A transposição do romance “Dois Irmãos” para a televisão não trará apenas os acontecimentos imaginados por Milton Hatoum. A narrativa singular do escritor amazonense, não linear e entrecortada pelas memórias de Nael (Ryan Soares/ Irandhir Santos), também é marcante na minissérie de dez episódios escrita por Maria Camargo e dirigida por Luiz Fernando Carvalho.
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O figurino é um dos elementos que espelham mais fortemente as mudanças temporais e ajudam a situar o espectador nessa história de registro realista ambientada em Manaus, com saltos e voltas no tempo entre as décadas de 1920 e 1980. “Imagine uma linha reta que contém o estudo detalhado da silhueta de cada época. Em cima dela, traçamos linhas curvas que acompanham as características pessoais, aspectos emocionais e psicológicos de cada personagem. Todo esse cruzamento de informações é o resultado do figurino, onde há personagens situados em diferentes tempos e espaços dentro do conjunto estético no registro realista”, detalha a figurinista Thanara Schönardie. “Além de costurarem a história de cada um, essas linhas servem para arrematar a junção entre as trocas de fase, onde novos corpos, com diferentes energias, dão vida ao mesmo personagem.”
Dessa forma, o tempo passa pelas saias e vestidos de Zana, a matriarca interpretada em três diferentes fases da vida por Gabriella Mustafá, Juliana Paes e Eliane Giardini. Nos iluminados anos 1920, ainda em meio à “belle époque amazônica” e envolvida pelo surgimento do amor, seu figurino é composto de peças em tons pastéis e branco, que evocam a história da família, a cultura árabe, os sabores do Mediterrâneo e os perfumes da Amazônia.