mudança relevante)
Motofour – De conceito similar ao Motomachine, teve um único exemplar fabricado. Durante esse período, a marca ainda produziu mais 130 veículos.
Mas o que aconteceu com a montadora após isso?
Ainda de acordo com a Wikipédia, desde o fim da empresa, a fábrica de Rio Claro ficou nas mãos de um escritório em São Paulo.
E desde o ano de 2001 a justiça vinha tentando vender a fábrica, que enfrentava muitos furtos de peças dos carros ainda inacabados: pelo menos 30 boletins de ocorrência foram feitos.
Após diversas tentativas de venda do terreno da fábrica e seus veículos abandonados, ela só foi leiloada em 2007, por quase R$16 milhões. O dinheiro serviu como pagamento de dívidas trabalhistas, que chegou a quase R$20 milhões.
A montadora Gurgel deixou um lastro de R$280 milhões em dívidas.
Ao longo das mais de duas décadas em operação levaram a criação de 40 mil veículos que hoje representam uma boa relíquia para colecionadores nacionais.
Autor(a):
Lennita Lee
Meu nome é Lennita Lee, tenho 34 anos, nasci e cresci em São Paulo. Viajei Brasil afora e voltei para essa cidade para recomeçar a minha vida.Sou formada em moda pela instituição "Anhembi Morumbi" e sempre gostei de escrever.Minha maior paixão sempre foi dramaturgia e os bastidores das principais emissoras brasileiras. Também sou viciada em grandes produções latino americanas e mundiais. A arte é o que me move ...Atualmente escrevo notícias sobre os últimos acontecimentos do cenário econômico, bem como novidades sobre os principais benefícios e programas sociais.