No entanto, ela quer que o telespectador respeite o trabalho dos profissionais, sem se antecipar com condenações, para evitar novamente uma rejeição igual à sofrida pela personagem que fez em “Babilônia” em 2015, que beijou a companheira logo nos primeiros capítulos.
“Eu acho que o público sempre aceita o jovem gay. Mas duas senhorinhas lésbicas, de oitenta e tantos anos, e ainda trocando um ligeiro beijo na boca… Isso foi um escândalo maluco, inexplicável, assustador. A gente pensa que o mundo caminha, mas não. Há preconceito para não mostrar isso na idade mais velha. Pensam: ‘Vamos deixar na mocidade. Até os 40 anos é suportável. Depois disso, pelo amor de Deus. Não me faça esse desaforo'”, declara em entrevista para o jornalista Daniel Castro.
Contudo, ela comemora a aceitação da Ivana/Ivan de “A Força do Querer” e espera muito para que as novelas continuem nesse caminho. Para a atriz, qualquer proibição nas artes são atos reacionários. “O careta tem todo direito de ser careta, mas o fato de querer extinguir o contrário é amedrontador”, explica.
Ela tem boas expectativas em relação a atual, com seus 60 atores fora a figuração, todos empenhados em levar o melhor para o público. “Não é uma brincadeira, uma festinha de amigos, entende?”, opina.
“Estamos numa posição homérica, somos centenas de pessoas entre autores e técnicos. Sabemos que esse é um tributo a uma plateia que vem nos acompanhando. Não vamos brincar”, pondera.
A veterana define Mercedes, sua personagem, como o misticismo mesmo para quem em nada crê. É uma mulher simples, descompromissada, sem qualquer sofisticação ideológica. “É a fé do povão”, resume.
Ela também brinca com o nome da produção ao dizer que Mercedes já está do “outro lado”, mas que fica aqui ainda para fazer o bem porque acredita que essa é sua missão. “A personagem é muito à frente de seu tempo porque ela é muito antiga no seu sentimento. Quando eu digo antigo, não é velho. É antigo. São sentimentos primitivos puros. Espero dar conta”, declara.
A intérprete se diverte quando questionada sobre vaidade, e diz que não deixa de comer nada, embora não coma mais como antigamente, e que é magra por genética. Além disso, revela que nunca fez plásticas, e que acha que as cirurgias estéticas não são boas para os atores.
“Quanto mais se opera, mais se fica deslocado do seu tempo. E aí não tem papel. Não se é mais jovem por motivos óbvios, não se está na meia-idade, mas tirou todas as possíveis rugas e papos. Por isso, nem é possível encenar a velhice. O cara não vai para lugar nenhum. Fica indefinido”, opina. Viciada em trabalho, Fernanda diz que se aposentar está fora de cogitação.
Formado em jornalismo, fui um dos principais jornalistas do TV Foco, no qual permaneci por longos anos cobrindo celebridades, TV, análises e tudo que rola no mundo da TV. Amo me apaixonar e acompanhar tudo que rola dentro e fora da telinha e levar ao público tudo em detalhes com bastante credibilidade e forte apuração jornalística.