Melissa observa Diana atentamente, como um artista quando termina uma obra de arte. Procurando os detalhes, as emoções, os sentimentos expressos em sua obra.
Ela foi até seu quarto e ali trocou de roupa, pondo algo mais confortável para ir dormir. Não fazia idéia de onde Marcos estava, então iria deixar que Marcos a encontrasse no dia seguinte.
Melissa pôs um velho pijama com quadrados em tons rosas estampados, e foi para o quarto de sua mãe, deitou-se na cama de casal e esperou que o sono a pegasse e a levasse daquele lugar.
Como em um piscar de olhos, Melissa acordou, ainda era cedo, ela levantou-se da cama, cansada. E foi até a cozinha. O cadáver de Diana permanecia lá, moscas o sobrevoando e um cheiro putrefato estava no ar.
– Preciso me livrar dessa vadia. – Disse a si mesma, enquanto fazia um pouco de café.
Assim que o café ficou pronto, ela foi até a mesa e sentou-se na cadeira desocupada, passou a observar o cadáver.
Para alguém comum, seria extramente repugnante tomar um café-da-manhã com um corpo morto a sua frente, mas Melissa não era a mesma. Ela tomava aquele corpo como uma obra de arte. Era como tomar café em frente à um quadro que você mesmo pintou.
Melissa direcionou o olhar para o relógio de parede da cozinha, eram sete e sete da manhã.
– Marcos, pronto ou não, lá vou eu. – ela disse, enquanto terminava seu café e levantava-se para ir ao seu quarto.
Dessa vez, usaria algo pouco extravagante, uma vestido cinza, da própria Melissa. Ela amarrou o cabelo em um rabo-de-cavalo.
Ela estava um pouco irreconhecível, Melissa não costumava amarrar seu cabelo de forma alguma.
Saiu de casa, e começou a caminhar pela calçada. Passou pela menininha e seu cachorro e também pela casa de Diana, em frente à casa, um carro da polícia estava estacionado. Melissa passou direto.
Melissa chegou perto do colégio. Seu visual era bastante discreto, apesar de infantil. Aquelas cores cinzas combinavam com o dia que estava nublado, escuro.
Ela não chegou muito perto do portão, queria espera Marcos. Iria seduzí-lo para levá-lo à sua casa.
Como iria seduzir ele com aquele vestido de criança? Não haveria como, mas Melissa agora tinha o charme necessário para aquilo.
Melissa era a maçã proibida. Era o fruto do demônio, mas, ao mesmo tempo, a mais doce das ambrosias.
Não era a garotinha tímida de antes, era uma serpente pronta para dar o bote, mas mesmo assim, com movimentos calculados e encantadores, hipnóticos.
Marcos finalmente chegara.
– Olá. – disse Melissa aproximando, mudando o tom de voz e tirando a fita do cabelo.
– Oi. – Marcos falou, sem dar importância.
– Espera. – Era um tom sensual dessa vez, mas mesmo assim ocultando a voz.
Marcos virou-se, olhou para Melissa e gostou do que viu.
– Eu te conheço de algum lugar? – ele perguntou.
– Não, mas eu já ouvi falar de você, Marcos. Meu nome é Bell.
– Bell, é? Eu sou Marcos.
– É, eu sei. – Melissa então fez uma cara de desapontada. – Vai para a aula? Que pena! Eu queria dar uma volta com você… – E então ela voltou à seu jeito sensual.
– Er… Ah! Essa porra de aula era revisão mesmo, vamos dar uma volta. – ele disse.
Melissa aproximou-se dele e deu-lhe um beijo no rosto.
– Quer mais?
-Quero… – disse Marcos, agarrando Melissa.
-Vamos para um lugar mais calmo… – disse Melissa, dando um selinho em Marcos.
Os dois começam a camanhar, em direção a casa de Melissa.
-Você me lembra alguém… – disse Marcos, sorrindo.
-Quem? – perguntou Melissa, dando um sorriso malicioso.
-Não consigo lembrar…
-Essa pessoa fazia isso? – perguntou Melissa, beijando o pescoço de Marcos.
-Vai com calma Bell! – disse Marcos, dando risada.
Os dois já estavam na frente da casa de Melissa.
-Chegamos… – disse Melissa, sorrindo.
-Mas essa é a casa da… M-melissa? – perguntou Marcos, assustado. Melissa agarra o braço de Marcos.
-Sentiu minha falta? Escuta aqui, seu viado, você vai fazer o que eu mandar agora… vamos entra na minha casa, e nem adianta tentar fugir, se não vai ser pior…
Marcos obedece, ele não estava entendendo, Melissa estava muito mais forte do que ele.
Os dois entram na casa, e Melissa joga Marcos numa das cadeiras da cozinha.
-Senta! – disse Melissa.
Marcos estava com medo, não sabia o que ia acontecer. Ele se vira, e tem uma surpresa ao ver alguns corpos, jogados no chão da cozinha.
–Melissa, eu te amo! Me deixe sair daqui! – gritou Marcos, quase chorando.
