Os atores portugueses Diana Chaves e Diogo Morgado
LISBOA – Os termômetros marcam 38 graus nas ruas de Lisboa, onde o verão europeu castiga e faz suar. Mas nada disso parece alterar o humor de atores e diretores, nem mesmo das 40 pessoas da equipe técnica e dos 170 figurantes que gravam – e repetem várias vezes as mesmas cenas, entre frutas e flores – no Mercado da Ribeira, um dos mais populares da capital portuguesa. Com estreia programada para 13 de setembro, no horário nobre da SIC, “Laços de sangue” promete surpreender o público lusitano, tão acostumado às tramas brasileiras. O folhetim, que marca o início da coprodução da TV Globo com o canal português, tem movimentado diferentes cantos da cidade que fazem as vezes de cenários.
– Optamos por gravar em locações famosas de Lisboa – diz Duarte Teixeira, responsável pelas cenas externas da novela juntamente com o realizador (assim são chamados os diretores por lá) Hugo Xavier.
Foi Teixeira quem comandou a equipe no primeiro dia de gravação no mercado, há duas semanas. Apesar do figurino arejado, a atriz Débora Ghira, que já havia filmado uma sequência de briga com a vilã interpretada por Joana Santos, corria para se refrescar com um ventilador de pilha nos intervalos.
– Há uma enorme vontade de melhorar a qualidade das tramas portuguesas. E, ao trabalharmos diretamente com profissionais da Globo, podemos absorver um pouco da maneira como eles produzem suas novelas – afirma Virgílio Castelo, consultor de dramaturgia da SIC.
Gravação com os atores Rui Santos e Maria Botelho Moniz no Parque da Fonte Luminosa, em Lisboa
O contrato entre as emissoras prevê a produção de duas tramas, sendo que a próxima será a versão lusa de um folhetim brasileiro. Apesar de ser essencialmente portuguesa, “Laços de sangue” tem forte influência da TV Globo, que oferece consultoria criativa, além de produtores, cenógrafos e aulas de interpretação neste modelo de coprodução. Em troca do know-how, a emissora brasileira ganha parte do lucro da novela com publicidade, merchandising e eventuais vendas do produto para o exterior.
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– A nossa consultoria artística vai aparecer no resultado final – garante Guilherme Bokel, diretor de produção internacional da Globo, que também esteve envolvido com a novela “El clon”, versão hispânica de “O clone”, feita na Colômbia.
O público brasileiro também poderá acompanhar “Laços de sangue”, que estreia até o fim deste ano na SIC Internacional, canal disponível para assinantes da Net, Sky e Embratel. Bokel conta que a tendência atual no mercado português é a exibição de tramas locais em horário nobre. Nossos folhetins ainda fazem sucesso por lá, mas têm sido exibidos em outras faixas – “Passione”, por exemplo, vai ao ar pela SIC após as 23h, com alguns dias de atraso em relação ao Brasil.
– A produção local está tomando uma importância maior do que os produtos enlatados (novelas e séries compradas no exterior) – informa o diretor da Globo. – Por isso, hoje temos executivos da área internacional oferecendo coproduções para outras emissoras, como fizemos com a SIC.
Gravação da novela portuguesa no Mercado da Ribeira, em Lisboa
A Globo pretende investir mais neste tipo de parceria. A próxima será com a TV Azteca, do México, que irá produzir uma versão local da novela “Louco amor”, de Gilberto Braga. O trabalho será parecido com o que está sendo realizado agora em Portugal.
– Trouxemos até uma coach que está ajudando os atores. O resultado está empolgando – explica Bokel.
Capa das revistas de celebridades em Portugal e namorada de jogador do Benfica César Peixoto, a atriz e apresentadora Diana Chaves, de 29 anos, passou pela orientação da professora brasileira Laís Corrêa.
– Não quero cair no clichê da boazinha. Laís nos ajudou a enxergar as nuances dos personagens – diz.
A história da novela gira em torno do confronto entre Inês (papel de Diana Chaves) e sua irmã, Diana (interpretada por Joana Santos), que ela julgava morta num acidente. A vilã reaparece adulta para tomar o que acha que é dela por direito.
– Crescemos vendo as novelas da Globo e essa parceria nos traz uma mais-valia – acredita Diana, de sandálias Havaianas, pouco antes de fazer uma cena na Praça da Fonte Luminosa.
A atriz começou a gravar de manhã uma sequência de romance de sua personagem com o namorado, o médico João (Diogo Morgado). Com mais de 20 produções televisivas na bagagem, Morgado enxerga “Laços de sangue” como um marco em sua carreira.
Gravação no Mercado da Ribeira, em Lisboa
– Senti uma diferença desde o texto até a preparação dos atores. Agora os capítulos terminam com um gancho e os personagens estão interligados. Isso não é comum em nossas novelas – compara o ator, de 30 anos, que brincava nos intervalos com o fato de ter de repetir suas cenas de beijo.
A praça serviu ainda para cenas românticas entre o casal Alice (Maria Botelho Moniz, que carregava uma barriga falsa de silicone para parecer grávida) e Manuel (Rui Dantas), melhor amigo de João.
– A mentalidade brasileira é mais aberta e acho que ganhamos com isso – acrescenta Dantas.
A ação dos atores era acompanhada de perto pelo realizador Hugo Xavier. Ao contrário dos diretores brasileiros, que costumam gritar suas ordens nas gravações, ele repetia num tom moderado: “Está a gravar! 1, 2, 3… Silêncio”.
– Esta tem sido uma grande experiência – conta Xavier, de cabelo desgrenhado e bermuda.
Escrita pelo autor português Pedro Lopes, de 33 anos, e sob a supervisão do novelista brasileiro Aguinaldo Silva, “Laços de sangue” tem cada um de seus capítulos orçados em 55 mil euros – números modestos se comparados aos das produções globais, que chegam a ter episódios cotados em 170 mil euros.
– O olhar diferente dos brasileiros tem sido enriquecedor. Eu e Aguinaldo falamos a mesma língua. E não me refiro ao português, mas à forma de se contar uma história – explica Lopes. – Fomos às origens dos folhetins para criar uma trama de grandes amores e vinganças – promete.
Aguinaldo Silva está muito envolvido com o projeto:
– Fui chamado para ficar cinco meses com eles, mas o Pedro pode seguir me consultando – avisa.
Além do Mercado da Ribeira e da praça, a trama será gravada em outros cenários da capital. E, na semana passada, uma equipe da novela esteve no Rio de Janeiro para realizar as cenas que Inês é pedida em casamento por João.
– Teremos mais externas do que uma novela portuguesa normal – destaca Patrícia Sequeira, diretora de núcleo da SP Televisão, a produtora independente que é responsável pela realização da trama para a SIC: – Isso dá uma arejada.
* O repórter viajou a convite da TV Globo.
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