Após as externas no interior do Rio e em São Paulo, quase todas as gravações de Êta Mundo Bom! concentraram-se na Globo. Essa opção exigiu um trabalho intenso para os cenógrafos José Claudio e Eliane Heringer: criar uma enorme cidade cenográfica da Grande São Paulo. Em uma área de aproximadamente 11.000m² foram reproduzidos o centro da cidade, a área residencial – que abriga duas mansões, a de Anastácia (Eliane Giardini) e a do advogado Araújo (Flávio Tolezani), além da casa de Pancrácio (Marco Nanini) – e os interiores de cenários importantes na trama, como a loja de tecidos de Severo (Tarcísio Filho), a boutique de Emma (Maria Zilda Bethlem), a confeitaria e o restaurante onde alguns personagens se encontram. “Pesquisamos muito a arquitetura de São Paulo dos anos 1940. Usamos diversas referências de prédios e casarões do centro da cidade. São Paulo tem uma grandiosidade que é difícil dimensionar, algo encantador e opressor ao mesmo tempo. Então procuramos imprimir essa escala da cidade, que nos anos 1940, período pós- guerra, com a imigração chegando em massa, tinha uma circulação muito grande de pessoas e muito espaço sendo preenchido” explica o cenógrafo José Claudio.
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Além da Cidade Cenográfica de São Paulo, foi construída na Globo a sede da fazenda Dom Pedro II, onde vive a família de Cunegundes (Elizabeth Savalla) e Quinzinho (Ary Fontoura). A propriedade é retratada nos anos 1920, quando Candinho (Sergio Guizé) é acolhido, e nos anos 1940, após a passagem de tempo. Sem passar por reformas por muitos anos, devido à crise financeira da família, a fazenda foi se deteriorando, o que demandou novos esforços da equipe de cenografia. “Para mostrar essa deterioração, fizemos os telhados empenados, as paredes desgastadas, o reboco caindo um pouco”, conta a cenógrafa Eliane Heringer. O estilo da fazenda é típico do século XIX, com várias janelas iguais, piso em madeira e varandas com gradeado de metal e piso de ladrilho hidráulico. “Na trama, Dom Pedro II esteve na fazenda, então é um lugar que tem história. As fazendas do período do café eram muito horizontais e neoclássicas, nos baseamos nesse conceito”, ressalta Eliane.
O processo de criação do interior das casas e comércios também exigiu bastante tempo de pesquisa para os cenógrafos. “Nos baseamos em fotos de família porque o interior das construções que ainda existem hoje estão muito modificados. Nas casas ricas se usava muito mármore, papel de parede e molduras. Nas casas simples também existiam cuidados com a decoração, mas os espaços eram menores e compartimentados”, descreve José Claudio. Um exemplo desse tipo de decoração é a pensão de Camélia (Ana Lúcia Torre), que tem diversos cômodos pequenos, sala de refeição e costura.
Além das duas cidades cenográficas e dos interiores das casas, a dupla também precisou reproduzir uma estação de rádio da época, já que na trama existe a radionovela “Herança de Ódio”, que muitos personagens acompanham diariamente. “Pensamos na sonoplastia para imaginar os ambientes. Existe um aquário onde ficam os sonoplastas e a parte em que os atores falam em microfones suspensos e de mesa. E temos todos os equipamentos para fazer os sons de relâmpago, de água e de portas abrindo e fechando, por exemplo. São muitos detalhes, mas está tudo bem fiel à época, estamos muito satisfeitos”, enaltecem os cenógrafos.
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