-Você estragou a minha única chance de ser feliz… eu nunca irei te perdoar por isso, você é igual a eles, podre…
Melissa dá um tapa no rosto de Marcos, que começa a chorar, feito uma criança.
-V-você vai me amarrar aqui? – perguntou Marcos, paralisado de medo.
-Claro, mas eu reservei uma coisa muito especial para você, uma coisa que você não vai esquecer nesse seu pouco tempo de vida…
Marcos tenta correr, Melissa agarra a camiseta dele e o joga na cadeira de novo, com toda a força.
Melissa começa a amarrar Marcos, já que a corda estava em cima da mesa.
Ela pega um martelo e alguns pregos, que estava na mesa também.
Melissa pega uma das mãos de Marcos, e num só golpe, prega ela na mesa. Marcos gritava e chorava de dor, ao mesmo tempo.
19º Episódio
Melissa prega a outra mão de Marcos.
-Por favor, pare! Melissa, eu te amo e sempre vou te amar, eu nunca gostei da Diana! – gritou Marcos, chorando.
Melissa estava séria, não dizia nada.
Ela vai até a geladeira, abre e pega alguma coisa. Era a cabeça de Diana. Melissa pega uma bandeja, e anda em direção a Marcos.
-Agora, você vai poder apreciar a vontade o lindo pescoço dela… – disse Melissa, dando um sorriso malicioso.
-Sua vagabunda depravada! O que você fez com ela?!
-Eu apenas… torturei ela o bastante para ela se afogar no próprio sangue…
Marcos chorava sem parar, Melissa pega a mesma faca que tinha cortado o pescoço de Diana.
-O-o que vai f-fazer? – perguntou Marcos, soluçando de tanto chorar.
-Vou fazer você sorrir… e acredite, será o sorriso mais doloroso de toda a sua vida…
As mãos de Marcos ainda sangravam. Melissa, com as mãos, começa a abrir a boca de Marcos e coloca a faca num dos cantos da boca dele.
-Ão farra irro! – disse Marcos, com dificuldade para falar, já que sua boca estava aberta.
-O que você disse, meu bem? – perguntou Melissa, rasgando o canto da boca de Marcos, chegando até a bochecha.
Marcos gritava de dor, o sangue quente jorrava de sua boca aberta. Melissa faz isso com o outro canto da boca de Marcos.
Ela sorri ao ver que o sangue jorrava no seu rosto.
–Melissa, e-eu te a-amo… – disse Marcos, com dificuldade. Melissa se aproxima de Marcos, e lhe dá um beijo.
Marcos sente uma corrente elétrica passando pelo seu corpo, nunca tinha sentido uma sensação igual aquela, enquanto os lábios de Melissa tocavam os seus.
-Amor, é para os fracos… – disse Melissa, começando a desamarrar Marcos.
Marcos estava muito fraco, paralisado de medo. Melissa, com o martelo, tira o pregos das mãos de Marcos.
Melissa deita Marcos no chão, e rasga sua camisa, deixando seu peitoral a mostra.
-Era assim, que eu me sentia quando eu ficava perto de você… – disse Melissa, começando a desenhar um coração no peitoral de Marcos, com a faca. Ele gritava de ódio, e dor.
Melissa, pela primeira vez, em sua série de torturas, não sabia o que fazer. Era como se sua criatividade houvesse acabado, mas ela sabia que não era isso.
Teria, Melissa, gostado de Marcos, realmente? Talvez, sentia-se culpada por estar torturando-o.
Mas não havia outro jeito. Se Marcos realmente a amasse, não teria feito o que fez. A mente de Melissa viajava em sentimentos, sentia saudade de sua mãe, amor por Marcos, ódio por Diana, Gina, Rogério e Daniel, e um vazio para com sua tia Esmeralda e seu pai.
Ela já não estava sendo a mesma criatura irracional que matara várias pessoas.
– Marcos, sinto muito, mas tenho de terminar com isso. – Enquanto ela dizia isso, algo rolou pelo rosto de Melissa, uma minúscula gota d’água.
Mas então, voltara a ser a mesma Melissa destrutiva, era hora de acabar com o sofrimento de Marcos, mas de uma maneira inesquecível.
Para que o amor que Melissa tivesse por ele, fosse lembrado por ela.
Deixou Marcos na cozinha e foi até o quarto da falecida mãe, abriu uma das gavetas do armário e tirou de lá, a foto em que estava a mãe e o pai dela, e o pai segurando ela mesma, ainda como bebê.
A mesma que ela chorara, quando sua mãe morrera.
Melissa também pegou um isqueiro e uma garrava de álcool. Molhou a foto no álcool e então voltou para a cozinha.
Derramou o resto do álcool sobre o corpo de Marcos e, então, pôs fogo na foto e a jogou no corpo de Marcos.
– Adeus, Marcos. – disse Melissa, diante dos gritos aterradores de dor de Marcos. – Adeus, mamãe. Adeus, papai.
E então, ela andou calmamente até a cadeira, sentou-se e observou o garoto a morrer queimado e lamentando-se.
Continua…
Contos de Terror – Melissa – de Segunda a sexta ás 20h00 aqui no TV Foco