Walcyr Carrasco explica trama de Grazi em novela e conta por que repete atores


Walcyr Carrasco (Foto: Globo/Cesar Alves)
Walcyr Carrasco no lançamento de O Outro Lado do Paraíso (Foto: Globo/Cesar Alves)
Walcyr Carrasco no lançamento de O Outro Lado do Paraíso
(Foto: Globo/Cesar Alves)

Autor de O Outro Lado do Paraíso, nova novela das nove da Globo, Walcyr Carrasco falou sobre a trama, fez revelações sobre personagens femininas e explicou a escalação do elenco.

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Carrasco contou que a vilã Lívia (Grazi Massafera) vai retratar um drama. “Ela é um pouco ‘fora da casinha’, cujo sonho é ter um filho, mas ela não pode engravidar. Ela se torna uma vilã, porque quer ser mãe”, diz o autor, que também falou sobre escalação do elenco, que acaba tendo repetição de alguns nomes: “alguns atores que funcionaram demais. Tem também aquelas pessoas de quem eu sou fã”.

Em seu terceiro trabalho com Carrasco, o diretor Mauro Mendonça Filho também falou sobre o folhetim, que definiu como “uma história intensa, trágica, forte, com romantismo e muito sentimental”. Confira a seguir.

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Dentro das temáticas que a novela vai tratar há violência contra a mulher, a homofobia, o racismo, entre outros. Por que você resolveu abordar esses temas?
Walcyr Carrasco: São temas modernos e importantes. O primeiro assunto fundamental é a violência contra a mulher. Um número imenso de mulheres sofre hoje, em seus lares e fora de casa também. É uma forma de alertar e mostrar para elas que podem ir adiante e enfrentar a situação. A homofobia, no caso, é daquela pessoa que tem ódio de si mesma por ser gay. A história fala que existem gays que ainda hoje sentem vergonha desta condição e acabam vivendo uma mentira. Quando abordo o racismo, é um tema que precisa ser sempre lembrado. É necessário mostrar que o racismo é um crime e assim por diante. Vamos tratar de muitos outros assuntos.

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A história conta a saga da heroína Clara e apresenta outras personagens femininas muito fortes. Quais as características de cada uma delas?
Walcyr Carrasco: Clara é uma grande heroína. É uma moça simples, que sofre violência dentro de casa. A mulher não deve aceitar a violência, mas muitas vezes aceita porque tem medo, porque não sabe lidar. Ela descobre que pode enfrentar e dar o troco. A novela fala também da lei do retorno: tudo o que a gente faz, volta pra gente. A figura feminina em O Outro Lado do Paraíso é muito forte. Além da Clara, temos a Raquel (Erika Januza), uma negra que veio do quilombo, sofre racismo, mas consegue estudar e conquista uma posição de poder. Temos Mercedes (Fernanda Montenegro), que não é exatamente uma vidente, mas ouve vozes e vive em função daquilo, porque prevê que o fim do mundo está chegando. Uma outra personagem fortíssima é a Elizabeth (Glória Pires), uma mulher que sofre no lar por ser de outra classe social. Ela acaba dando uma reviravolta. Uma mulher que vai reconstruindo sua vida. Ela cai fundo e depois consegue se reerguer. Temos a grande vilã, Sophia (Marieta Severo), que para ter o que ela quer, que são as esmeraldas, fará de tudo. Há ainda Lívia (Grazi Massafera), que é um pouco “fora da casinha”, cujo sonho é ter um filho, mas ela não pode engravidar. Ela se torna uma vilã, porque quer ser mãe. O filho muitas vezes dá um sentido para a mulher e essa personagem vai retratar isso.

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Você fez uma viagem de férias ao Jalapão no ano passado. Foi daí que surgiu a ideia de ambientar a história na região? O que mais chamou a sua atenção e porque resolveu ambientar a novela por lá?
Walcyr Carrasco: No ano passado, fui entregar um prêmio do MEC (Ministério da Educação) a educadoras que se destacaram por projetos culturais. Uma delas havia criado uma biblioteca em um quilombo, no Jalapão, e me contou que aprendeu a ler com um livro de minha autoria. Criamos uma relação forte, e ela me convidou para conhecer o quilombo. Fui estudar sobre o Jalapão, visitar o quilombo e aí comecei a me encantar por essa região extraordinária. Esse foi o motivo da viagem, mas durante todo o tempo a ideia da novela foi surgindo e amadurecendo.

O Outro Lado do Paraíso é mais uma parceria com Mauro Mendonça Filho com quem você trabalhou em Gabriela (2012), Amor à Vida (2013) e Verdades Secretas (2015). Qual a sua expectativa para este trabalho?
Walcyr Carrasco: Cada trabalho é único. Eu não construo expectativas maiores ou menores. Apenas me entrego, assim como acredito que o Maurinho, sua equipe e o elenco se entregam. Nós amamos criar juntos e o trabalho vai surgindo a partir desta troca de ideias.

Para esta novela temos alguns atores vindos de Verdades Secretas, Êta Mundo Bom e outros veteranos com os quais você trabalha pela primeira vez. Como foi a escalação para a novela?
Walcyr Carrasco: Foi maravilhoso saber que atores com quem amo trabalhar e outros que já admirava estavam dispostos a se unirem a nós para contar uma nova história. A escalação é sempre um processo complicado, trabalhoso. A gente fica pensando sobre quem é a pessoa certa para cada personagem. Em Êta Mundo Bom, eu tinha alguns atores que funcionaram demais e que eu não queria perder, como o Sergio Guizé, Bianca Bin, além da Eliane Giardini. Enfim, os atores que eu tenho admiração pelo trabalho, que deram certo. Agora, eu também sou fã. Tem também aquelas pessoas de quem eu sou fã há muito tempo como Fernanda Montenegro, Gloria Pires. Marieta, que trabalhou em Verdades Secretas, está comigo novamente. E tem os que chegam agora e que estão tendo a primeira oportunidade. Aí junta tudo isso num caldeirão de talentos e temos O Outro Lado do Paraíso.

