Na televisão aberta, é praticamente regra as emissoras buscarem produtos com potencial para audiência. Quando esse produto atinge toda ou maior parte das expectativas, continua no ar até seus momentos áureos. Nessa atmosfera um fato chama atenção: os “sucessos relâmpagos” da TV Record. Esse termo entre aspas refere-se às produções da emissora de Edir Macedo que estreiam em alta, mas que ao longo das edições perdem muita audiência. Então, qual seria a causa – ou melhor, as causas – dessa situação?
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Como exemplos mais recentes, é possível citar o Domingo Show e o Programa da Sabrina. Geraldo Luís assumiu o início das tardes de domingo em março deste ano, substituindo o tapa buraco Domingo da Gente. A diferença nos formatos dos “Domingos” é que o novo programa mescla informação e entretenimento, com dose alta de sensacionalismo e personagens humorísticos, já o anterior mudava de apresentador a cada edição e dava grande destaque para as atrações musicais. A estreia do Domingo Show deixou a concorrência em alerta máximo. Foram 12 pontos de média e 17 de pico, na grande São Paulo. Números que levaram a Record à liderança isolada, além de ficar com o dobro da audiência do SBT no horário. Esse programa teve como carro-chefe a entrevista com o repórter policial Gil Gomes. Famoso por suas narrações de cenas criminosas e às vezes macabras, ele apareceu com o corpo e boca trêmula na tela em razão de sua doença, o Mal de Parkinson.
Ao passar do tempo todos viram a audiência cair, gradativamente. Mesmo com áudio misterioso do MC Daleste, Michael Jackson vivo, entre outras polêmicas, a equipe não conseguiu estancar a queda de ibope. No último domingo (18), o programa empatou com o Domingo Legal por 7 a 7. Tal fato não havia acontecido antes, pois Geraldo sempre ficava com margem a favor na disputa direta com Celso Portiolli. Dando continuidade a essa abordagem, um novo programa dos sábados está conseguindo essa “proeza” bem mais rápido. Sabrina Sato chegou com muito prestígio na Record. Participou de vários programas antes de sua estreia – adiada por quase um mês. O Programa da Sabrina sempre gerou dúvidas. O público estava acostumado a vê-la em programa de humor, com pouca roupa e nada mais, do ponto de vista artístico. Como ela, sem timing e dicção, conseguiria comandar um programa de auditório? Esse fato refletiu na escolha do dia de exibição. Cogitava-se que ela ganharia um programa exibido aos domingos, mas por precaução resolveram a colocar nos sábados.
Outro detalhe que preocupou foi o formato da atração – que refletiu no adiamento já citado aqui. Atração musical, quadro de assistencialismo na periferia e disputa de casais, algo muito original na televisão aberta. E voltando para a questão da audiência, a “japa” perdeu 40% de sua audiência desde a estreia (10 pontos para 6 obtidos na última semana). Diante disso, a Record já procura novos quadros e formatos para reverter os índices. A diferença entre os dois programas é que o primeiro baseia-se no sensacionalismo e em conflitos de artistas e subcelebridades. Já o segundo peca pela falta de jogo de cintura da apresentadora – sem contar a ausência de conteúdo diferenciado, na medida do possível. Sabrina tem carisma e muitos admiradores, mas isso não é tudo na carreira de um apresentador, principalmente quando se trata de quem comanda um auditório.
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