Autora da 1ª Malhação volta à novela em Vidas Brasileiras e traz racismo, assédio e intolerância religiosa


Gabriela (Camila Morgado) e Rafael (Carmo Dalla Vecchia) em Malhação: Vidas Brasileiras (Foto: Globo/Raquel Cunha)
Gabriela (Camila Morgado) e Rafael (Carmo Dalla Vecchia) em Malhação: Vidas Brasileiras (Foto: Globo/Raquel Cunha)
Gabriela (Camila Morgado) e Rafael (Carmo Dalla Vecchia) em Malhação: Vidas Brasileiras
(Foto: Globo/Raquel Cunha)

A busca pela identidade, a aceitação pelo outro e a necessidade de mascarar comportamentos e emoções e criar uma outra realidade para ser aceito na sociedade. Essas são algumas características comuns aos jovens de uma geração sedenta por ser tudo ao mesmo tempo e que absorve uma enxurrada de informações a cada minuto que será retratada em Malhação: Vidas Brasileiras, que estreia nesta quarta-feira, dia 07 de março.

Escrita por Patrícia Moretzsohn, com supervisão de Daniel Ortiz e direção artística de Natália Grimberg, a novela teen vai mergulhar na vida de cada um dos 17 alunos do primeiro ano do ensino médio da Escola Sapiência para tratar de questões como drogas, machismo, desemprego, idealização do corpo, racismo, assédio, intolerância religiosa, maternidade precoce, entre outros assuntos.

“O jovem é muito mais abrangente hoje em dia. Ele é conectado, tem mais conhecimento, não quer ser uma coisa só. Na minha época ficávamos no “íntimo” escrevendo na agenda e hoje o jovem coloca tudo na rede social. Lá é como ele quer que os outros o vejam, mas de fato não é como ele é. Na nossa história vamos falar muito como ele se vê, como os outros o veem e como ele verdadeiramente é. A nossa busca é essa”, define Natalia Grimberg, que estreia como diretora-artística.

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Atores jovens da nova Malhação na cidade cenográfica da novela (Foto: Globo/Marília Cabral)
Atores jovens da nova Malhação na cidade cenográfica da novela
(Foto: Globo/Marília Cabral)

Entrevista com a autora Patrícia Moretzsohn

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Patrícia participou da Oficina de Atores da Globo em 1994. Formada em Letras, com mestrado em Literatura Brasileira, assinou em 1995, aos 19 anos, a primeira temporada de Malhação ao lado de Charles Peixoto, Andrea Maltarolli e Emanuel Jacobina. A temporada teve supervisão de Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares. Colaborou então nas temporadas de Malhação até 2000, e, mais tarde, integrou a equipe da mãe, Ana Maria Moretzsohn, na novela Estrela-Guia (2001). Depois de uma passagem pela TV Bandeirantes, na qual assinou a adaptação das duas temporadas de Floribella – de 1994 a 1996 – voltou à TV Globo para assinar, como autora-titular, as temporadas de 2008 e 2009 de Malhação. Foi colaboradora nas novelas Fina Estampa (2011) e Tempos Modernos (2010) e retornou à Malhação em 2013 – assinando desta vez ao lado da mãe, Ana Maria. Depois de colaborar em Haja Coração (2016), retorna agora ao programa no qual estreou como roteirista 23 anos atrás, e assina a autoria da temporada Vidas Brasileiras com a supervisão de Daniel Ortiz.

Natalia Grimberg e Patricia Moretzsohn (Foto: Globo/Raquel Cunha)
A diretora Natalia Grimberg e a autora Patricia Moretzsohn
(Foto: Globo/Raquel Cunha)

O que essa nova temporada terá de diferente? Como serão contadas as histórias?
Temos uma produção pensada para irmos fundo no universo de cada um dos alunos da escola. Eles ganham um protagonismo muito grande a cada duas semanas. Além disso, têm as histórias com arcos maiores. O primeiro aluno que a gente vai conhecer mais a fundo é o Felipe Kavaco. Vamos falar de uma história universal, o vício. Nossa Malhação fala de vidas brasileiras e por isso abordaremos temas presentes no nosso dia a dia, sempre propondo uma discussão mostrando os dois lados da história. As pessoas vão entender que por trás de cada um desses temas existe um ser humano.

