Âncora do “Bom Dia SP”, Rodrigo Bocardi possui uma fórmula especial para garantir uma audiência tão boa na tela da Globo
Rodrigo Bocardi é atualmente um dos principais nomes da grade da Globo durante as manhãs. Em algumas edições do “Bom Dia SP”, o âncora consegue ficar à frente dos programas de Ana Paula Aráujo, Patrícia Poeta e até mesmo de Ana Maria Braga em audiência.
Na quinta-feira (26), o âncora foi o nome mais assistido, desbancando até mesmo as “Super Manhãs” que a Globo promove há alguns meses. Foram 7,3 pontos de audiência consolidada contra 7,1 do “Bom Dia Brasil”, 6,2 do “Encontro” e 6,4 do “Mais Você”.
Existem vários fatores que podem levar a esse posto de sucesso na televisão, mas um dos principais motivos para que o telejornal matinal atinja essa audiência é único: a descontração. O “Bom Dia SP” é um dos jornais mais leves, descontraídos e nada engessados da emissora, que é conhecida por prezar pela seriedade dos profissionais e pelo famoso padrão de qualidade.
As interações com Sabina Simonato, com Alessandro Jodar e o espaço aberto ao público para receber e reproduzir vídeos, comentários e histórias do dia a dia, acabaram tornando o noticiário em um queridinho dos telespectadores. Essa situação, no entanto, nem sempre foi assim.
Quando Rodrigo Bocardi assumiu o “Bom Dia SP”, houve muitas críticas sobre a postura engessada e a falta de carisma do profissional na tela. Foi questão de tempo até que o comunicador pudesse se soltar e encontrar a própria forma de comandar um produto tão importante na tela da platinada.
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Em 2019, o âncora deu uma entrevista a Ana Maria Braga e revelou que o início do trabalho no matinal representou o momento mais difícil de sua carreira. “Como me detonaram nesse começo. Deu até vontade de desistir. Eu achava que ia ser fácil, tinha toda estrutura… Quando fui encarar a galera, que dureza! [Diziam] ‘É um robô, que é duro demais…’ E você dando o máximo”, lamentou.
O portal Uol revelou que o jornalista passou por diversos cursos para conseguir se desprender da timidez. Antes de ancorar o telejornal, Rodrigo Bocardi foi repórter e correspondente de Nova York, então suas entradas no ar eram muito mais modestas. Agora, o profissional chega a comandar o “Jornal Nacional” nos rodízios de fim de semana.
No “Bom Dia SP”, foram vários momentos descontraídos no ar entre uma notícia e outra. O profissional já teve crises de riso, troca de farpas com colegas e até revelações íntimas de outros jornalistas que colocam o programa no ar, tudo com muito bom humor e jogo de cintura.
MAIS SÉRIO E ROTEIRIZADO
O mesmo ainda não aconteceu com César Tralli. Por ser um noticiário de alcance nacional, o “Jornal Hoje” já entra naquele esquema mais engessado, sem muitos espaços para falas descontraídas. Apesar de ter indicações culturais e um direcionamento mais elitizado, o noticiário segue firme no roteiro.
Nos últimos anos, desde a saída de Sandra Annenberg, de Evaristo Costa e Dony de Nuccio, o telejornal começou a perder parcela do público. A audiência teve uma queda com Maju Coutinho, tendo em vista a resistência de parte do público mais intolerante com a profissional. Mesmo agora com César Tralli, a audiência ainda não registrou grandes mudanças.
‘TIO’ DO TWITTER
É inegável que os telejornais da Globo ficaram muito mais informais nos últimos anos. William Bonner é uma prova viva disso, já que além do contato bem humorado que tem com o público nas redes sociais, já deu indícios de que a quebra da seriedade e da formalidade na bancada acaba repercutindo muito mais.
Em agosto do ano passado, o âncora do “Jornal Nacional” aproveitou um link com Marcos Mion no “Criança Esperança” para mandar um recado ao vivo para o colega de emissora.
“Deixa eu dizer para você. Não apenas eu, mas toda a equipe do Jornal Nacional, festejamos a sua vinda para a Globo. Eu tenho mais de 30 anos de casa e eu não me lembro de ter visto ninguém festejar tanto vir trabalhar aqui quanto você”, declarou o veterano, se tornando um dos assuntos mais comentados do dia na ocasião.
Durante a pandemia, William Bonner e Renata Vasconcellos também demonstraram certa sensibilidade durante o noticiário. No dia 1º de maio de 2020, poucos meses após o começo da pandemia no Brasil, o apresentador se emocionou na bancada após a exibição de uma reportagem sobre uma cantora que fazia performances para os vizinhos, no Rio de Janeiro.
Renata destacou a emoção do colega no encerramento do jornal, ficou tocada pela reação dele e ainda fez questão de se despedir do público naquela edição. O momento, claro, explodiu nas redes sociais e mostraram que os telespectadores ficam mais tocados e estabelecem uma relação mais próxima ao noticiário quando acontecem essas demonstrações de sentimentos no ar.
Fora da bancada do “JN”, mas ainda em uma cobertura séria e importante, William Bonner se destacou em outro momento, ao abrir uma latinha após dizer que ia beber água. Nas redes sociais, internautas avaliaram que o jornalista pudesse estar tomando outra coisa, mas rapidamente o comunicador usou o espaço ao vivo na TV para se defender.
Houve outros momentos divertidos em poucos meses. O apresentador se divertiu após o flagra de Renata Lo Prete usando tênis durante o “Jornal da Globo”. O momento não passou percebido pelo público e nem para o colega da jornalista, com quem chegou a cursar a faculdade de Comunicação na USP, chegou a brincar com o assunto.
NOTÍCIAS PESADAS
Enquanto de um lado o público comemora a quebra da seriedade, do outro existem críticas ao excesso de tragédias no entretenimento. O “Encontro” dedica praticamente 50% da atração a notícias no formato parecido ao que Datena e Luiz Bacci apresentam em seus telejornais.
Apesar da boa audiência e da consolidação de Patrícia Poeta no lugar de Fátima Bernardes em poucos meses no ar, o programa confunde aquelas pessoas que ligam a TV para ver apenas quadros leves e entrevistas com artistas. A introdução desse tipo de notícia na atração acaba sendo importante, já que a Globo deixou muito bem claras suas intenções com o desenvolvimento das “Super Manhãs”.
A proposta era fazer uma transição do jornalismo do “Bom Dia Brasil” para as receitas e amenidades de Ana Maria Braga no “Mais Você”, passando pelo “Encontro”, que une esses dois tipos de abordagens. A intenção tem dado certo, apesar de valer as críticas pelo peso de algumas notícias.
Nesta segunda-feira (30), por exemplo, Patrícia Poeta iniciou o programa mostrando a morte de três integrantes de uma família após um acidente na estrada, mostrou o assassinato de mãe e filho por outros parentes e a queda de um ônibus com um time de futebol de uma ponte e que vitimou quatro desses atletas. Muito pesado.
É por isso que é importante parabenizar e destacar o trabalho que Rodrigo Bocardi faz nas manhãs da Globo em São Paulo. O profissional claramente encontrou o ponto certo e na medida para conseguir mesclar notícias e descontração no ar.
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