A tecnologia é o ponto forte e o diferencial da nova versão!
Em primeiro lugar, saliento que não é a intenção comparar à produção cinematográfica a novela, apenas mostrar alguns elementos que se assemelham entre as duas, quando necessário.
A Rede Globo, como mesmo definiu nas chamadas, estreou essa semana sua ‘nova magia das 23h’. “Saramandaia” é um remake da obra original escrita por Dias Gomes e exibida pela primeira vez em 1976, marcando época na emissora.
A nova versão da trama tem autoria de Ricardo Linhares, direção de núcleo de Denise Saraceni e direção geral de Denise Saraceni e Fabrício Mamberti.
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O autor fez algumas modificações, acrescentou alguns personagens, no entanto, o que mais difere da trama original é a tecnologia, que antes não era tão avançada; isso permite que a nova versão se torne mais verossímil e moderna.
Baseada no realismo fantástico, a trama em si continua com sua essência surreal e com personagens com características de ‘outro mundo’: um homem que solta formigas pelo nariz, o outro que quase põe o coração pela boca, o que criou raízes no chão, o que vira lobisomem, outro que tem um par de asas, a mulher que vê galinhas que não existem, a outra que queima de tesão e a que se derrete por amor.
Para imprimir mais realismo e se utilizando da tecnologia, a Rede Globo contratou a mesma equipe de efeitos especiais que trabalhou na franquia “Harry Potter”, sucesso nos cinemas.
Já podemos ver no ar o resultado da equipe, efeitos caprichados, porém seu foco principal é sem dúvida o personagem Aristóbulo Camargo, vivido pelo ator Gabriel Braga Nunes, que irá se transformar em breve e com frequência em lobisomem.
Com cenários, figurinos e caracterização bem produzidos, “Saramandaia” tem um tom agradável e com boas cenas de humor, entretanto – assim como a franquia Harry Potter, que tem a magia como tema central –, o folhetim consegue transmitir um tom sombrio e misterioso, quando é requerido pelos personagens.
O ponto forte é também a linguagem, Ricardo Linhares manteve, como não poderia deixar de ser, o palavreado único idealizado pela trama, cheio de expressões e neologismos divertidos, como ‘desaforenta’, ‘mexericância’ e ‘prafentemente’.
O remake, por ser exibido na faixa das 23h, terá duração reduzida, estima-se que serão apenas 57 capítulos. Com isso, a narrativa torna-se mais ágil e melhor.
Em uma recente entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, o autor Ricardo Linhares falou uma coisa interessante sobre as novas discussões e comparações de novelas com seriados americanos, até que ponto os últimos interferem nas primeiras: “Interferem, sim, mas não é só o seriado americano. (…) A novela, hoje, tem que ter outra dinâmica, com cenas mais curtas e histórias mais ágeis. Isso faz parte não do seriado, mas da vida”, disse o novelista.
Do incrível elenco, destaco as atuações de Gabriel Braga Nunes (Aristóbulo), Vera Holtz (Dona Redonda), Lília Cabral (Vitória Villar), Débora Bloch (Risoleta), Matheus Nachtergaele (Seu Encolheu), Ana Beatriz Nogueira (Aparadeira), Sérgio Guize (João Gibão) e óbvio, Fernanda Montenegro (Dona Candinha).
Em meio, muita vezes, a tanta mesmice da realidade na teledramaturgia nacional, vale a pena assistir a uma fantasia tão bem produzida.
Texto: Danyllo Junior / [email protected]
As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor do texto, e não reflete a opinião do site TV Foco.
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