Qual o conceito da nova temporada?
Começamos a raciocinar em cima de como a pessoa se vê, como ela é vista e como ela quer ser vista pelos outros. A Gabriela entra na nossa história como aquela que vê além. Ela vai observar o aluno e enxergar os sinais para então mostrar o que está por trás de determinado comportamento. Muitas vezes nem o aluno percebe o problema pelo qual está passando. A partir do olhar dela o público é convidado a entrar na vida pessoal desse aluno. É um projeto muito ousado, diferente de tudo o que já fizemos.

Como essa malhação vai abordar a importância da educação?
Trabalhamos muito próximos da área de Responsabilidade Social da Globo. Através dessa parceria entramos em contato com jovens e educadores que têm o que falar sobre os assuntos. Vimos a luta de cada um deles. É nesse sentido que surge essa professora que a gente achava que era idealizada, mas nas palestras vimos que existem. São pessoas que acordam todos os dias e pensam na missão que têm de educar e formar seres humanos completos. A gente traz esse personagem como um desejo. Se cada um pensar em como pode fazer a diferença e ajudar, talvez a gente consiga transformar o mundo.

O jovem é muito diferente do de 30 anos atrás. Você estava lá na primeira Malhação, em 1995. Como vê essa mudança?
Adoro fazer Malhação. Ganhei 23 anos de adolescência extra. Você convive com essa energia e precisa continuar conectado, entender como esse jovem está pensando. Imagina o jovem que a gente retratou em uma academia em 1995? Agora cada jovem está preocupado com uma causa. Essa é a grande mudança.

Qual a sua relação com o bairro de Botafogo, onde a trama é ambientada?
Sou do Rio de Janeiro. Acho Botafogo interessante porque não lembro de ter marcado geograficamente um lugar que seria tanto o coração do Rio e um microcosmo como ele é. Conecta vários bairros. As pessoas brincam que é “Botasoho” porque tem muitos bares, uma vida noturna acontecendo. É bastante alternativo. Vemos aquela beleza de cartão postal, além de prédios bonitos em mau estado de conservação. Botafogo nesse momento fala muito sobre o que o Rio está vivendo. Queremos falar dessa cidade, que a gente ama tanto, é um lindo cartão postal, mas quando vai chegando perto vê que tem problemas também.

O que o público pode esperar?
Quero que se envolva como estamos envolvidos. Cada etapa do processo está emocionante. O elenco e cada um dos personagens foram escolhidos a dedo. Fizemos tudo de forma integrada, que dialoga com elenco, direção, Responsabilidade Social, todas as áreas. Os atores vão levar essa emoção para o ar. Se o público sentir como a gente, que o nosso trabalho tem muita verdade, vai perceber que estamos fazendo com o coração. Vai conseguir se conectar com a humanidade que estamos trazendo.

Entrevista com a diretora Natalia Grimberg

Natalia entrou na Globo aos 19 anos. Era um jovem e “cria da casa” como ela mesma se intitula. Dá aula de teatro desde os 16 anos e escreve peças. Em 2002, o seu primeiro trabalho como assistente de direção em dramaturgia foi em Malhação e 16 anos depois ela assume a direção artística do mesmo produto. Ao longo de sua trajetória, trabalhou com Roberto Talma, Carlos Manga, Denise Saraceni e assinou seu primeiro trabalho como diretora em Belíssima (2007). Depois vieram Eterna Magia (2007), Ciranda de Pedra (2008), Queridos Amigos (2008), Tudo Novo de Novo (2009), Passione (2010), Cordel Encantado (2011), Cheia de Charme (2012) e Saramandaia (2013). Já em Geração Brasil (2014), assinou pela primeira vez como diretora-geral. Fez ainda Verdades Secretas (2015) e A Lei do Amor (2017). Também foi autora na Globo por três anos e ainda escreveu o filme Simão, o Fantasma Trapalhão (1998). Agora, junto com a estreia da nova temporada, completa 20 anos na Globo.

