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Taís Araújo aproveitou a visibilidade da nova novela das sete na Globo para falar sobre representatividade negra

No próximo dia 30 de maio, estreará na Globo, na faixa das sete, a novela Cara e Coragem, escrita por Cláudia Souto. Taís Araújo, uma das protagonistas do novo folhetim, reiterou um desabafo feito pela colega de trabalho Cláudia Di Moura, que estará na mesma trama, sobre o avanço da representatividade negra no setor audiovisual. Ambas as famosas falaram sobre a disponibilidade da autora e da diretora, Natália Grimberg, as duas brancas, em escutar o que os atores negros do elenco têm a revelar sobre suas experiências, permitindo que tanto cenas, quanto vestuários e objetos sejam acrescentados ao projeto.

“Sou fruto de uma dramaturgia que eu assisti desde pequena, do patriarcado branco”, declarou Cláudia Souto, que continuou: “Eu abro o espaço, mas eu não entendo [sobre as laces/apliques usadas por Taís Araújo em cena]. É tudo muito novo para mim. E eu agradeço muito a Cláudia Di Moura, Taís, Ícaro [Silva]”, relatou a profissional, emocionada.

O bate-papo rolou na última segunda-feira (16), em uma coletiva de imprensa virtual promovida pela Globo, que contou com a presença de parte do elenco de Cara e Coragem, a autora e a diretora.

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“Estou tendo a oportunidade de vocês me ensinarem, porque a gente está construindo isso junto. Todos nós achamos absurdo isso. É absurdo a gente olhar para o nosso país e eu ainda estar aprendendo com vocês, eu não ter aprendido antes. O bom é que é obra aberta e eu posso voltar em algumas coisas. Ícaro tem me trazido coisas incríveis. Taís tá me ajudando bastante. A gente espera mudar um pouco essa visão, não é revolucionar nada, mas dar um passo adiante.”, afirmou Cláudia Souto ainda.

Taís Araújo acredita que a novela ser comandada por duas mulheres ajuda no fator escuta, que nunca havia sido tão grande para ela. “Eu tenho 25 anos de TV Globo, e é muito bom ver uma autora com essa disponibilidade de entender que os atores também são autores, a diretora também é autora, a figurinista também é, todo mundo está na composição”, disse a atriz.

“Cláudia [Souto] é uma mulher que está vivendo o seu tempo plenamente. Em 25 anos de TV Globo, nunca tive, nesse nível, uma troca como agora, de dizer: ‘isso ou aquilo não é minha vivência’. Isso é um grande passo na dramaturgia, um grande passo na nossa história, e acho que isso é possível porque são duas mulheres no comando”, finalizou Taís Araújo.

Toda essa discussão sobre representatividade negra se deu início quando a atriz Cláudia Di Moura descreveu sua personagem, Martha, que por ser uma mulher rica já é por si só uma mudança nos figurinos da atriz, que está acostumada a opressão reservada normalmente para artistas negros.

“A gente tá sendo ouvido, é uma mulher branca escrevendo uma narrativa, mas esse núcleo preto tem palavra e nós estamos sedo ouvidos, isso pra mim é um marco histórico no audiovisual brasileiro”, disse Cláudia Di Moura, que emocionou a todos com a descrição de sua personagem.

“A Martha é um aperitivo do que o povo preto tem de direito negado ao longo desses séculos. Ela tem riqueza material, empoderamento emocional, é uma mulher que leva uma vida sem medo. Obrigada, Cláudia”, disse a colega de Taís Araújo, em agradecimento à autora.

Cláudia Di Moura recordou que o fato da família que fará parte em Cara e Coragem viver sem perrengues é o sonho de todos os negros. “Essa família usufrui das benesses do capital. A família Gusmão não precisa acordar às 4h da manhã pra ligar as máquinas. A gente dorme o sono dos justos, sem culpa.”

Em Cara e Coragem, a família Gusmão, dona da Siderúrgica Gusmão, é representada pelo núcleo de atores negros, sendo composta por Clarice (Taís Araújo), Leonardo (Ícaro Silva) e Martha (Cláudia Di Moura), mãe dos dois. Paulo Lessa também é um dos protagonistas da trama.

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