‘A Regra do Jogo’ se passa, em grande parte da trama, em uma comunidade ficcional chamada Morro da Macaca. Erguida no Projac, a cidade cenográfica tem cerca de 4 mil metros quadrados e quase 40 construções, entre casas, comércio e escolas (uma delas é de artes marciais), além de muitos becos e vielas – conforme indica o texto de João Emanuel Carneiro. México, Itália, Grécia e Brasil são inspirações para a concepção desta comunidade. “A Macaca é um lugar que deu certo. Aqui não há tanta sujeira, tantos defeitos. As casas e o comércio foram decorados e construídos com base na espontaneidade dos seus moradores”, conta Rafael Ronconi, que divide a supervisão da produção de arte com Ana Magalhães. E isso aconteceu porque as pessoas se organizaram e fizeram tudo funcionar bem. A cidade cenográfica foi um desafio para as equipes de cenografia e produção de arte, pois o objetivo foi construir um lugar crível e vivo.
A cenografia, assinada por João Irênio, está usando alvenaria nas construções e um pedreiro foi contratado para fazer os acabamentos das casas. Ao longo da novela será possível ver o lugar se modificar, como acontece na vida real. A vegetação é um bom exemplo disso. Uma empresa especializada em paisagismo foi contratada para entender a geografia do lugar e, com isso, sugerir que tipo de vegetação cresceria por ali. A escola de artes marciais de Juliano (Cauã Reymond) ficou abandonada durante quatro anos – período em que ele esteve preso. Quando ele conquista a liberdade, o lugar está tomado por plantas. Outro detalhe interessante do Morro da Macaca é o uso de material reciclado. Os resíduos do Projac (madeira, ferro, grade, sucata) foram transformados em janelas, telhas, puxadinhos e portas. Quase tudo na Macaca é reaproveitado.
E tem a decoração dos ambientes. Muitos objetos – a maioria deles – foram comprados já usados, como as bicicletas e todo o material da barbearia. Em alguns casos, a produção comprou mobília de moradores de comunidades ou trocou algumas peças usadas por novas, como roupa de cama. Todos esses detalhes pra tornar tudo mais próximo do real.
O hostel de Adisabeba (Susana Vieira) é um cenário que merece destaque. A personagem tem dinheiro e pode comprar o que quiser – nem sempre com muito bom gosto. Mas ela ama lustres e luminárias e, por isso, tem oito lustres em sua casa. É um lugar tropical, que mistura flores verdadeiras e falsas – de plástico e tecido. A produção também chamou profissionais especializados para ajudar a decorar o ambiente de Adisabeba. Um artista plástico craque em fazer luminárias com o tubo do cano de descarga de carros produziu peças especificamente para a novela. A Noite da Macaca, a famosa e badalada boate, também pretende ser bem real. Lá vai tocar do jazz ao funk. E como há muito frequentador gringo, o tropicalismo do hostel também é parte da decoração desta balada. Nas ruas, nos arredores, barraquinhas de yakissoba, pastel com caldo de cana, raspadinha de gelo, hambúrguer. Uma mistura culinária para agradar os moradores e quem visita o Morro da Macaca.