Como será a sua direção?
Busco fugir de qualquer estereótipo. Quero mostrar naturalidade, verdade, o íntimo, o privado. Hoje o jovem é plural. Busco captar isso. Temos dois triângulos fortes de jovens. As pessoas vão se identificar com o que estão assistindo e verão que eles são seres humanos com coragem, fragilidade e muitas facetas.

Como é dirigir tantos estreantes?
É o maior desafio de todos. Estive todos os dias na oficina e fiz questão que a Patrícia estivesse junto para tomarmos as decisões. Já não parto do zero para dirigir esses jovens. Consigo perceber se tem alguém triste ou com outro tipo de problema. Fizemos uma dinâmica juntos e foi o máximo, bem forte. Isso só agrega e passa confiança. Dirigir é a parte que mais gosto, é minha paixão. O ator precisa ter um olho vibrante, que puxe o espectador. Para mim ele é sagrado, é o elemento central.

Como foi a escolha do elenco?
Ouvimos quase 600 jovens do Brasil todo. Eu olhava e pensava: “Mora alguém aí dentro desse olho?”. A partir disso, fizemos oficinas e na sequência as seleções. Muitos personagens foram mudando conforme conhecíamos os atores. Interessava mais a essência do que o que ele fazia. Nada do que é do estereótipo nos interessa mais. Os atores usam seus próprios talentos. Quem toca, toca; quem canta, canta; e quem é de outras cidades vai se apresentar dessa forma na trama.

De que forma os conflitos familiares serão tratados na trama?
Serão tratados com intimidade, com um olhar muito próximo e afetuoso. Vamos falar de como o personagem consegue ser diferente em cada lugar. Não existe vilão nem mocinho. Existem seres humanos que agem de formas diferentes dependendo do ambiente. Porque a vida é assim de fato.

De que forma os mundos da escola Sapiência e dos alunos da ONG Percurso serão retratados?
A junção dos alunos da Sapiência com os jovens da ONG é vital para a nossa história. Não queremos falar de um universo particular de quem tem grana ou de um jovem que passa necessidade. Vamos fazer o encontro dessas pessoas que no fundo são semelhantes, passam pelas mesmas questões, claro, cada um com seu questionamento e aprofundamento diferentes. Vamos mostrar a diversidade.

É sua estreia como diretora artística. O que representa esse momento para você?
Malhação foi o primeiro programa, em dramaturgia, que fiz como assistente de direção, em 2002. Voltar é como se fechasse o ciclo. É instigante e motivador poder retratar esse universo do jovem que eu amo. Comecei como autora, assistente de direção, fiz novela das seis, sete, nove, onze e agora venho como diretora artística em Malhação. É um recomeço cheio de força. Acho que entendo um pouquinho e busco conhecer esse universo. Com certeza aprendo muito. Estou com uma equipe muito parceira que está muito a fim de fazer. Normalmente, o resultado do trabalho é muito melhor do que imaginei. Me emociona estar com a equipe certa.

O que podemos esperar da trilha sonora?
O produtor musical Sasha Amback é inovador, acompanha o conceito dos jovens. Vamos do funk para o clássico e para o instrumental incidental com uma batida diferenciada. Haverá uma sonoridade bem particular, o que dará uma personalidade. Teremos muitas músicas autorais.

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Formado em jornalismo, foi um dos principais jornalistas do TV Foco, no qual permaneci por longos anos cobrindo celebridades, TV, análises e tudo que rola no mundo da TV. Amo me apaixonar e acompanhar tudo que rola dentro e fora da telinha e levar ao público tudo em detalhes com bastante credibilidade e forte apuração jornalística.