Sem sucesso, caminhoneiros encerram greve após pedido de Bolsonaro


Greve começou na última quarta-feira, mas não surtiu efeito esperado pelo governoReprodução: iG Minas Gerais

Após dias de manifestações e bloqueios de rodovias, os caminhoneiros decidiram por fim à greve realizada nesta semana em favor ao governo Jair Bolsonaro e com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF). Durante o período, houve conversas entre líderes da categoria e o Palácio do Planalto, mas a “Declaração à Nação” de Bolsonaro, que tentou apaziguar a relação ruim com o STF e demonstrou um recuo em relação à postura adotada nas manifestações antidemocráticas de 7 de setembro, foi o estopim para o fim da greve. O próprio presidente chegou a pedir desmobilização, citando risco de prejudicar a economia, e os caminhoneiros obedeceram.

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Errado está quem pensa que os protestos foram motivados pela falta de atendimento às demandas de caminhoneiro. As paralisações, na verdade, foram atos políticos, mesmo em meio a forte alta da inflação e a disparada no preço dos combustíveis, inclusive o diesel.

“A primeira manifestação [de 2018] foi mais econômica, com pautas que realmente afetavam a população. Nesta segunda, nós vemos uma demanda apenas política. Há uma forte contradição se compararmos com as manifestações de 2018. Cabe, inclusive, a dúvida de se há realmente uma crença de qual é a real demanda da categoria, se é a redução do preço do diesel ou se há um apoio ao governo federal”, aponta Pedro Azevedo, professor do Ibmec-SP.

Nesta semana, os caminhoneiros foram convocados pelo próprio presidente Jair Bolsonaro para as manifestações de 7 de setembro. No entanto, o Planalto ficou ‘assustado’ com a baixa adesão da categoria em comparação com as manifestações de 2018. Na visão da ala política, a mensagem sobre a redução de apoio da categoria ao governo foi clara e acentuada após o recuo nos ataques ao STF.

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Na visão de especialistas, a disputa de Bolsonaro para reduzir os preços de combustíveis e ter ‘apelado’ para a redução de impostos pensando especificamente na categoria não surtiram o efeito esperado.

“Uma das dúvidas que pairam é se os caminhoneiros realmente acreditam que o preço dos combustíveis não se deve ao governo. Sabemos que tem a questão da política de preços na Petrobras, mesmo com as tentativas do governo de reduzir os impostos. A Petrobras é uma empresa do governo, o presidente da Petrobras foi indicação do presidente, ou seja, os aumentos nos preços têm relação com o governo”, diz Azevedo.

“Eles deveriam, de fato, estar se manifestando para que o governo tome uma atitude. Os preços estão subindo, está difícil trabalhar e não vamos conseguir aguentar essa situação. Eles estão meio alienados. Eles estão endossando uma postura que não é adequada e acabam empurrando um cenário econômico ruim para eles mesmos por uma questão ideológica”, completa Juliana Inhasz, professora de economia do Insper.

Mesmo com uma paralisação curta e de baixa adesão, os efeitos da greve foram claros para o bolso do brasileiros. Postos de combustíveis ficaram lotados em todas as regiões do país, o preço da gasolina apresentou leve reajuste e supermercados chegaram a ficar desabastecidos em alguns itens.

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Moradora de Florianópolis (SC) há apenas uma semana, a vendedora Talitha Osório sentiu os efeitos da greve ao ir ao supermercado. Ela relata ao iG que passou por prateleiras vazias e os R$ 100 que tinha só foram suficientes para comprar poucas frutas e algumas bolachas para a semana.

“Eu passava para procurar arroz, feijão e tudo já tinha terminado. Parecia que estava voltando no tempo, quando a população ficou desesperada por alimento”, conta.

“Os preços, pelo que vi de uma semana para cá, subiram muito. Para ter ideia, eu nem precisei de uma cestinha para colocar R$ 100 em alimentos. Usei minha própria mão”, completou a vendedora.

O professor do Ibmec-SP Pedro Azevedo reforça a declaração de Talitha e diz que se a manifestação passasse de uma semana as consequências para a economia seriam imprevisíveis, como alertou o próprio Bolsonaro no pedido para que os caminhoneiros voltassem a trabalhar.

“Se a greve durasse mais uma semana, provavelmente, os reflexos na economia do país seriam imensuráveis. Nessa semana até provocou desabastecimento em alguns supermercados, frigoríficos e alguns postos, mas se tivéssemos mais alguns dias de paralisação iríamos ter uma crise econômica muito maior do que a atual. Preços estariam subindo muito, além de um forte impacto inflacionário e no PIB no fim do ano”, explica.

Para Juliana Inhasz, a corrida para os supermercados e aos postos de combustíveis antecipam os efeitos na economia.

“Quando há esse tipo de ameça a gente já começa a achar que vai ter desabastecimento, né? Aí começa aquela correria para os supermercados, farmácias e postos de combustíveis, o que acaba sendo negativo para o consumidor. Isso gera uma pressão adicional dentro da economia que pode começar a antecipar uma parte dos efeitos, como, sem dúvida, o aumento de preços”, ressalta.

“A greve não iria durar muito. Existe um limite. Para que você consiga manter a economia girando, é necessário manter os caminhoneiros na rua. Iria chegar uma hora que a paralisação passaria a ser negativa para eles mesmos, com desabastecimentos, perda de clientes e de dinheiro”, apontou a professora de economia do Insper.

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