R$665M: O fim de banco nº1 de Goiânia, GO, após ser vendido ao Itaú por fortuna

Saiba mais sobre o fim do maior banco da capital de Goiás: Do motor do desenvolvimento regional à venda bilionária ao Itaú.

11/05/2025 6h30

6 min de leitura

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Banco tradicional de Goiânia tem fim após ser comprado pelo Itaú (Foto Reprodução/Montagem/Tv Foco/Canva)

O fim do maior banco da capital de Goiás: Do motor do desenvolvimento regional à venda bilionária ao Itaú

Por quase meio século, um dos maiores bancos de Goiânia, capital de Goiás, representou a maior referência e nº 1 em serviços financeiros da região.

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Trata-se do Banco do Estado de Goiás S/A (BEG), o qual também foi símbolo da autonomia econômica do estado e o principal instrumento de fomento ao desenvolvimento regional.

Criado em 1955 por iniciativa do governo estadual, ele contou com o apoio de outras casas bancárias goianas tradicionais como. o:

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  • Banco Imobiliário (do banqueiro Italvino Gomes Pereira);
  • Mercantil do Oeste Brasileiro (da família Cunha);
  • Casa Bancária Vieira Coelho;
  • Pró-Crédito.

Assim, o BEG surgiu como uma resposta à necessidade de financiar o crescimento econômico e estrutural de Goiás.

Ao longo das décadas, o banco estadual expandiu-se por quase todo o território goiano e chegou a outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro.

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No entanto, em meio à onda nacional de desestatizações dos anos 1990, a instituição foi federalizada e, posteriormente, privatizada.

Em 2001, o Itaú arrematou o BEG por R$ 665 milhões, pondo fim à trajetória do maior banco de Goiás.

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Sendo assim, a partir de informações do portal Wiki, a equipe especializada em economia do TV Foco mergulha novamente nesses fatos, os quais marcaram para sempre a região e a história das grandes instituições financeiras do país.

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Banco do Estado de Goiás (Foto Reprodução/Sindicato dos Bancários)

A fundação e o papel regional (1955–1990):

Conforme dito acima, o banco foi fundado em 18 de maio de 1955. Inclusive, o BEG iniciou suas atividades com agências em seis cidades:

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  • Goiânia (capital do estado);
  • Anápolis;
  • Ceres;
  • Ipameri;
  • Nerópolis.

Criado como sociedade de economia mista, o banco operava com capital público e privado, mas sob controle do governo estadual.

Nas décadas seguintes, o BEG consolidou sua presença em Goiás e virou peça-chave na execução de políticas públicas de desenvolvimento.

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Além disso, o banco operava linhas de crédito para:

  • Habitação;
  • Infraestrutura;
  • Agropecuária.

O banco também apoiava pequenos e médios empresários locais.

Assim, a atuação do BEG contribuiu diretamente para a interiorização da economia goiana e para a modernização de setores produtivos.

O que fortaleceu sua imagem como motor da economia estadual.

A expansão e o auge (anos 80 a 1998):

Vale dizer que, desde os anos 80 até o fim dos anos 90, o BEG atingiu seu auge com:

  • 268 pontos de atendimento;
  • 152 agências;
  • 116 postos de serviço.

Assim, o banco conseguiu atingir 188 municípios goianos, além de atuar em São Paulo, Rio de Janeiro e no Distrito Federal.

A estrutura também incluía uma Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários (DTVM) e uma corretora de seguros.

O BEG era o principal canal financeiro do governo estadual e gerenciava o pagamento do funcionalismo público, contratos de crédito com empresas e convênios sociais.

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O antigo Banco do Estado de Goiás era um dos mais importantes em transações na região (Foto: Reprodução/Internet)

Federalização e privatização (1999–2001)

Mas, durante a política de desestatização dos anos 1990, o Governo de Goiás foi pressionado a federalizar o BEG.

A União, em 1999, injetou R$ 417 milhões para sanear a instituição e prepará-la para a venda.

O objetivo era reduzir o risco fiscal dos estados e enxugar a presença estatal no sistema bancário.

No dia 4 de dezembro de 2001, a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro leiloou o BEG.

O lance mínimo estipulado era de R$ 300,72 milhões, mas o Itaú arrematou a instituição por R$ 665 milhões, superando o Bradesco em uma disputa que mais que dobrou o valor inicial.

O governador de Goiás à época, Marconi Perillo, afirmou que o valor arrecadado ajudaria a amortizar parte da dívida do estado com a União, estimada em R$ 9 bilhões.

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O Itaú assumiu o BEG entre 2002 a 2002 (Foto: Marcelo Alves / Flickr)

Promessas, fechamento de agências e críticas (2002–2005)

Logo após a compra, o Itaú incorporou toda a estrutura do BEG entre os anos de 2001 a 2002.

Com isso, o número de agências do banco em Goiás passou de 19 para 264, ampliando instantaneamente sua capilaridade no estado.

Naquele momento, representantes do Itaú garantiram que não haveria demissões em massa nem fechamento imediato de unidades.

Contudo, em 2005, o senador goiano Demóstenes Torres denunciou no Senado o fechamento de 83 agências do antigo BEG, o que deixou cerca de 80 municípios sem atendimento bancário presencial.

O parlamentar também questionou o fato de o Itaú continuar a movimentar os recursos do governo estadual mesmo após desativar os serviços públicos do banco adquirido.

Até hoje, essa crítica permanece viva em debates sobre o papel social dos bancos privados em estados com baixa cobertura bancária.

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O que restou do BEG após a incorporação pelo Itaú?

Após a incorporação pelo Itaú, o BEG deixou de existir como marca, estrutura e missão:

  • O Itaú Unibanco diluiu o espólio do BEG dentro de sua estrutura administrativa e operacional.
  • O banco reformou ou fechou as agências que ainda operavam sob a bandeira do BEG.
  • A lógica corporativa de rentabilidade substituiu gradualmente a missão original de promover o desenvolvimento regional.

Os arquivos e registros históricos do BEG, inclusive, foram em parte absorvidos pelo Banco Central e pelo próprio Itaú, mas não houve preservação formal da memória institucional como patrimônio público.

Conclusão:

Em suma, o BEG marcou a história econômica e social de Goiás como símbolo de autonomia e instrumento de desenvolvimento regional.

A privatização trouxe alívio fiscal ao estado, mas impôs retrocessos no acesso bancário em regiões interioranas.

Inclusive, a promessa de continuidade da cobertura foi logo substituída por um enxugamento estratégico de agências.

Por fim, o banco que nasceu para servir ao povo de Goiás foi absorvido por uma lógica que respondeu a acionistas — não à população.

Mas, para saber mais sobre outros bancos e histórias como essa, clique aqui*.

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Autor(a):

Lennita Lee é jornalista com formação em Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e experiência em reportagens sobre economia e programas sociais. Com olhar atento e escrita precisa, atua na produção de conteúdo informativo sobre os principais acontecimentos do cenário econômico e os impactos de benefícios governamentais na vida dos brasileiros. Apaixonada por dramaturgia e bastidores da televisão, Lennita acompanha de perto as movimentações nas principais emissoras do país, além de grandes produções latino-americanas e internacionais. A arte, em suas múltiplas expressões, sempre foi sua principal fonte de inspiração e motivação profissional.

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