Renata Sorrah comenta personagem de Vale Tudo


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Enquanto as novelas atuais amargam índices cada vez menores de audiência, sucessos do passado voltam a empolgar o público. Foi assim com Pantanal, trama da extinta Manchete reprisada em péssima reedição pelo SBT em 2008, com Senhora do Destino, que no ano passado deixou o vespertino Vale a Pena Ver de Novo com 21 pontos no ibope, e agora com Vale Tudo, que há mais de um mês vem rendendo ao Viva, canal-refugo da Rede Globo, a liderança entre as TVs pagas. Vale Tudo é exibida em dois horários 0h45 e 12h – nessa faixa, só perde para programas infantis. Parte da boa performance da trama se deve a personagens fortes como a vilã Odete Roitman, vivida por Beatriz Segall, e, especialmente, sua filha, a bebum Helena, papel que marcou a carreira da atriz Renata Sorrah. Heleninha, como era mais conhecida a personagem, se notabilizou por porres homéricos, por frases engraçadas e pela atuação impecável de Sorrah, que a construiu a partir de visitas aos Alcoólicos Anônimos (AA). Promovida a entidade do imaginário popular – clique aqui para ver se você conhece bem essa entidade -, Heleninha passou a emprestar o nome a quem exagerava na bebida. “As pessoas falavam, ‘Nossa, você está tão Heleninha hoje'”, lembra a atriz.

Recentemente, a popularidade da cria desajustada da megera Odete Roitman vem sendo perpetuada pela internet. Hoje, 22 anos após a primeira exibição da trama de Gilberto Braga, transmitida pela Globo de 1988 a 1989, é possível encontrar dezenas de arquivos com cenas impagáveis de Heleninha bebendo, Heleninha enrolando a língua, Heleninha retorcendo a voz e Heleninha indo ao chão após doses e doses de uísque. A quantidade fica maior a cada semana, já que a reprise da novela dá nova munição aos usuários do Youtube.

Em uma das homenagens que lhes são dirigidas, Helena Roitman aparece em um show da não menos adicta Amy Winehouse. Em outras, Sorrah é dublada por usuários que aproveitam sua irretocável performance para criar outras histórias. Uma das passagens de Vale Tudo que ganharam mais visibilidade e paródias no Youtube é a do mambo caliente (veja abaixo), quando uma já bem calibrada Heleninha vai para a pista de dança de um bar e pede ao disc-jóquei que toque “um mambo bem caliente”. “Com os revivals do canal Viva, a gente pode constatar que não se fazem mais artistas como antigamente. Aqui eu me lavei de rir da Heleninha e me impressionei com a Renata”, comenta um dos usuários do site de compartilhamento de vídeos. “Simplesmente demais, maravilhosa! Renata Sorrah (através da personagem) consegue ir do drama a comédia, extravasar de alegria por fora (através do álcool) quando por dentro chora”, filosofa outro.

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Não se pode negar que o bordão “Quem Matou Odete Roitman” entrou para a história da TV brasileira. Mas o fato de Heleninha, uma personagem que não era nem a vilã, nem a mocinha da novela, se sobressair na trama deve-se tanto à qualidade do trabalho de Sorrah como à força da própria personagem. “Ela não era apenas uma alcoólatra. Era uma mulher frágil, uma artista, inteligente, sensível e totalmente carente. Uma personagem complexa, ótima de fazer”, diz a atriz. Renata Sorrah concedeu entrevista exclusiva ao site de VEJA.

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Todo mundo tem dias de Heleninha?
Ah, sim. Algumas pessoas usam a bebida como fuga ou para parecerem legais.

Ela era uma alcoólatra típica?
Não apenas uma alcoólatra. Era uma mulher frágil, uma artista, uma pessoa inteligente, sensível e totalmente carente. O problema é que a mãe (Odete Roitman) imputava a ela a culpa sobre a morte do irmão, num acidente de carro em que ela não teve responsabilidade. E ela carregava essa culpa sempre. Era uma personagem complexa, ótima de fazer.

Como foi construída a personagem?
De cara, eu decidi que tinha de ir a algumas reuniões do AA (Alcoólicos Anônimos). Aí, eu descobri o que era uma pessoa alcoólatra. Que não se trata de um vício, mas de uma doença. Nos encontros, conheci pessoas que haviam deixado de beber fazia 20 anos, como um senhor a quem perguntei se estava curado e ele me explicou que a pessoa com essa doença nunca se pode considerar-se livre. Você consegue se livrar do vício, mas tem de se policiar sempre, pois um dia ele pode te passar uma rasteira.

Na época, você chegou a ser convidada para fazer alguma campanha de combate ao alcoolismo?
Não. Uma vez, brincaram, dizendo que o Engov poderia me convidar para fazer algo, mas nunca aconteceu (risos).

Se, a exemplo de Silvio de Abreu, que costuma resgatar personagens em novas tramas (Aracy Balabanian como Dona Armênia), Gilberto Braga quisesse retomar a Heleninha, você faria de novo o papel?
Eu adoraria. Até penso na história. Seria uma mulher mais velha e que ainda não superou o problema. Talvez fosse o caso de mostrar a relação dela com o filho, agora.

Naquela época, houve algum encontro pitoresco ou constrangedor com fãs?
O personagem fez um sucesso incrível e virou moda. As pessoas falavam, “Nossa, você está tão Heleninha hoje”, mas eu só tive alegrias no contato com os fãs. Lembro que recebi muitas cartas de alcoólatras que escreveram que eu estava ajudando na recuperação deles. Gostaram de ver na TV que outras pessoas lutavam contra a bebida como eles.

Com a reexibição da novela, os fãs voltaram a falar do assunto com você?
Sim. As pessoas estão adorando rever a novela. Tanto quem viu da primeira vez quanto os mais jovens, os que ouviram falar da Heleninha e só agora podem conhecê-la ou os que já tinham visto alguma coisa no YouTube. Aliás, as pessoas comentam bastante sobre as roupas e os cortes de cabelo da época e também sobre a maneira de falar das pessoas.

Na sua opinião, Vale Tudo envelheceu bem?
Essa novela é contemporânea, não envelheceu. Nós, atores, envelhecemos, a novela, não. O texto não envelheceu. O método e o jeito de os atores interpretarem são atuais. A iluminação também é muito boa, com claros e escuros bem utilizados. Após 22 anos, Vale Tudo poderia parecer uma novela mexicana, mas continua dentro dos nossos padrões de qualidade.

A novela foi ao ar em 1988, início do período de redemocratização do país. A TV hoje é mais livre do que naquela época?
Não. Aquele período era muito livre. Vale Tudo tratava de assuntos políticos que não são mais abordados pelos folhetins. E, quando falava de ética ou de questões de saúde como o alcoolismo, não era da maneira politicamente correta que domina os tempos atuais. Outra coisa é que todo mundo fumava, você vê cigarro a toda hora na novela. Hoje, não se pode mais fumar, só em casos específicos. Aquela era uma época mais livre.

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