Em suas obras, você também costuma abordar temas e levantar questões sociais através de alguns personagens. Em O Outro Lado do Paraíso temos a Estela, uma anã com um perfil que foge do estereótipo cômico. Como surgiu a ideia de ter uma anã na história?
Walcyr Carrasco: Nas minhas novelas, em geral, eu trato de assuntos que não estão na ordem do dia. Em ‘Amor à Vida’ eu falei do autismo; já falei do menino paraplégico, em ‘Êta Mundo Bom!’. Agora tenho uma personagem anã. Eu vou contar porque eu tenho essa personagem: quando eu era criança, conheci uma família que era muito amiga dos meus pais e a sobrinha deles era anã, numa família de pessoas de estatura comum. E essa menina anã cresceu, casou-se duas vezes – uma vez com anão, outra vez, não. Resolvi, então, colocar uma personagem anã na novela como a Estela, mas não é para rir. É para mostrar os sentimentos dela, a dificuldade dela até para ir a um restaurante. Porque eles chegam a um restaurante e às vezes não conseguem nem usar o toillete. O mundo não está preparado para integrar essas pessoas. É isso o que eu quero mostrar.

O que o público pode esperar de O Outro Lado do Paraíso?
Walcyr Carrasco: O público pode esperar emoção, sentimento, humor e no meio disso uma reflexão sobre o mundo moderno. Mas, acima de tudo, e como eu sou uma pessoa que acredito em alguma coisa além desse mundo, na lei do retorno. O que a gente faz aqui volta pelo bem ou pelo mal. E esse é o grande tema de ‘O Outro Lado do Paraíso’. Podem ter a certeza da minha entrega total, única e emocional ao escrever essa história.

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Entrevista com o diretor artístico, Mauro Mendonça Filho

André Felipe Binder, Mauro Mendonça Filho, Walcyr Carrasco, Sergio Guizé e Rafael Cardoso (Foto: Globo/João Miguel)
André Felipe Binder, Mauro Mendonça Filho, Walcyr Carrasco, Sergio Guizé e Rafael Cardoso
(Foto: Globo/João Miguel)

Mauro Mendonça Filho estreou na direção em 1990 com a minissérie A.E.I.O. Urca, de Doc Comparato e Carlos Manga. Antes disso, exerceu diversas funções como editor de vídeo, assistente de direção, entre outros. Há 33 anos na Globo, Mauro Mendonça Filho tem formação em comunicação, cinema, artes dramáticas e direção de teatro. Dirigiu Dona Flor e Seus Dois Maridos, Gabriela, O Astro, Dupla Identidade, Amor à Vida e a série Vade Retro, entre outros. Por Verdades Secretas e O Astro recebeu o prêmio Emmy Internacional nas edições de 2016 e 2012, respectivamente. É o único diretor de tevê no Brasil que conquistou duas vezes a estatueta. O Outro Lado do Paraíso é o terceiro trabalho em parceria com Walcyr Carrasco.

Pela primeira vez, teremos uma novela ambientada no Tocantins e no Jalapão. Quais são os grandes desafios de gravar nesta região?
É um sertão diferente. Uma região bem árida e, ao mesmo tempo, com cachoeiras, rios e fervedouros com 40m de profundidade. É a natureza em estado puro. Um local incrível que foi mar há milhões de anos e mantém a areia branca e dunas no meio do Brasil. É quase surreal, um deslumbre de beleza. Um sol com temperatura média de 43ºC e grandes cânions. Acho que o grande desafio é conseguir captar toda a beleza do local, da natureza. Além disso, mostrar os quilombos e a colheita do capim dourado, que no mundo só é encontrado naquela região do Jalapão, e colocar isso também junto com os outros dois núcleos urbanos da história, que são Palmas e Rio de Janeiro.

Como é retomar a parceria com o Walcyr depois de trabalhos como ‘Gabriela’, ‘Amor à Vida’ e ‘Verdades Secretas’, que conquistou o Emmy no ano passado?
A gente tem uma cumplicidade forte, grande, honesta e solidária. O Walcyr é um grande criador de personagens e eu tento, o máximo possível, engrandecer essas atmosferas. Sou um defensor da dramaturgia dele. É um autor popular, consagrado, um dos mais importantes da dramaturgia.

Como foi o processo de escalação do elenco para a novela?
A tentativa é sempre ter a melhor figura para cada personagem, visando talento, adequação e tom. Dessa vez conseguimos juntar um time maravilhoso de atores muito consagrados como Fernanda Montenegro, Lima Duarte, Laura Cardoso, Marieta Severo… Mas temos também estreantes em novelas como a Juliana Caldas e outros atores incríveis com os quais trabalho pela primeira vez como a Bianca Bin, Sergio Guizé e Rafael Cardoso, Emilio de Melo e Eriberto Leão.

Como você define O Outro Lado do Paraíso?
É uma história intensa, trágica, forte, com romantismo e muito sentimental. Essa fantasia traz elementos da vida atual brasileira que tornam a trama muito atual, principalmente no que diz respeito às questões relacionadas às mulheres. É uma novela que tem o foco na mulher.

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Formado em jornalismo, foi um dos principais jornalistas do TV Foco, no qual permaneci por longos anos cobrindo celebridades, TV, análises e tudo que rola no mundo da TV. Amo me apaixonar e acompanhar tudo que rola dentro e fora da telinha e levar ao público tudo em detalhes com bastante credibilidade e forte apuração jornalística.