Vendo o especial do “Domingo Espetacular”, percebi uma Xuxa temendo o futuro, receosa, se esforçando para dar crédito à nova empreitada. Da parte dela não há o que temer, Xuxa é muito mais do que uma apresentadora, ela pertence ao imaginário do povo, aos pensamentos afetivos dos mais valiosos, que são os da infância. Sua capacidade para atrair público não pode ser posta à prova por ninguém, muito menos por ela própria. Ela pode e vai atrair.

Bem estruturado, seu programa garantirá excelente audiência, a Record não pode falhar dessa fez. Quando Gugu foi contratado por 3 milhões, veio com marketing de Xuxa, mas com histórico de Gugu. Uma fama simples o vestia. O rapazinho que nos divertia durante o almoço de domingo não tem a mesma força de atração do mundo Meneguel, e mesmo assim conseguiu boas vitórias, perdendo, apenas, devido ao tipo de atração apresentada, fato, aliás, que voltou a se repetir nessa nova fase.

Já Xuxa, trás a imagem construída por quem sabe fazer isso: a Globo. Vem, também, com a projeção de quem se manteve em primeiro lugar durante anos, oposto do mundo SBT/Gugu. Aquela apreensão da pessoa Xuxa deve ser completamente ignorada por ela. Na TV ela não é a mãe, nem a namorada, ela é a poderosa imagem que a permite ser chamada de Rainha, e esse poder, se bem aproveitado, fará a Globo tremer nas bases.

Um dia Sílvio vendeu a Record para Edir Macado, essa decisão fez com que toda a estrutura dele fosse colocada à beira do precipício e com vento contra. A Globo fez o mesmo, agora. Dispensou quem arranhava a audiência desejada e deixou o inimigo com um coringa à disposição.