Acionada judicialmente por uma ex-repórter do canal, a emissora teve o conteúdo de um e-mail interno vazado
Além de enfrentar um processo trabalhista movido por Veruska Donato após 21 anos como contratada, a Globo foi envolvida em uma polêmica sobre as regras supostamente impõem aos seus repórteres.
A repórter apontou que as imposições da emissora carioca foram um dos fatores que a levaram a desenvolver uma síndrome de burnout- distúrbio causado pelo esgotamento profissional.
De acordo com informações obtidas pelo Notícias da TV, Veruska Donato anexou junto ao processo, um e-mail enviado em 2017, assinado por Cristina Piasentini, diretora de Jornalismo da Globo em São Paulo na época, e Ana Escalada, que era chefe de Redação, com regras rígidas sobre as vestimentas das profissionais que aparecem em vídeo.
No documento, as duas profissionais que ocupavam o cargo de chefia do setor de jornalismo em São Paulo orientam as repórteres que aparecem no vídeo que roupas de tecido aderente são consideradas “um perigo”, pois evidenciaram “barriguinhas persistentes”.
O texto do e-mail enviado a todos os jornalistas paulistas da Globo citava o tom mais informal adquirido pelos telejornais da casa nos últimos anos, no entanto, os repórteres não podiam descuidar das regras de vestimenta impostas previamente.
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A preocupação mais evidente era evitar a exposição de um suposto sobrepeso dos funcionários, além de vestimentas que marcariam roupas intimas. No e-mail, foi citado como exemplo a aparição de marcas de sutiã.
“A necessidade de colocar o repórter mais próximo do telespectador fez com que os blazers fossem substituídos por camisas, as unhas pudessem ter alguma cor e saias/vestidos passaram a fazer parte do dia a dia da repórter. Apesar disso, temos visto alguns visuais inadequados, mesmo para os tempos atuais”, diz a parte inicial da mensagem distribuída internamente.
“Tanto malhas quanto pano corrido que tenham fio de elastano na composição representam perigo em potencial para o figurino. A malha que é apertada marca detalhes, que não deveriam ser marcados, como dobras provocadas pelo sutiã, um estômago mais avantajado, barriguinhas persistentes“, ressalta outro trecho do e-mail anexado por Veruska Donato.
GLOBO AINDA NÃO SE PRONUNCIOU SOBRE O CASO
A publicação do NTV ressalta que apesar do conteúdo do e-mail ter sido repassado em 2017, alguns “cuidados” com as roupas das repórteres são aplicados até hoje.
Questionada sobre o assunto pela Veja, a Globo deu a seguinte resposta: “A Globo não comenta ações judiciais em curso. O que pode assegurar é que não existe nenhuma orientação nesse sentido para nossos profissionais”.
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