“Desde os meus 12 anos, vivi como se fôssemos dois seres diferentes – ‘eu’ e ‘meu corpo’. Costumava me referir a ele como um ser estranho, distante, um inimigo, algo de que eu não gostava e que não fazia parte de mim. Sonhava ver meus ossos aparecendo sob a pele, e essa obsessão me perseguiu por mais de 20 anos”, contou ela.
“A minha relação com a alimentação era um inferno. Era uma sensação de inadequação, de vergonha, de total estranhamento em relação ao meu corpo e eu sempre tive muita vergonha de sentir isso”, completou.
No bate-papo, ela falou ainda sobre seu livro, “Fazendo as pazes com meu corpo” e seu canal no Youtube, onde comenta sobre os transtornos e oferece ajuda ao compartilhar suas experiências.
“O canal EuVejo no YouTube tem quase 100 mil inscritos e mais de 2 milhões de visualizações. O meu livro já está na terceira reimpressão e esteve duas vezes na lista dos mais vendidos do Brasil. Isso mostra como as mulheres sofrem, como os transtornos alimentares são muito mais comuns do que a gente imagina e como precisamos falar sobre isso”, disse.
Em seu canal, ela apontou quadros que a deixam preocupada sobre o tema. “Tem três coisas que me preocupam demais: A quantidade de pessoas com transtornos alimentares, inclusive famosas, modelos, blogueiras e homens; As pessoas com transtorno alimentar não fazem ideia da origem do sofrimento. Pensam que é vaidade, que apenas desejam a magreza, e não é isso! A questão é extremamente profunda; a indústria da beleza e a mídia têm um papel imenso no desenvolvimento dos transtornos alimentares porque fazem a mulher se sentir sempre inadequada. Nos mostram que o nosso corpo é um molde de massinha, possível de modelar até ficar perfeito”, apontou, aproveitando para criticar:
“A indústria da beleza faz a mulher esquecer que é um ser vivo, que nasceu com uma estrutura óssea e muscular diferente da dos outros, que cada corpo tem um formato e um tamanhos únicos. Precisamos refletir: por que vamos permitir que a indústria da moda, da beleza, os estilistas, as revistas, a indústria das dietas, as blogueiras, a internet, as redes sociais, a televisão e o cinema digam como o nosso corpo deve ser? Quem disse que existem corpos certos e errados? Errado é você adoecer para tentar transformar o seu corpo em uma fotografia perfeita. O corpo não pode ser uma prisão”.