Lauro César Muniz fala sobre sua briga com Tiago Santiago em nova entrevista


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Jéfferson Balbino: Em 2006, você retornou a trabalhar na Rede Record, onde escreveu as brilhantes novelas: “Cidadão Brasileiro” (2006) e “Poder Paralelo” (2009). Que avaliação você faz desses trabalhos e da teledramaturgia da emissora?

Lauro César Muniz: É verdade. Eu fui escalado para escrever uma novela romântica para a Regina que fazia um par encantador com o Cláudio Marzo. CARINHOSO fez enorme sucesso, mas por causa da gravidez de Regina tivemos que antecipar o final. Ela estava grávida da Gabriela e muitos anos depois trabalhei com as duas na minissérie Chiquinha, onde faziam a mesma personagem. O título, usando um chorinho famoso do Pixinguinha, abriu um caminho muitas vezes retomado depois, em que títulos ou versos de músicas famosas batizavam a novela. Outro precedente foi gravar cenas inicias fora do Brasil. Tivemos dois ou três capítulos da história em Nova York.

Lauro César Muniz: CIDADÃO BRASILEIRO foi uma novela extremamente difícil, atravessando 23 anos da vida de um homem, de 1955 até 1978, com epílogo em 2006. Tinha uma estrutura semelhante à Escalada e Chiquinha Gonzaga: a ação distendida no tempo, em várias fases. Um grande desafio para uma emissora que estava implantando a teledramaturgia. Havia uma ótima cidade cenográfica, na primeira fase. Era possível estender a história com muitas ações em locações (gravações em exteriores). Já na segunda fase havia uma grande dificuldade para recriar a cidade de São Paulo do final da décadas de 50 e nas décadas de 1960 e 1970. Se feita hoje, no RecNov, com os recursos de computação gráfica (que não tínhamos em São Paulo) teria sido possível ampliar os espaços da segunda fase da novela. No RecNov há todos os recursos que nos faltaram em São Paulo: estúdios muito espaçosos, parque de iluminação fantástico, computação gráfica, perfeita interação entre a direção geral de teledramaturgia e a produção nos estúdios, etc… Mas talvez o maior problema foi a dança dos horário: a novela estreou às 20:15 horas e inicialmente oscilou entre este horário e as 21 horas, sem nunca se fixar. Depois houve o horário eleitoral obrigatório e a novela passou a ser exibida às 21:15. Veio o segundo turno e a dança de horários continuou. A partir daí nunca mais se fixou em um horário. No final foi para às 22:00 horas, horário que eu sempre defendi. Mas Cidadão Brasileiro já estava terminando: apenas 26 capítulos foram exibidos neste horário. Ficou claro que a dança dos horários, desnorteou os telespectadores que tiveram de perseguir a novela, sem a divulgação adequada para tantas alterações. Houve uma coisa muito positiva: ninguém interferiu na minha criação.
O tema de Poder Paralelo nasceu de uma leitura de um livro do Sílvio Lancellotti, há quase 20 anos atrás. O livro “Honra ou Vendetta” (L&PM) trazia um dado interessante: a relação entre a máfia Siciliana e o Brasil, mais especificamente São Paulo. Achei que o romance daria uma minissérie. Eu era contratado da TV Globo e apresentei o projeto. Como não houve interesse nem em comprar os direitos do livro, fiquei com o tema na memória. No ano de 2008 apresentei o projeto à TV Record para uma telenovela, alertando que seria necessário fazer uma ampliação, pois o livro tinha apenas cinco personagens femininas e desviava-se em muitos momentos da linha ficcional para descrever personagens históricos das organizações criminosas. Além disso, a ação se passava na década de 80 e eu pretendia fazer uma novela atual. Estudei, então, a fusão da linha central básica do livro, com uma história de minha autoria que complementava o livro, com muitas ações novas, várias personagens femininas, atendendo à extensão de uma telenovela. Pesquisei bastante, li muitos sites e livros sobre a ação da Máfia italiana e suas ligações com o Brasil. Eu precisava fugir aos estereótipos do gênero e trazer a máfia para a atualidade. Descobri que hoje, ao contrário dos tempos passados, a máfia tem grande participação no narcotráfico e ligações com os poderosos financistas e o poder público. São organizações criminosas, bem estruturadas, transnacionais. Um livro me iluminou os caminhos da atualidade: Na Linha de Frente de Wálter Fanganiello Maierovitch (Ed. Michael). Devo citar também livros como: McMafia de Misha Glenny (Companhia das Letras) e Gomorra de Roberto Saviano (Bertrand Brasil), polêmico e que gerou uma terrível ameaça da Camorra ao autor. O filme, embora premiado em Cannes não me agrada. Escrever novelas como Escalada, O Casarão, Espelho Mágico, O Salvador da Pátria, Chiquinha Gonzaga ou Cidadão Brasileiro foi um passeio lírico e prazeroso. Escrever Poder Paralelo, ao contrário, foi uma caminhada difícil, sofrida, que me obrigou a entrar sempre em contato com o que há de mais sujo e triste na nossa realidade social. Estava na hora de enfrentar esse espinho, buscar entender e discutir com o público a estrutura que está corrompendo o nosso país. A novela cumpriu seu objetivo plenamente.

