Home » Emissoras » Globo » Direção da Globo proíbe contratados de saírem em defesa de Lula nas redes sociais
Globo passou por mudanças na alta direção
(Foto: Reprodução/Globo)
Chico Pinheiro foi um dos defensores (Foto: Reprodução)
O Diretor-geral de Jornalismo da Globo, Ali Kamel, resolveu tomar uma atitude drástica para evitar que os seus jornalistas contratados continuem saindo em defesa de Lula ou tomando qualquer outro partido na atual discussão política que o Brasil enfrenta.
Diante disso, de acordo com o Notícias da TV, foi enviado a todos os profissionais um e-mail com um alerta, no qual proíbe todos eles de expressarem publicamente as preferências políticas. Segundo o texto, esse tipo de atitude prejudica a emissora e causa danos.
Curiosamente, o e-mail foi enviado pouco tempo depois do jornalista Chico Pinheiro enviar alguns áudios em grupos privados, saindo em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso no último sábado por corrupção passiva. No áudio, ele critica a prisão.
“Realizaram o fetiche. O fetiche deles era Lula na cadeia. Não foi feito do jeito que eles queriam, mas o Lula foi. E agora? O que vão fazer agora? Como é que fica? Qual é o próximo passo? Que o Lula tenha calma e sabedoria, inspiração divina para ficar quieto onde ele está”, afirmou.
“Em e-mail no ano passado, eu alertei para o uso de redes sociais. Na ocasião, lembrei que jornalistas, de forma não proposital, publicavam fotos em que marcas apareciam. Eu alertei então para aquilo que todos nós sabemos: jornalistas não fazem publicidade e que todo cuidado é pouco para evitar que nossos espectadores equivocadamente pensem que se descumpre esse preceito.
Hoje, volto a falar sobre o uso de redes sociais. O maior patrimônio do jornalista é a isenção. Na vida privada, como cidadão, pode-se acreditar em qualquer tese, pode-se ter preferências partidárias, pode-se aderir a qualquer ideologia. Mas tudo isso deve ser posto de lado no trabalho jornalístico. É como agimos.
Daí porque não se pode expressar essas preferências publicamente nas redes sociais, mesmo aquelas voltadas para grupos de supostos amigos. Pois, uma vez que se tornem públicas pela ação de um desses amigos, é impossível que os espectadores acreditem que tais preferências não contaminam o próprio trabalho jornalístico, que deve ser correto e isento.
Como entrevistar candidatos, se preferências são reveladas, às vezes de forma apaixonada? O mais grave é que, quando os vazamentos acontecem, as vítimas, com toda a minha solidariedade, dizem que foram mal interpretadas. Não importa, o dano está feito.
A Globo é apartidária, independente, isenta e correta. Cada vez que isso acontece, o dano não é apenas de quem se comportou de forma inapropriada nas redes sociais. O dano atinge a Globo. E minha missão é zelar para que isso não aconteça. Portanto, peço a todos que respeitem o que está em nossos Princípios Editoriais (e nos dos jornais sérios de todo o mundo):
‘A participação de jornalistas do Grupo Globo em plataformas da internet como blogs pessoais, redes sociais e sites colaborativos deve levar em conta três pressupostos:
(…) 3- os jornalistas são em grande medida responsáveis pela imagem dos veículos para os quais trabalham e devem levar isso em conta em suas atividades públicas, evitando tudo aquilo que possa comprometer a percepção de que exercem a profissão com isenção e correção.’
