Panorama da Televisão

Emissora vem perdendo audiência — “o SBT acomodou-se.”

Foi-se o tempo em que a TV aberta revelava novas estrelas, fazia bons programas e sabia reinventar-se ou até fazer do mesmo, mas com tanta força, garra e vontade que o trabalho parecia original.

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Durante a semana, as emissoras nos apresentam grades extremamente instáveis. Há alguns anos isso seria bom, pois a audiência estaria dissipada, mas não é esse o cenário atual. Percebemos claramente que há competição de mídias, e o panorama mudou completamente em 10 anos.

A rede Globo rendeu-se a um parâmetro americano de fazer seriados, com um humor que muitas vezes beira ao bullying, pois difere-se da nossa realidade, e não há identificação alguma com o público. O Jornalismo foi privilegiado pela bobagem que Silvio Santos cometeu ao desintegrar seu jornalismo, o qual detinha fortes nomes como Juliana Morrone e Zileide Silva, que migraram para outros canais por conta da instabilidade profissional à qual estavam expostas. Suas novelas encantaram o Brasil devido à maneira singular de produzir teledramaturgias, herdada da antiga TV Record, TV Tupi e TV Excelsior, as quais foram inspirações da Globo.

A emissora global tinha como contratado o grande gênio Boni, que foi quem criou o padrão, pois não havia organização nos bastidores globais. Se colocaram “Além do Horizonte” no ar, é lógico prever que novelas com enredos ainda mais confusos vêm por aí…

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A rede Record, que brigava pelo terceiro/quarto lugar, sempre com o nariz “empinado”, passou a ter “lapsos” de audiência e viu que poderia investir em jornalismo, por isso contratou, descontratou, fez novelas, confundiu telespectadores ao copiar cenários e caracteres de outras emissoras e realmente atrapalhou até ficar na média publicitária em São Paulo para tentar ganhar mais investimentos do mercado publicitário, o que foi em vão, já que o IURD é o grande patrocinador de tudo, e não há credibilidade.

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Hoje, a Record sofre com suas novelas, já que as quer fazer iguais às novelas da Globo, e essa atitude gera uma identidade copiada. A emissora investiu em séries bíblicas e obteve sucesso, pois foi aprovada não somente pela qualidade, mas também pela inovação. Fizeram muito bem ao escolher esse tema, pois deram oportunidade aos atores de menos prestígio de mostrarem seu potencial. Os temas devem ser apresentados, todavia, de forma intercalada, pois há outros temas passíveis de serem abordados através da “identidade Record”.

Já o SBT acomodou-se. Ficou durante anos brigando com a Manchete e a Globo e, em 1999, a “pedra no sapato” do SBT, a Manchete, faliu de vez. Silvio perdeu estrelas de seu time e não as repôs, nem mesmo valorizou os que tinha. Brincou com o telespectador ao “dançar” com os horários exageradamente e perdeu, em 2008, a vice-liderança, e, consequentemente, desacreditou seu trabalho. Reprisar um programa como “Xaveco”, que foi gravado há anos, querendo que o público se mantenha no canal, não é sinal de bom senso, visto que, nesse caso, a melhor opção para o dia e horário, claramente são os filmes antigos que eram apresentados pela Record.

Reprisar uma ou duas novelas é aceitável, mas quatro teledramaturgias seguidas cansa. Sua “rival” tem o mesmo vício, pois apresenta, aos domingos, paráfrases dos programas semanais. Excetuando-se o “Fala Brasil” e o “Hoje em Dia”, todos os outros programas baseiam-se em notícias sangrentas e comentários bizarramente desagradáveis para elevar sua audiência, e até conseguem esse feito, mas por quanto tempo? Ah, não sabemos…

A Band tinha identidade esportiva e programas bons. Cortar investimentos não atrai novos investimentos, há, simplesmente, um corte de gastos. A Band desiste da guerra facilmente, sempre foi assim. Lança talentos, como apresentadores, mas não dá valor ao trabalho que faz.

Da RedeTV! nem se pode contar muito, visto que vende sua programação, ou seja, deveria estar disponível somente na parabólica e ceder espaço para a TV Gazeta, a qual apresenta conteúdo de melhor qualidade.

Como serão as coisas dentro de um certo tempo?

Bem, a Globo está perdendo a qualidade, está somente mostrando conceitos. A TV Record quer chegar à liderança e é possível que consiga, visto que tudo é tão efêmero, não me atrevo a duvidar de nada.

O SBT insiste em não colocar em prática o que sabe fazer de melhor: programas de auditório. A emissora de Silvio, inclusive, tem seu público para melodramas, exemplificados nas novelas mexicanas, mas que são apresentadas em horários errados, e por isso jamais conseguirão bons resultados. “Maria do Bairro”, “Marimar”, “A Usurpadora” e “Chaves” não vão salvar as tardes. É de suma importância levar em conta que assistir sempre à mesma programação enjoa o telespectador. Reprises imediatas funcionaram anteriormente no canal, mas em uma época em que não se podia assistir à programas na internet a qualquer hora ou comprar DVDs nas lojas.

Será que o diretor de TV faz análises de conjunturas, analisa os fatos, assiste aos seus próprios telejornais? É custoso adequar-se de verdade, pois o sensacionalismo vai sempre existir. Os “barracos” nas novelas e as polêmicas fazem parte do nosso povo, todos adoram discussão e debate e, mesmo que o assunto seja desconhecido, eles defendem.

Não vejo linha duradora para muitos comunicadores que hoje estão no ar. Vejo a Globo recuar e voltar às suas clássicas novelas sensuais, o SBT estagnado, e a Record correr como “uma barata tonta” tentando nos confundir e iludir. Isso acontece por causa do mestre Edir Macedo, que sabe como confundir-nos, pois tem isso como sua maior estratégia de enriquecimento, a qual passou a ser regra geral na emissora.

Enfim, será que essa crise existencial da TV aberta irá acabar? Bem, como filosofar é não ter certeza, quem sabe…