Jéfferson Balbino: Os atores: Gabriel Braga Nunes e Petrônio Gontijo que trabalharam com você na novela “Poder Paralelo” não renovaram seus contratos com a Record e optaram por voltar pra Globo. Qual sua opinião sobre a atitude deles?
Lauro César Muniz: Ao Gabriel foram oferecidas todas as oportunidades para permanecer na TV Record, mas ele, por uma questão de projeto pessoal, preferiu ser um ator contratado por obra certa. Agora ele vai fazer AS CARIOCAS, na TV Globo, sem vínculo permanente com a emissora e espero voltar a trabalhar com ele em minha próxima novela, em 2011… Quanto ao Petrônio, um grande ator, só tenho a lamentar.

Jéfferson Balbino: E quando teremos o privilegio de assistir mais uma trama sua na tela da Record?
Lauro César Muniz: Devo estrear uma novela em 2011, segundo semestre, depois da novela da Christiane Fridman. Estou buscando um tema que seja fascinante para o próximo ano… Tenho alguns plots pensados.

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Jéfferson Balbino: Como é sua relação com os outros autores de novelas que temos aqui no Brasil?
Lauro César Muniz: Eu me dou muito bem com todos os autores de novelas do país. Sua pergunta tem a malícia do bom repórter: refere-se ao meu conflito com o Tiago Santiago que, como assessor de dramaturgia da TV Record criou obstáculos aos meus projetos de novela: uma supervisão de uma novela de Dora Castellar e minha sinopse de Poder Paralelo. Alegava ele que uma novela deveria ter obrigatoriamente ingredientes que ele não encontrava em minhas propostas: claro antagonismo do bem contra o mal. O personagem Tony Castellamare de PODER PARALELO sintetiza essa contradição: transita ao mesmo tempo entre o bem e o mal, oscila entre o herói e o bandido.

Jéfferson Balbino: Pra finalizarmos, nossa tradicional pergunta: Qual foi a melhor novela que você assistiu?

Lauro César Muniz: Beto Rockfeller, de Bráulio Pedroso.

Jéfferson Balbino: Você chegou a trabalhar com o autor Gilberto Braga na autoria da novela “Corrida do Ouro” (Rede Globo/1974). Que lembranças têm desse trabalho?
Lauro César Muniz: Antes de assumir ESCALADA, a novela das oito, implantei uma nova novela das sete, CORRIDA DO OURO, com o Gilberto Braga. Acreditei, achei que aquele garoto, que tinha escrito um caso especial baseado na DAMA DAS CAMÉLIAS, tinha futuro. A partir da minha saída de CORRIDA DO OURO, Janete, que escrevia uma novela, ainda encontrava tempo para supervisionar o Gilberto. E CORRIDA DO OURO foi bem.

Jéfferson Balbino: Lauro, muito obrigado por ter participado dessa entrevista. Pra mim foi um prazer imenso ter tido a chance de te entrevistar, afinal você é um dos melhores escritores do Brasil, e tem uma imensa contribuição na teledramaturgia brasileira, você é referencia pra todos que almejam seguir essa fascinante carreira. Obrigado e muito sucesso em sua carreira. Grande Abraço!
Lauro César Muniz: Abraços Jéfferson.

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