“Foco na TV” | A Globo conhece bem o seu público, mas “finge” que não


(Foto: Divulgação)
“Babilônia” é inicialmente rejeitada pelo público. (Foto: Divulgação)

Ninguém conhece tão bem o público da Globo como a própria emissora. Essa afirmação poderia até ser óbvia, se não fosse pelo fato do canal “fingir” o contrário.

A emissora faz todos os tipos de pesquisas públicas que se possa imaginar, tem a audiência do Ibope como termômetro, e quando o assunto é dramaturgia, ainda conta com um fórum especializado que procura sempre dar carta branca para os autores e diretores de acordo com o gosto da maioria do público. Esse último quesito pode ser afirmado de acordo com informações que surgem de forma pública para a imprensa, mas na prática não é bem assim que vem acontecendo.

Alexandre Nero
Alexandre Nero

O assunto da coluna de hoje gira em torno justamente da dramaturgia da emissora carioca e principalmente da atual novela das nove. Antes de abordar a trama atual, vamos falar sobre a antecessora, “Império”. Em edições anteriores, foi dito aqui que o final da trama com a morte do protagonista (Alexandre Nero), teria sido um grande erro. Apesar de ter entendido a atitude do autor, foi necessário destacar que ele pecou ao tentar escrever para si mesmo, ao invés de fazer isso para o público. Na ocasião, o telespectador que se tornou fiel na reta final da trama, chegou a implorar para que o personagem principal terminasse vivo, mas Aguinaldo Silva peitou o público e assinou o fim trágico do comendador.

“Império” demorou a engrenar, mas engrenou


A TV é feita para o público e praticamente depende dele para existir. Por lá, existe uma regra de que tudo deve ser feito e produzido para agradá-lo, e de acordo com as suas preferências, especialmente na dramaturgia, onde a realidade pode ser alterada com uma simples edição de roteiro que muda o rumo do enredo. No entanto, o caso da morte do protagonista em “Império” contradiz totalmente essa afirmação.

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Nos bastidores, existe uma pesquisa periódica para avaliar a aceitação de personagens e da história perante os telespectadores, e assim alterá-la conforme necessário. No entanto, o caso citado é um de vários que comprovam que a Globo dá uma liberdade até exagerada para seus autores, não os orienta para seguirem a história da maneira que mais beneficiaria a emissora e o público, e levanta a hipótese de que o seu fórum de dramaturgia é pura fachada ou não tem poder suficiente para ao menos questionar as decisões dos seus roteiristas.

Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg
Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg

O que acontece com “Babilônia” chega a ser incompreensível. A maior emissora do país, segunda maior do mundo, com décadas de experiência em teledramaturgia e com as mais diversas pesquisas periódicas já citadas, não pode estrear uma trama que alcance tamanha rejeição e registre índices tão inferiores, ainda mais tendo “Em Família” como lição mais recente, apesar do folhetim de Manoel Carlos ter fracassado por motivos distintos.

A Globo conhece como ninguém o seu público, sabe que os “conservadores” são quase maioria, e mesmo assim dá a liberdade para que os seus autores “pesem a mão”, principalmente nos primeiros capítulos que são os mais importantes para prender o público. Claro que Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga quiseram retratar bem a realidade, mas o fato é que para a faixa, o enredo começou realmente pesado, pelo menos no que diz respeito às cenas de violência e sexo. O beijo gay protagonizado por Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg também é uma realidade atual, mas ainda é um tema polêmico que divide opiniões e não é bem visto pelo público “conservador”, que como já foi citado, é quase maioria. O problema é que a Globo sabe disso, e para evitar esses resultados negativos, poderia muito bem orientar os seus autores para administrar essas cenas de uma maneira mais leve e estratégica, mas ao que parece, não interveio na situação.

Para completar o “desastre”, a emissora ainda ganhou a concorrência de “Carrossel”, e a disputa entre as duas novelas se transformou em uma “trama pesada” que “afronta a família”, contra uma “trama leve para toda a família”, intitulações dadas pelos próprios telespectadores, e que só beneficiou o SBT.

Diante desses fatos, realmente é possível destacar que a Globo conhece bem o seu público, principalmente o dessa faixa de novelas, e sabe que a maioria da sua ala de telespectadores são formadas por donas de casa, senhores, pessoas mais religiosas e até crianças, mas “finge” não ver isso. A emissora tinha ciência de que se “pesasse a mão” para o horário teria consequências, mas preferiu ousar, e as consequências vieram.

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As opiniões aqui retratadas não refletem necessariamente a posição do TV FOCO e são de total responsabilidade de seu idealizador.

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