Walter Clark foi o diretor responsável por levar a Globo à liderança de audiência em todo o Brasil; saiba sua história a seguir
Antes de ser a potência que é hoje, a Globo beirou a falência e ficou atrás da audiência de grandes emissoras entre 1965 e 1966. Com números baixos e longe de alcançar o patamar que está atualmente, a emissora precisou contratar um grande diretor para conseguir atingir o padrão de qualidade que a tornou a líder, e o nome dele é Walter Clark.
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Radialista na Rádio Tamoio, de Assis Chateaubriand, nos anos 1950, o profissional começou a trabalhar na TV Rio em 1956, e trabalhou em diversas funções até se tornar o chefão executivo da empresa. Ele ficou conhecido como o diretor que fez as coisas funcionarem no canal naqueles primeiros anos de televisão no Brasil.
A Globo surgiu em 1965 através de um financiamento com uma empresa americana chamada Time-Life. Apesar de já ter começado com um investimento de 5 milhões de dólares, muito maior do que qualquer emissora no país naquele ano, o conteúdo deixava a desejar. O Rio de Janeiro ainda não tinha comprado a ideia da emissora, até o ano seguinte.
Atrás de grandes canais, como a TV Rio, a TV Tupi e a Excelsior, a Globo decidiu fazer seu movimento mais ousado até aquele momento: contratar Walter Clark. Em uma enchente que destruiu as ruas da zona sul carioca, o diretor fez uma exigência dentro da empresa e pediu que toda a programação fosse derrubada às pressas.
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O diretor exigiu que os funcionários ficassem de plantão e mostrassem toda a destruição que a água causou nas ruas. Ele também sugeriu a criação de um centro de apoio financeiro e assistencial a todos que foram prejudicados com a chuva. A população carioca, a partir daquele momento, criou um carinho especial pela emissora.
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A Globo ganhou credibilidade e o jornalismo se tornou sua principal arma. Foi Walter Clark que sugeriu a contratação de Boni, pai do Boninho, e juntos eles criaram o ‘padrão Globo de qualidade’, que é usado até hoje como referência para todas as outras emissoras da América Latina. Foi ele também quem criou o “Fantástico” e o “Globo Repórter”, em 1973.
TODOS OS BENS
Walter Clark ganhava um salário de nada menos que 1,5 milhão de cruzeiros, que o permitiu comprar adquiriu carros importados (um Mercedes-Benz e uma Ferrari); uma cobertura duplex na lagoa Rodrigo de Freitas (com 1 200 metros quadrados); uma lancha de 37 pés (“Cinderela” – que era considerada um imóvel, não um barco).
Ele também garantiu uma casa em Angra dos Reis, com praia particular; outra casa em Itaipava. No apartamento era possível encontrar móveis coloniais, poltronas modernas, porcelana chinesa, pequenas esculturas egípcias em ferro, estátuas de budas autênticos, bichos javaneses, tapetes persas, elefantes em louça da Índia.
Amante de arte, Walter Clark comprou quadros milionários de artistas como Manabu Mabe, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, João Câmara Filho, Djanira da Motta e Silva, além de quatro reproduções assinadas por Victor Vasarely.
CLIMA AZEDO
Em 1977, o diretor pediu demissão após o clima azedar com Roberto Marinho, dono e criador da TV Globo. O patrão estava desgostoso com o padrão de vida luxuoso que o funcionário expunha na imprensa naquela época. Não pegava bem para a emissora esbanjar tanto em meio a desigualdades, por isso eles decidiram que estava na hora de encerrar a parceria.
Walter Clark morreu em 24 de março de 1997, vítima de insuficiência cardíaca.
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